segunda-feira, 31 de março de 2014

FestCênico - Cenas Curtas

Aos divinos e bacantes
por maneco nascimento

A cereja do creme do Dia Mundial do Teatro ganhou sabor de doce delícia, ou dado deleite de que foi ao evento para vingar mesmo. A partir das 20h30, no Espaço Cultural “Osório Jr.”/Bar do Clube dos Diários, os deuses conspiraram e o universo foi show de arte e teatro para todas as cenas.

Na concorrência pelo Prêmio do Festival Cênico – Cenas Curtas e Troféu Rosalina Sousa houve uma acirrada disputa que tornou o evento não só muito humorado, mas recheado de bons números de circo, teatro, dança, teatro e música, performance, humor, dublagem/transformismo. Uma noite criativa e criadora de um sentimento de que arte do teatro se estabelece sempre.

Foram treze números inscritos. Cada um deu seu ar de ação e reação confirmada ao teatro. Battali Cia. Dança (Beth Battali); Grupo Tempus/UFPI Picos (Robson Lima); Grupo de Teatro Oficinão (Adalmir Miranda); Lari Sales e Edith Rosa; Grupo Ápice (Jimmy Charles); Samuel Alvis; Coletivo Piauhy Estúdio das Artes (Silmara Silva); Studio Tucunzeiro (Roberto Piau e Rutênio);  Associação Cultural UniArtes (Andrade Gurgell); Avelar Amorim; Só Homens Cia. de Dança (Adriano Abreu e DAkson Michael) e Grupo Utopia de Teatro (Chico Borges).

Os trabalhos + destacáveis por ordem de muito boa representação e representatividade entre os inscritos, Jimmy Charles como um pastor da "Igreja do Capital Divino" denotou um resultado muito legal, em conotação crítico-humorada bem resolvida pelo intérprete; a direção de Silmara Silva para “A mais forte” apresentou Ianca Alves e Jenieli Silva num ato de dança/teatro bem redondo, com duas atrizes lindas e de talento expressivo.

Lari Sales e Edith Rosa, em cena cômica de ilustração a uma delegacia de polícia e o stress de receber uma mulher que sofre violência do marido, deu-se reservado no talento das atrizes. Edith Rosa conseguiu melhor destreza na cena; Andrade Gurgell, com “Carta aos demônios” trouxe uma riqueza de figurino e uma dramaticidade concentrada; Chico Borges, com seu número de teatro/dança surpreendeu pela eficácia de movimentos precisos dos atores dançarinos Nailton Meireles, Lettícia Araújo, Josiane Lee e Mirian.

Foi uma tarefa árdua da Comissão Julgadora na hora da escolha dos Melhores da noite. Os jurados Scheyvan Lima (Fundac), Márcio Américo (ator e diretor de São Paulo), William Lemos (ator e produtor de São Paulo), Tommy Germani (ator angolano), Joaquim Jorge (empresário português), Izabelita Kennedy (atriz transformista) e Luciano Brandão (diretor de teatro) acabaram finalizando bem as escolhas dos Melhores.
 (Na Lama, de S. Alvis/da linha do tempo de Samuel Alvis)

O Prêmio do Festival Cênico – Cenas Curtas e Troféu Rosalina Sousa agraciou, em 1º. Lugar, a performance “Na Lama”, de Samuel Alvis, com R$ 1500,00; o 2º Lugar foi para “Palha Assada”, de Adalmir Miranda, com Romário Ferreira e Ademir Costa, com R$ 1000,00 e o 3º. Lugar ficou com “O Lago”, da Só Homens Cia. de Dança, com Adriano Abreu e Dackson Michael, que levou R$ 500,00.
 (Palha Assada, de A. Miranda/da linha do tempo de Samuel Alvis)

O Troféu Especial de Júri Popular foi abocanhado por “Batalhando um personagem”, de Avelar Amorim, com Edith Rosa e Avelar Amorim. Edith Rosa + uma vez provou a boa atriz que se tornou, foi show em duas participações durante o FestCurtas Rosalina Sousa.
 (O Lago, da Só Homens Cia. de Dança/da linha do tempo de Samuel Alvis)

Ainda foram agraciados com o Troféu “Rosalina Sousa”, a camareira aposentada que emprestou o nome ao Prêmio, Rosalina Sousa (Dona Rosa); o ator Wilson Gomes (Shana de Souza); o Grupo Harém de Teatro (Abrigo São Loucas); o Coletivo Piauhy Estúdio das Artes (Fogo) e o presidente da Fundac, S. Lima.

