É dono da alegria
por maneco nascimento
O Grupo Pirilampo, de Brasília –
DF, esteve em Teresina, de 21 a 23 de março de 2014, para uma ação cultural que envolveu
Workshop Intensivo – Oficina de Palhaçaria e apresentação do espetáculo "Pra
subir na Vida", exercício de ator para ato circense, dedilhado pelo Palhaço Pipino.
As apresentações do espetáculo aconteceram
no Teatro do Boi (Matadouro), no horário das 17 horas, no sábado, 22, e domingo,
23, e quem não viu, não riu.
Perdeu uma boa oportunidade de se desarmar, ganhar
uma dose de felicidade e deixar fluir a criança, quase sempre esquecida, que há dentro
do bicho homem chamado adulto.
As crianças, com certeza, foram sucesso
garantido ao bom riso e cumplicidade conquistada pelo desempenho do Palhaço
Pipino.
O ator Guilherme Carvalho, com
seu bom Palhaço, vem se achegando como quem parece não querer nada e, aos
poucos, numa determinada interação natural, em competente campanha declarada de
envolver e criar o consentimento da plateia, ganha o público, adulto e crianças,
e demonstra o que o Palhaço é, um conquistador de risos e liberdades anunciadas de
só rir.
Guilherme alia as piadas do
circo, ações clownescas universais, o riso elaborado, para roubar o sorriso preso na câmara
escura da plateia conquistada. Vai enredando a assistência, com as gagues
histriônicas, sketches harmônicas, despejadas na simplicidade da memória afetiva
do fazedor de rir. O dono do riso de picadeiros, da rua, da praça, da casa
afinada, o Palhaço Pipino, devora a todos.
(Palhaço Pipino/fotos Camila Motikovsk)
O número de entrada, a
apresentação da personagem da comédia das artes da alegria, o Palhaço e suas
manobras para convencer e entreter sem perder o tempo da piada. Consegue
prender a atenção e solidificar um feedback eficaz.
Os ícones do riso vão sendo
apresentados até compor a personagem dramática da gargalhada econômica e do
entretenimento. O seu cão adestrado, sua mala de surpresas e caixa de magias e
lúdico, são dados que permitem o fingimento convincente.
O vendedor de escadas e demonstrador
do esconde e mostra, ponto muito divertido do espetáculo, como técnica de
mímica bem aplicada ao histrionismo da magia revelada, sem a dispensa do ludismo,
forjado para mover público em cumplicidade da velha interação na palhaçaria,
contida na ação integrada de ator-personagem-público.
A mulher, que persegue Pipino, com
um cassetete, é de uma feliz concorrência de atrair o público para si. A aliança
das palhaçadas e ações envolvendo o mamulengo em brincadeira dinâmica do ator
(manipulador) e boneco (manipulado) aciona alegria esperta de confluir
linguagens cênicas do ato dramático, com inteligência e humor que xipofagizam a
fantasia e demonstram inteireza e domínio técnico para não perder o fio tênue
entre o real e o fantástico mundo mágico do teatro de homens e títeres.
O mágico; o contador de histórias
em tramas que envolvem a participação ativa de alguém da plateia, ou todo o público
presente na ação enredada; o número tradicional da pulga amestrada e a música
que encerra o ato do espetáculo, em que a interrelação cobra novamente plateia
e personagem juntos, tudo é todo um roteiro em que os gracejos exigem envolvimento
incondicional de cada um na plateia da hora.
O Palhaço Pipino, de Guilherme
Carvalho, consegue gerar uma energia envolvente e nunca descartável e mantém a
assistência ligada, na lavagem da alma condicionada a rir sim, sem medo de ser
feliz.
Não há como não se contagiar com a esperta e tranquila estratégia de
Guilherme em fundir o público, como aliado, e dividir as conquistas que o
enredo vai formando ao longo da brincadeira, das provocações de cena
solicitadas.
"Pra subir na Vida" que começa com um pregoeiro, vendedor/demonstrador de equipamentos de deslocamentos (escadas
rolantes, espirais, esteiras de academia, elevadores, etc.) acaba discretamente
compondo a ascensão do espetáculo, quer seja no assomo de interesse da plateia
ao sugerido, quer seja no crescente que a atrama enredada consegue até fechar o
ciclo da história contada.
Aos dias em que o mundo das
tecnologias requer aliança de sobrevivência, as ações de teatro na forma tradicional
de encantar e enlevar espíritos à alegria ainda surtem bom efeito. Os + de quarenta minutos de, "Pra
subir na Vida", conseguem deter interesse e realizarem ao final do enredado, uma
felicidade que integra crianças e adultos na tarefa fim da proposta, fazer rir
e o faz bem.
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