quarta-feira, 19 de março de 2014

Teatro, espelho popular

Espelho de cena que vive.
por maneco nascimento


Na última terça feira, 18, às 20 horas, o Bar do Clube dos Diários – BCD foi palco para a comédia popular “Estranho Espelho Meu”, encenado pelo Grupo Teatro Buriti, coordenado por Dan Martins.

O espetáculo foi visto dentro do Projeto das Terças Cênicas – Eu, Você e o Teatro da minha Vida. O Projeto ocorre nas terças feira, em espaço de cena alternativo, entre os fregueses contumazes e curiosos do teatro, frequentadores do BCD.

“Estranho Espelho Meu” tem texto e direção de Dan Martins, que também atua na pele da Mádrasta. Martins contracena com Ana Carvalho, esta numa versão periguete de Branca de Neve e com o espelho, David Rangel, alter ego e aprendiz de pequenas traições e falsa fidelidade à engraçada vilã e de apoio velado à ousada mocinha da história.

O conto de fábula original ganha uma picardia popular e um divertido tom caricatural às celebridades da vez, mulheres frutas e fanqueiras adolescentes. Dan Martins excele uma concentração para dizer o texto e inflexionar intenções convincentes e atrai o foco de atenção, enquanto realiza as pequenas maldades na comédia dos erros.

Ana Carvalho, a “esprivitada” Branca de Neve, consegue manter uma linha de linguagem de aproximação entre a rebeldia adolescente e as maledicências inteligentes e perspicazes de conter as magias incompletas da Rainha Mádrasta. Ainda não perdeu toda a atração ao espelho da vaidade para tornar-se rainha da cena, e se estabelece sem a matura intenção de real, no jogo do fingimento.

Concentra a performance do fácil rir e atuação largada consciente, exasperada, com intuito do despretensioso criativo. Ouvir-se + e emendar o desenho da dramaturgia individual, em compensação do dialogismo dramático que a direção solicita, talvez lhe dê + tranquilidade e atenção solidária ao todo do encenado e perca a dispersão que quer tornar engraçado em seu ato de meia cumplicidade.

David Rangel, o Espelho da fábula revisitada, consegue ser engraçado, entona bem as falas nas picardias de caso pensado e mantém boa inflexão das intenções que as vozes textuais sugerem. Compreende seu papel e fica no tete-a-tete do jogo brincado.

“Estranho Espelho Meu” cumpriu bem sua cena, em espaço alternativo, e já no dia 27 de março parte a Curitiba, no Paraná, para apresentar-se na Mostra Fringe, que faz parte do Festival Nacional de Teatro de Curitiba.

As fronteiras do Grupo Teatro Buriti serão ampliadas e nas Fronteiras do teatro nacional promete também encantar com seu teatro popular da Mádrasta popozuda e sua enteada assanhada. Vai refletir riso e entretenimento na cena revisitada.
 
(arte divulgação do espetáculo/acervo GTBuriti)

Quem quiser que conte outra, “Estranho Espelho Meu” vai para a galera e ria se quiser, pois pode ser um bom remédio só rir.


Compartilhar teatro e encontrar feedback é a chave para tempo dramático, chão em ritos de passagem bacantes e templo de Baco. Retroalimenta, faz bem à pele e ao coração do ator que detém esforço em fazer arte e convencer enquanto ganha o diverso das recepções na plateia. 

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