O FestCênico - Cenas Curtas - Prêmio “Rosalina Sousa” foi o bicho. Nunca houve tanto entrosamento, diversão, interação, participação maciça do público, fiel até o fim, e um grande encontro da classe artística e sua energia de fazer valer muito + o Dia Mundial do Teatro.

 Vale ainda o registro do Mágico Zaron, que, numa carinhosa participação, não só homenageou o circo, como também a própria profissão na data em que também se comemora o Dia Nacional do Circo.

 Uma noite adocicada com a arte das cênicas e lavada com a alegria, força e prazer da arte, em primeiro momento, e depois pela boa chuva que caiu lavando os rastos da festa bacante.

 Foi uma noite de produções dinâmicas e eficazes, que o digam a JV Produções que Vingam.

As vozes de "Anônimos"

A idade da vida
por maneco nascimento

Neste final de semana, 29 e 30 de março, o Projeto Circula Anônimos – Nordeste possibilitou agenda, na cidade, através do Prêmio Funarte de Teatro "Myriam Muniz", na Categoria Pesquisa - Montagem e patrocínio da Petrobrás. A peça “Anônimos” marcou borderô expressivo na história e memória do teatro nacional, de cepa do teatro nordestino, sim senhor.

Teresina recebeu o espetáculo cearense “Anônimos”, realizado pelo Grupo Teatro Novo. A peça aconteceu na Galeria do Clube dos Diários, às 19 horas, e foi uma grata surpresa ao público da cidade.

Com dramaturgia de cena, de Sidney Malveira, o espetáculo remonta enredos e narra vivências de idosos em seu porto solidão. As personagens que ganham vida na história contada reverberam velhinhos que dividem suas experiências de moradores de abrigos com visitantes coptados da plateia.

A interação personagem/público amplia o dialogismo proposto pela dramaturgia. Quebra a quarta parede e, ao tempo em que a interrelação solidifica a reflexão da abordagem cênica, o coadjuvante (público) acaba refletindo, intervencionalmente, o drama dos narradores (protagonistas). A personagem busca o interlocutor na plateia e torna-o seu confessor, ouvinte, ou aquele parente esperado que nunca vem em visita.

A cenografia é de uma simplicidade rica de signos, no detalhe de objetos cotidianos das lembranças e ou composicionais afetivos da construção da cena. Lençóis, varais, pregadores, cavaletes de sustentação (alças pontuais da ponte ao céu cenográfico) e as memórias dependuradas, presas, na corda da vida emblematizada para dias de rememorar, ou esquecer.
 

(Malveira em cena de Anônimos/divulgação)


O palco iluminado doura os cordões da vida, sobre a cabeça e em redor das personagens contadas, cordões estes que recebem adereços da cena e vestem, de cor, velhinhos de perdidas ilusões, que acham, ao recontar seus cotidianos, a ponte de espelho para refletir solidões, silêncios e ruídos, a comunicação de atrair a atenção do sentimento dos narradores com a identidade da plateia que coadjuviza a narrativa e encontra identificação com as falas de memórias sociais.

Espetáculo para teatro da arte do ator (Aderbal Freire Filho) se instala no método do construtor das personagens (Sidney Malveira) que interpreta três idosos, cada um com seu carisma, sua alegria e intenção de nunca perderem-se dos receptores de suas histórias contadas.

Bem humoradas, econômicas, e com perfis intrínsecos de reprodução fiel de alguém tão próximo do eixo familiar de cada pessoa de qualquer plateia, as personagens são tão feitas de humanidade vívida que colhem os espectadores à completa entrega e aceitação da mímesis concentrada.

O ator, numa roupa neutra, vai acrescentando um elemento corporal, e da alma da vida criada, um adereço e econômicos detalhes de andar, rir, olhar, pausas de abocanhar o pensamento e retomar a conversa e o faz com domínio que parece despretensão, mas emana afiada técnica de atuar e convencer, de forma íntegra, na arte do convencimento.

