segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Cobras, hein!


 Cobras, hein!
por maneco nascimento

A noite do dia 14 de dezembro de 2012, no Bar do Clube dos Diários, foi para cobras e lagartos - sem asas - porque seria uma temeridade e Deus jamais daria asas, físicas, às cobras. 

E, como não vivemos tempos de dragões, aparentados míticos dos répteis + pós modernos de nosso contexto sóciocobríssico, se ficou na licença poética. Mesmo porque São Jorge que já existia, antes da invenção de Glória Perez, para dar cabo de afoitos bichos medievais e nos proteger a todos, não consegue controlar o ofídio da cobras da atualidade.

Então se nada se pode contra elas, enrolar-se com elas e dá uma de Luz Del Fuego, talvez seja a solução de modernidade. Foi o que fizeram João Vasconcelos e Humberto Pequeno, ao instituírem o Prêmio Cobra do Ano, categorias Ouro, Prata e Bronze. 

As eleições livres e diretas ocorreram durante duas semanas de dezembro, em urna preparada exclusivamente a esse fim. A conta do escrutínio deu-se na noite da sexta feira, 14, no Bar do Clube dos Diários, logo após a solenidade de entrega do Prêmio “Os Melhores do Ano do Teatro Piauiense”.

Uma divertida contagem dos votos de candidatos, melhor ou pior, votados para um número exemplar de concorrentes/eleitores cobras. Durante a contagem dos votos, ao vivo, com direito a intervenções de cobrisses do eleitorado presente à apuração, foi sugerida a definição das cobras que seriam eleitas na noite.

A Cobra Ouro – coral; A Cobra Prata – cascavel e a Cobra Bronze – cipó, do rabo seco. Muitos votos entre o diverso, humorado, venenoso e auto imune. Houve quem votasse em si mesmo(a), nas três categorias; quem apostou em envenenar alguém para livrar o próprio rastejar e houve, ainda, quem assumisse a cobra criada que é, só não + perigosa porque de sangue quente, diferente do bicho primordial.

Cobras e cobrisses para todos os lados, difícil foi pisar em terreno que não inspirasse cuidado. A cobra seca e mãe das cobras em evolução da espécie (A. Martins) fez discurso e lembrou que não há ninguém sem natureza cobra. Todo(a)s são filho(a)s de cobra. Que, já na gênesis, havia uma cobra que forçou a abertura dos portões do Paraíso, empurrando para fora dos limites do Éden o(a)s filho(a)s do primeiro exemplar, a guardadora da maçã, aquela que assegurou que criassem asas os herdeiro(a)s do paraíso, das cobras.

Receberam votação considerada, Reijane Telma Dias, Assunção Ferreira, Adalmir Miranda, Ana Paula Medeiros, Ana Carvalho, entre outros espécimes representativos do ninho de cobras. Mas as eleições se fecharam em três nomes da pesada. Em primeiro lugar ao Prêmio Ouro – Cobra coral, Franklin Pires, com disparados dezesseis votos numa campanha de eleitores pulverizada.

O Prêmio Prata – Cobra cascavel coroou Antoniel Ribeiro, com 10 votos bem disputados. Já o Bronze – Cobra cipó, do rabo seco, achou o rastro de Valdemar Santos, que saiu na frente das outras candidaturas, com 9 votos engolidos um a um, em terreno no qual cada ponto era sapo escolhendo o bote. 

As cobras, do gênero feminino, Assunção Ferreira e Reijane Telma Dias, ofídio da polêmica, ainda tentaram incrementar uma repescagem de votos, por não se sentirem incluídas no resultado do escrutínio final. Para elas, as eleições realizadas só haviam beneficiado o sexo masculino, em detrimento da mulher. No que alguém rechaçou que + mulher que a cobra não poderia haver outro bicho, mesmo em sendo os vencedores do gênero masculino.

Foi uma eleição justa, direta, democrática, com apenas três votos em branco, nenhum nulo e alguns encharcados de veneno do próprio umbigo. Quem quis, ou premeditou, aproveitou-se da oportunidade para destilar sua dose de veneno “saudável” e praticar seu melhor exercício de cobrisse ensaiada, ou de improviso quente e impactante como a picada no susto.

Na entrega dos troféus, uma das cobras idealizadoras do projeto, João Vasconcelos, declarou ter ganhado o Prêmio por cinco anos seguidos e que seria a hora de passar a faixa à outra merecedora da honraria. A quem levantou que, àquela noite, estava sendo criado o Prêmio Cobra do Ano, Ademilton Moreira lembrou que esse projeto já havia sido parido, ou chocado, na festa do Natal das Falsas. Núcleo da célula que deu vida ao Prêmio Cobra do Ano.

Além dos troféus às categorias aclamadas, ainda havia um simbólico prêmio em bebidas. Seis cervejas ao primeiro lugar, quatro ao segundo e duas ao terceiro. Tivessem instituído prêmios em dose de veneno, qualquer um(a) do(a)s concorrentes, ou mesmo o(a)s escolhido(a)s teriam tido oportunidade de testar a auto imunidade.

Seguramente, no universo de cobras velhas e já com diversas trocas de peles e presas, não haveria nenhum efeito colateral, ou cobranocídio, provar do próprio veneno. Eita, mundão de cobras!

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