Vingou mesmo!
por maneco nascimento
O Dia Mundial do Teatro marcou festa em Teresina, nessa quinta, 27, e assim caminha a humanidade para artistas da cena e alhures. A manhã do Dia Mundial do Teatro e Dia Nacional do Circo vingou horrores.
Silmara Silva como Estátua Viva foi só sucesso na Praça Pedro II. Um assomo de interesse e público que rendeu até o "chapéu" para a instalação, que só se fez vida para celebração do Dia do Teatro.
A Estátua Viva em vívida ação de Silmara Silva esteve tão convincente que um artista do Circo Zoin comentou não acreditar que Ela fosse de verdade.
(Viva Estátua Silmara Silva!/foto post Francisco Pellé)
A atriz instalou sua arte na Praça Pedro II, das 9h às 11h e à tarde, a partir das 14 horas, repetiu a proeza em Praça do Dirceu Arcoverde. Silmara disse ter sido um contato maravilhoso com seu público e experiência ímpar de estreias acertadas. No Dirceu, uma senhora chorou emocionada com a Estátua Viva, alegou nunca ter visto algo tão bonito. A estátua também se emociou. Era arte compensada pelo teatro.
E Frank Mamú e a Cia. Circo Zoin também não fizeram por menos. A Praça Pedro II foi testemunha de espectadores, transeuntes, curiosos, amantes e apaixonados pela arte do circo e seu manifesto de malabares, o homem cuspidor de fogo, acrobatas e voadores da cama elástica, palhaços e peripécias que fazem do maior espetáculo do mundo, um dos + apaixonantes e quentes, atos a coletivos, que têm como arte o circo e o mágico mundo dos picadeiros. No Dirceu Arcoverde, Mamú e Zoin, uau! Também foram festa aos populares.
Do "Abrigo São Loucas", das 15 horas, Sala Torquato Neto, tudo já estava declaradamente feito teatro vivo. Disse a que sempre veio o Grupo Harém de Teatro. Arte para gargarejo, reflexão sóciopolítica e diversão de moto contínuo inteligente. A tarde começou muito bem, abrigada ao teatro para composição de história e memória das cenas locais à referência nacional.
"Fogo", do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes, chegou com força e calor contagiante à plateia que superlotou a Galeria do Clube dos Diários, depois das 19 horas. Após um atraso significativo, até que fosse resolvido o problema de luz, dos cabos e da lentidão da resolução técnica que não comprometesse o planejado, o elenco entrou na cena, tenso, mas concentrado em demonstrar um bom espetáculo.
Era noite do Dia Mundial do Teatro. Uma cena ruidosa e ardente para temática das fogueiras ateadas contra as gentes pobres e ribeirinhas da cidade em processo de assepsia social.
O Piauhy Estúdio das Artes cumpriu seu papel. Os ruídos exteriores, a tensão quente do público atento e a atenção ativada e dedicada pelos intérpretes, do drama "Fogo" à plateia volumosa, criaram um ambiente entre o belo e o frágil.
Confundiram-se os ruídos, na comunicação da narrativa proposta em estética de cena científica. Barulhos ascendentes e economias encolhidas deram à apresentação, da noite, uma espera de melhor resposta. Mas nada que comprometesse a proposta da peça, nem o Dia em festa que o mundo celebrava.
Ainda houve, para atos em câmara, uma novidade vinda de São Paulo para ilustrar iniciativa do DAC/Fundac. Um artífice de stand up comedie que atende pelo nome de Márcio Américo veio como convidado especial às comemorações do Dia Mundial do Teatro, na capital Teresina.
A novidade cheia de boas intenções do DAC pode até ter cumprido interesse + privado. No que diga respeito a interesse público, deixou muito a desejar. Diria mesmo que houve um desvio de função de compreensão estética e aplicação confusa do recurso do contribuinte.
O Stand up comedie, de Márcio Américo, como justificou o humorista de graça duvidosa, apresentou um misto de piadas preconeituosas, discriminatórias, sexistas, machistas, boca suja e recorrente a "cu", "pau" e "buceta". Um baixo calão revestido de engraçado em forçosa sede de aceitação.
Demorei 15 minutos até tomar a decisão, em resistência de contranger o artista, haja vista ser dia de arte e democracia do teatro, para levantar e deixar a plateia. Antes de minha saída, pelo menos dez, catorze pessoas, tomaram minha dianteira.
Acreditei que me devia, pelo menos, quinze minutos de interesse pelo stand up comedia, para deixar a Sala sem remorsos. Nunca tive meus ouvidos tão contaminados pelo mau gosto, descompreensão dessa nova linguagem de teatro ligeiro para solo de textos cotidianos e divertíveis e inconsciência do papel do artista, enquanto formador de plateia + crítico reflexiva.
As mulheres ofendidas sairam rápido. Achei que deveria ser não só solidário, mas inteligente. A turma do gargarejo deu quórum ao artista. Ele ainda era artista e estava no lide de prestígio oficial. Talvez seja eu que prefira outro tipo de manifestação. Não condeno, de todo, só não preciso corroborar.
O teatro é a arte do fingimento, do mágico e da fantasia, com arte e respeito ao outro. Essa não foi a melhor agenda à festa que vinha tão bem até ali. Ainda assim, parabéns a Liana Santanna pela iniciativa de valorizar o trabalho de um amigo.
Mas ainda havia um aparte teatral e uma parte, de melhor, para completar a festa. O Festival Cênico - Cenas Curtas, com Troféu Rosalina Sousa, concorria para depois dos espetáculos na Galeria do Clube dos Diários e Sala Torquato Neto e ocuparia o Espaço Cultural "Osório Jr.".
Este é assunto para outro post. Produções que vingam que o digam. O Dia Mundial do Teatro ainda tinha outros coelhos na manga larga e mágica longa noite adentro dos festejos cênicos.
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