Desenhos de gestos e vozes do corpo, em Malveira, incrementam a riqueza contida, numa implosão materializada de sentimentos quentes e povoam as vivências do ator/personagem para emocionar e refletir a vida como ela é, na representação da vida espiada.

Sidney não só consegue ser muito eficiente, mas espetacularmente defender estética e plástica cênicas, fundidas na riqueza de economia de interpretar e distanciamento crítico na razão do teatro, sem perder nunca a ternura, nem elaborar estratégias de discurso demagógico.

A cada lance das personagens, uma ação de construir a espacialidade que define a casa, expectativas, sala, quarto e vida no teatro das sombras e sobras da solidão em que são encerradas as memórias e dias arbitrados, pela ordem oficial impositiva, aos moradores do abrigo de idosos.

A música, que compõe o espetáculo, enreda uma partitura que amplia a compreensão da dramaturgia proposta e desliza suave em densidade dramática para efetuar redenção e tempo de espera das personagens. A iluminação discreta também reitera toda a plástica da leitura afinada ao efeito dramático.

A metáfora das “vidas” penduradas, dispostas numa caixa cênica que se formaliza, a partir de adereços afixados por pregadores em varais, valoriza a exposição das memórias apresentadas. Essa mesmas memórias encerradas, num labirinto, dedilham falta de escolhas pessoais, ou escolhas feitas por outrem em detrimento dos anseios dos velhinhos carismáticos.

“Anônimos”, nas vozes sociais reproduzidas por Sidney Malveira, tem técnica depurada em dinâmico ato de reinventar o exercício de atuação à tradição e modernidade.

Malveira guarda boas surpresas e detém carisma e talento que o fazem dono da cena e idade do teatro vivo e arte do ator. Contém plástica e estética trabalhadas na composição do simples eficiente, mas especialmente cunha-se a um intérprete criativo, detido na experimentação e experiência da vida, seja das suas próprias, refletidas, ou das alimentadas pela arte do ator.

Expediente:
“O Prêmio Funarte de Teatro "Myriam Muniz", na Categoria Pesquisa – Montagem, com patrocínio da Petrobrás, possibilitou ao diretor Sidney Malveira e Grupo Teatro Novo desenvolverem a pesquisa no Lar dos Idosos “Torres de Melo”, em Fortaleza, e finalizar a busca com a montagem ‘Anônimos’".


A Direção e Atuação, no espetáculo, é de Sidney Malveira, que detém ainda a dramaturgia do texto. A Supervisão de montagem é de Ricardo Guilherme; Assistência de Direção, Design e Vídeo, de Dryca Lima. A Fotografia, de Marcelo Brasileiro; Figurino de Thaís de Campos; Iluminação de Aldo Marcozzi e Cenário, Sonoplastia e Produção do Grupo Teatro Novo.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Maratona 27/3 (II)

Vingou mesmo!
por maneco nascimento


O Dia Mundial do Teatro marcou festa em Teresina, nessa quinta, 27, e assim caminha a humanidade para artistas da cena e alhures. A manhã do Dia Mundial do Teatro e Dia Nacional do Circo vingou horrores.

Silmara Silva como Estátua Viva foi só sucesso na Praça Pedro II. Um assomo de interesse e público que rendeu até o "chapéu" para a instalação, que só se fez vida para celebração do Dia do Teatro.

A Estátua Viva em vívida ação de Silmara Silva esteve tão convincente que um artista do Circo Zoin comentou não acreditar que Ela fosse de verdade.

(Viva Estátua Silmara Silva!/foto post Francisco Pellé) 

A atriz instalou sua arte na Praça Pedro II, das 9h às 11h e à tarde, a partir das 14  horas, repetiu a proeza em Praça do Dirceu Arcoverde. Silmara disse ter sido um contato maravilhoso com seu público e experiência ímpar de estreias acertadas. No Dirceu, uma senhora chorou emocionada com a Estátua Viva, alegou nunca ter visto algo tão bonito. A estátua também se emociou. Era arte compensada pelo teatro.

