Quem
poderá nos socorrer?
por maneco nascimento
Teresina
tem registrado um novo dado, dentro do estado de insegurança coletiva. Os
furtos, de obras de arte, abrem um precedente que ainda não assentou a ficha
que começa a cair à práxis de, talvez, abertura de mercado peculiar à sobrevivência
a qualquer turno.
Se já não
se pode + ter qualquer segurança em casa, no deslocamento ao trabalho, na rua,
no estacionamento, no percurso à volta ao descanso diário e, se se convive com
cotidianos enjaulados para lares, pequenos comércios e a qualquer momento se
pode ter surrupiado os bens móveis, adquiridos com muito esforço, o que ainda poderá acontecer?
A cada
momento se convive com o sobressalto de sofrer uma violência de assalto, roubos
e furtos, seja no ponto de ônibus, ou outro democrático espaço, em que duplas
armadas e motorizadas apontem uma arma de fogo e levem o brilho de novas
tecnologias móveis, ou o suado retorno do trabalho do cidadão/cidadã que rala a
cada dia.
E para violações
de caráter artístico, o gatuno, de insuspeito gosto cultural, sorrateiramente, invade
propriedades e detém para si objetos e obras valiosas de patrimônio público, ou
particular. Tudo pesa à impotência dominante da sociedade, neste inseguro mundo que cerca
a cada um, em qualquer lugar desse país de macunaimices e outras espertezas
contumazes.
Por aqui,
o tititi é sobre a prática de furto que começa a ganhar marca no
noticiário. Obras de arte desaparecidas do acervo da Casa da Cultura de Teresina, e
de residência de artista plástico, trazem uma referência comum, detêm assinatura do grande Nonato Oliveira.
Caso vire
prática, que ainda não se sabe se para mercado negro, colecionador audacioso,
ou bandidinho criando espécie, talvez novo futuro se instale na cidade, o do
comércio de peças de arte surrupiadas.
Considerando
que os aparelhos públicos (Casa da Cultura, Museu do Piauí, Museu de Arte
Sacra, entre outros) que acervam obras de arte, estejam contidos em ambientes com
pequena, ou sem qualquer segurança apropriada, o sumiço de objetos artísticos será
peixe em água rasa. E, se mesmo em lugares + protegidos, outros roubos
consideráveis foram praticados, que dirá por estas glebas deficientes.
(Nonato em ação/foto Catarina Costa - G1)
“Três obras do artista plástico Nonato Oliveira
foram levadas da sua residência na madrugada desta terça-feira (08). Nonato,
que mora no bairro Marques, Zona Norte de Teresina, comentou que os assaltantes
levaram as telas, roupas que estavam dentro de um automóvel, dois martelos e um
serrote. Segundo o artista, caso foi registrato no 2º Distrito Policial (...) O artista plástico descreveu que a tela de
Nossa Senhora do Perpetuo Socorro possui 60cm de altura por 40cm de largura. As
demais são de 80cm de largura e 80cm de altura, e 80cm de largura por 1 metro
de altura. Todas já estavam finalizadas, a primeira seria enviada para o Rio de
Janeiro e as outras seriam colocadas a venda no atelier do artista, que fica em
sua residência.” (g1.globo.com/pi/piaui/notícia//08/04/2014
18h40 - Atualizado em 08/04/2014 18h40 )
Em
fevereiro de 2014, o primeiro furto, também ousado, parece ter sido feito em
horário natural de visitação e, num descuido da segurança, a esperteza premeditada
se apropriou de três pequenas telas de N. Oliveira. Era o primeiro movimento de
usurpadores de patrimônio artístico.
“A Casa de Cultura de Teresina recebeu visitantes
indesejados nesse mês de fevereiro. Segundo a direção da casa, ladrões
aproveitaram as falhas na segurança e levaram obras de arte expostas no prédio.
O caso de furto foi registrado no 1º Distrito Policial de Teresina e de acordo
com o delegado Riedel Batista, responsável pelo caso, as investigações estão em
andamento e até o momento ninguém foi preso (...) De acordo com a diretora, Josy Brito, o furto
só foi percebido após uma vistoria no local (...) Para a diretora, o furto de obras de arte é um
fato novo no Piauí. ‘Em nosso estado não há mercado para este tipo de crime. É
mais comum as obras serem expostas em galerias ou serem vendidas por empresas
de arquitetura. Queremos saber qual o interesse do ladrão nessas peças do artista
plástico Nonato Oliveira’, contou Josy Brito.” (g1.globo.com/pi/piaui/notícia /11/02/2014 08h15 - Atualizado em 11/02/2014 10h42)
Especulações sobre o que terá sido feito das obras
de Nonato Oliveira, ou quem estaria por trás dessa consequente ousadia, giram
nas rodas de conversa de amigos, admiradores e familiares. As investigações
policiais, provocadas, parecem que ainda não haviam conseguido finalizar uma
resposta positiva às primeiras diligências, em fevereiro, e quem sabe quando se
poderá ter um sinal que aponte um norte para furto recorrente, nesse abril.
Nonato Oliveira, artista plástico que resolveu
perpetuar seu traço para obras coletivas, de grandes painéis reafirmadores da cultura popular, também imprimiu recurso pictórico para telas em diverso
dimensionadas ao apreciador e consumidor de sua arte. Seu nome e suas cores
quentes habitam instalação cultural na cidade, interior do estado, em outros
pontos do país e também no estrangeiro.
Para peças público-coletivas, espalhadas pela
cidade de Teresina, há algumas que perderam, por força de decisão e insensibilidade administrativas, a qualidade que a arte representa
por si só. Um painel que imprimia narrativa de mercados e futuros para escambos de
sobrevivência, instalado no muro da fachada da antiga rodoviária rural, onde
hoje abriga o Shopping da Cidade, foi destruído e deu lugar ao progresso.
Corre a informação, já a bocas crescidas, que outro
painel do artista, pintado em área de um shopping, de nome americanizado, à
margem do Poti, zona leste, deve também perder a memória intangível. Será
substituído por novidades de quem fica de frente ao mar e de costas pro Brasil e
sua aldeia produtiva.
E quem não se lembra de um belo painel que ilustrou, durante muito tempo, o antigo Centro de Convenções de Teresina? Pois aquela obra
de arte também parece fadada a desaparecer. Depois que a patacada de
um governo de esquerda e sua coligação indefinida resolveram reconstruir o
prédio de eventos, isso há alguns vários anos que romperam três mandatos, nada
se viu como resultado prático envolvendo recurso público. Onde existiu um
Centro de Convenções, foi aberto um flanco aos canteiros de obras a despejo de um
elefante cinza grená.
A construção articulada, com recursos públicos, se perdeu no
assomo de licitações e orçamentos reinventados. Estes que não conseguiram
erigir um novo espaço a abrigo das convenções da cidade. E agora a obra de
Nonato Oliveira, imprimida na parede de fachada do prédio, poderá ser literalmente tombada,
para dar lugar às novidades de futuros investimentos às novas excelências e
pompas circunstanciadas, em outros pendores executores administrativos.
Nonato Oliveira começa a desaparecer de áreas
públicas, em assinaturas coletivizadas, e também está sendo ameaçado, paulatinamente,
através de furtos de obras de acervo público e particular. Em não havendo
segurança da memória intangível, composta pelo artista e presente na cidade,
quem poderá nos socorrer?
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