Espelho de cena que vive.
por maneco nascimento
Na última terça feira, 18, às 20 horas,
o Bar do Clube dos Diários – BCD foi palco para a comédia popular “Estranho Espelho
Meu”, encenado pelo Grupo Teatro Buriti, coordenado por Dan Martins.
O espetáculo foi visto dentro do
Projeto das Terças Cênicas – Eu, Você e o Teatro da minha Vida. O Projeto
ocorre nas terças feira, em espaço de cena alternativo, entre os fregueses
contumazes e curiosos do teatro, frequentadores do BCD.
“Estranho Espelho Meu” tem texto e
direção de Dan Martins, que também atua na pele da Mádrasta. Martins contracena
com Ana Carvalho, esta numa versão periguete de Branca de Neve e com o espelho,
David Rangel, alter ego e aprendiz de pequenas traições e falsa fidelidade à
engraçada vilã e de apoio velado à ousada mocinha da história.
O conto de fábula original ganha uma
picardia popular e um divertido tom caricatural às celebridades da vez,
mulheres frutas e fanqueiras adolescentes. Dan Martins excele uma concentração
para dizer o texto e inflexionar intenções convincentes e atrai o foco de
atenção, enquanto realiza as pequenas maldades na comédia dos erros.
Ana Carvalho, a “esprivitada” Branca de
Neve, consegue manter uma linha de linguagem de aproximação entre a rebeldia
adolescente e as maledicências inteligentes e perspicazes de conter as magias
incompletas da Rainha Mádrasta. Ainda não perdeu toda a atração ao espelho da vaidade
para tornar-se rainha da cena, e se estabelece sem a matura intenção de real,
no jogo do fingimento.
Concentra a performance do fácil rir e
atuação largada consciente, exasperada, com intuito do despretensioso criativo.
Ouvir-se + e emendar o desenho da dramaturgia individual, em compensação do dialogismo
dramático que a direção solicita, talvez lhe dê + tranquilidade e atenção
solidária ao todo do encenado e perca a dispersão que quer tornar engraçado em seu
ato de meia cumplicidade.
David Rangel, o Espelho da fábula
revisitada, consegue ser engraçado, entona bem as falas nas picardias de caso
pensado e mantém boa inflexão das intenções que as vozes textuais sugerem. Compreende
seu papel e fica no tete-a-tete do jogo brincado.
“Estranho Espelho Meu” cumpriu bem sua
cena, em espaço alternativo, e já no dia 27 de março parte a Curitiba, no
Paraná, para apresentar-se na Mostra Fringe, que faz parte do Festival Nacional
de Teatro de Curitiba.
As fronteiras do Grupo Teatro Buriti
serão ampliadas e nas Fronteiras do teatro nacional promete também encantar com
seu teatro popular da Mádrasta popozuda e sua enteada assanhada. Vai refletir
riso e entretenimento na cena revisitada.
(arte divulgação do espetáculo/acervo GTBuriti)
Quem quiser que conte outra, “Estranho
Espelho Meu” vai para a galera e ria se quiser, pois pode ser um bom remédio só
rir.
Compartilhar teatro e encontrar
feedback é a chave para tempo dramático, chão em ritos de passagem bacantes e
templo de Baco. Retroalimenta, faz bem à pele e ao coração do ator que detém
esforço em fazer arte e convencer enquanto ganha o diverso das recepções na
plateia.
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