E Frank Mamú e a Cia. Circo Zoin também não fizeram por menos. A Praça Pedro II foi testemunha de espectadores, transeuntes, curiosos, amantes e apaixonados pela arte do circo e seu manifesto de malabares, o homem cuspidor de fogo, acrobatas e voadores da cama elástica, palhaços e peripécias que fazem do maior espetáculo do mundo, um dos + apaixonantes e quentes, atos a coletivos, que têm como arte o circo e o mágico mundo dos picadeiros. No Dirceu Arcoverde, Mamú e Zoin, uau! Também foram festa aos populares.

Do "Abrigo São Loucas", das 15 horas, Sala Torquato Neto, tudo já estava declaradamente feito teatro vivo. Disse a que sempre veio o Grupo Harém de Teatro. Arte para gargarejo, reflexão sóciopolítica e diversão de moto contínuo inteligente. A tarde começou muito bem, abrigada ao teatro para composição de história e memória das cenas locais à referência nacional.

"Fogo", do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes, chegou com força e calor contagiante à plateia que superlotou a Galeria do Clube dos Diários, depois das 19 horas. Após um atraso significativo, até que fosse resolvido o problema de luz, dos cabos e da lentidão da resolução técnica que não comprometesse o planejado, o elenco entrou na cena, tenso, mas concentrado em demonstrar um bom espetáculo.

Era noite do Dia Mundial do Teatro. Uma cena ruidosa e ardente para temática das fogueiras ateadas contra as gentes pobres e ribeirinhas da cidade em processo de assepsia social.

O Piauhy Estúdio das Artes cumpriu seu papel. Os ruídos exteriores, a tensão quente do público atento e a atenção ativada e dedicada pelos intérpretes, do drama "Fogo" à plateia volumosa, criaram um ambiente entre o belo e o frágil. 

Confundiram-se os ruídos, na comunicação da narrativa proposta em estética de cena científica. Barulhos ascendentes e economias encolhidas deram à apresentação, da noite, uma espera de melhor resposta. Mas nada que comprometesse a proposta da peça, nem o Dia em festa que o mundo celebrava.

Ainda houve, para atos em câmara, uma novidade vinda de São Paulo para ilustrar iniciativa do DAC/Fundac. Um artífice de stand up comedie que atende pelo nome de Márcio Américo veio como convidado especial às comemorações do Dia Mundial do Teatro, na capital Teresina.

A novidade cheia de boas intenções do DAC pode até ter cumprido interesse + privado. No que  diga respeito a interesse público, deixou muito a desejar. Diria mesmo que houve um desvio de função de compreensão estética e aplicação confusa do recurso do contribuinte.

O Stand up comedie, de Márcio Américo, como justificou o humorista de graça duvidosa, apresentou um misto de piadas preconeituosas, discriminatórias, sexistas, machistas, boca suja e recorrente a "cu", "pau" e "buceta". Um baixo calão revestido de engraçado em forçosa sede de aceitação.

Demorei 15 minutos até tomar a decisão, em resistência de contranger o artista, haja vista ser dia de arte e democracia do teatro, para levantar e deixar a plateia. Antes de minha saída, pelo menos dez, catorze pessoas, tomaram minha dianteira.

Acreditei que me devia, pelo menos, quinze minutos de interesse pelo stand up comedia, para deixar a Sala sem remorsos. Nunca tive meus ouvidos tão contaminados pelo mau gosto, descompreensão dessa nova linguagem de teatro ligeiro para solo de textos cotidianos e divertíveis e inconsciência do papel do artista, enquanto formador de plateia + crítico reflexiva.

As mulheres ofendidas sairam rápido. Achei que deveria ser não só solidário, mas inteligente. A turma do gargarejo deu quórum ao artista. Ele ainda era artista e estava no lide de prestígio oficial. Talvez seja eu que prefira outro tipo de manifestação. Não condeno, de todo, só não preciso corroborar.

O teatro é a arte do fingimento, do mágico e da fantasia, com arte e respeito ao outro. Essa não foi a melhor agenda à festa que vinha tão bem até ali. Ainda assim, parabéns a Liana Santanna pela iniciativa de valorizar o trabalho de um amigo.

Mas ainda havia um aparte teatral e uma parte, de melhor, para completar a festa. O Festival Cênico - Cenas Curtas, com Troféu Rosalina Sousa, concorria para depois dos espetáculos na Galeria do Clube dos Diários e Sala Torquato Neto e ocuparia o Espaço Cultural "Osório Jr.".

Este é assunto para outro post. Produções que vingam que o digam. O Dia Mundial do Teatro ainda tinha outros coelhos na manga larga e mágica longa noite adentro dos festejos cênicos.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Maratona 27/3

Dia do Teatro
por maneco nascimento


A Maratona do Dia 27 de Março, que começou às 7 da manhã na Praça Pedro II, com Circo Zoin; a Instalação Estátua Viva com a atriz Simara Silva e Café da Manhã para os artistas, amigos, convidados, imprensa, no Bar do Clube dos Diários, seguiu seu curso e, à tarde, às 15 horas, na Sala Torquato Neto, foi a vez do teatro do riso e do entretenimento, possibilitado por dez ex-machine que atende pelo nome de "Abrigo São Loucas"

"Abrigo São Loucas", do Grupo Harém de Teatro, com texto, dramaturgia de cena e direção de Arimatan Martins, traz um elenco azeitado por Emanuel de Andrade, Francisco de Castro, Francisco Pellé e  Fernando Freitas e possibilitou uma boa dose de risos, gargalhadas e hora de liberar o espírito e  deleite com montagem hareniana crítico-reflexiva para arroubos de memórias, ficção e "esmeras coincidências" contadas para viés da política local.

A peça vista nesta tarde, em uma hora de enredo para ironias, humor cáustico, picardias acertadas e inteligência cênica depurada, encontra a recepção do público desarmado e pronto para a cumplicidade estabelecida entre a arte do fingimento e a interlocução da magia, do lúdico e da arte do ator desvelada.

É um doce deleite assistir a "Abrigo São Loucas". O elenco, cada vez + afinado com o desenho proposto e com as falas sociais que intervêm para compreensão sócio cultural de atos políticos e poderes estéticos de ser artista e ser feliz. Ser e Estar Teatro.

Francisco de Castro, Francisco Pellé e Fernando Freitas revelam suas Marias e ex-primeiras damas em dramas e comédias entre sutis e alteradas composições que emocionam, prendem a atenção e armam para que o público mantenha-se sempre atento a reconhecer-se na próxima piada. Emanuel de Andrade, na pele de coadjuvante e de memória afetivo-amorosa do marido das ex-primeiras damas, não fica atrás. Está muito bem, obrigado.

(Pellé, Fefê e KK/fotos divulgação)

Começamos a Maratona 27 de Março com pé direito e, até que esse dia se encerre, muito + arte por todos, à parte, há de marcar espaço nesse dia de festa.

Parabéns ao Grupo Harém de Teatro e seu "Abrigo São Loucas".

Direção acertada, elenco dono da cena e teatro vivo, doelha a quem doelha. E, para os incautos, ou filhos do provérbio da Maria da Inglaterra, durma-se com essa, porque o Harém tem domínio de seu teatro e não há nada que mude a perspectiva plantada nesse lado da linha do equador.

Harém 30 anos! "Ele só quer ser, mas o pior é que Ele é".

Evoé, arte do ator!

quarta-feira, 26 de março de 2014

Dia D Teatro

27 de Março
Nesse 27 de março, em que o mundo comemora o Dia Internacional do Teatro, Teresina também cumpre seu rito de passagem a rituais ao deus Baco e às memórias da invenção de dramas e dramaturgias. As ações, na cidade, começam às 7 da matina, com atos manifestos às artes cênicas.
As atividades abraçam os espaços da Praça Pedro II; Complexo Cultural Clube dos Diários/Theatro 4 de Setembro; Galeria do Clube dos Diários e Sala Torquato Neto; o Espaço Cultural Osório Jr. e Bar do Clube dos Diários, e outros logradouros da cidade, que serão palcos das comemorações de um dos mais antigos e tradicionais exercícios culturais que ocidentes e orientes da terra conhecem.
Na programação, já às 7 horas da manhã, na Praça Pedro II,  a Escola de Dança do Estado "Lenir Argento" promove um "Aulão" e demonstra técnicas de clássico e contemporâneas leituras de corpos, com aluno(a)s da Instituição. Das 9h às 11h, a atriz Silmara Silva será a própria instalação de Estátua Viva. Simultaneamente  atores, diretores e técnicos de teatro participam de entrevistas com a imprensa. 
De tarde, 15 horas, na Sala Torquato Neto, o Grupo Harém de Teatro apresenta o espetáculo "Abrigo São Loucas". A peça reúne os atores Francisco de Castro, Francisco Pellé, Fernando Freitas e Emanuel de Andrade, num saco de risos indispensável. Também às 15h, o Palhaço Tio Biscoly se apresenta no Orfanato da Vila Operária e será a alegria das crianças.
(cenas de "Abrigo São Loucas"/fotos Divulgação)
No fim da tarde, 17h, um Bate-Papo franqueia pontos de vistas teatrais, com a presença de diretores de teatro, autores, atores e atrizes. O encontro também concorre à Sala Torquato Neto. 
Quem pensou que já que havia sido o bastante, a noite ainda reserva + atrações. A partir das 18h30, é a vez do espetáculo "Fogo", montagem do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes e direção de Adriano Abreu. A peça acontece na Galeria do Clube dos Diários e reúne os atores Vítor Sampaio, David Santos, Érica Smith, Carlos Aguiar e Silmara Silva (of e maquiagem).
(cena de "Fogo"/foto divulgação)
Depois dessa pancada de cena e estéticas refinadas, tem ainda, às 19h30, o espetáculo "Aramis", uma montagem de São Paulo. Às oito e meia da noite, a concorrência a dramas e comédias atende pelo nome de Festival Cênico - Cenas Curtas. O palco de realização será o Espaço Cultural "Osório Jr./Bar do Clube dos Diários.  Após as manifestas atrações cênicas, em concursos dramáticos, será entregue o Troféu Rosalina Sousa aos melhores da noite. 
O Festival Cênico - Cenas Curtas aproveita uma bem sucedida ideia de reunir artistas das cênicas, em concorrência livre de teatro horizontalizado, e reorienta a inciativa, de ato contínuo, caracterizada à 4ª. Edição do evento. O ano 2014 homenageia, em reconhecimento aos serviços prestados, uma das mais queridas camareiras do Piauí, dona Rosa Sousa. 
O Troféu Rosalina Sousa nomeia a profissional de camarins  que desempenhou, por mais de 30 anos, a profissão de camareira na Casa de espetáculos, Theatro 4 de Setembro. Mesmo aposentada da função,  a técnica de teatro continua detendo o respeito de toda a classe artística de Teresina e do estado.
O Troféu Rosalina de Sousa – Ano Scheyvan Xavier Lima distribuirá prêmios aos três melhores trabalhos cênicos, apresentados durante o Festival. Serão oferecidos R$ 1.500,00 ao Primeiro Lugar; R$ 1000, 00 ao Segundo e R$ 500,00 ao Terceiro colocado. 
O Troféu Rosalina Sousa norteará os três melhores, entre os melhores e personalidades homenageadas do movimento cultural local e nacional de teatro. Dona Rosa e o ator Wilson Gomes (Shana de Souza) recebem troféu + que especial, por serviços reconhecidos.  E, após o Festival Cênico e a entrega dos Troféus, ainda haverá show musical com a Band Café TheFoyce.
Em descentralização de ações, o Dia Internacional de Teatro também chega ao bairro Dirceu Arcoverde. A partir das 15h às 17h, na Praça Cultural do Dirceu, tem a Performance Estátua Viva. O Circo Zoin e suas artimanhas circenses chegam às 17h30. O Palhaço Tio Biscoly será só risadas quando as 18h30 derem as caras. E ainda haverá Show de Humor, com Amauri Jucá, às 20h30 e, às 22 horas, Sandro Moura encerra as atividades culturais, na praça do Dirceu Arcoverde, com show musical.
As comemorações ao Dia Internacional do Teatro, realizadas pelo Governo do Estado, através da Fundac e promovidas pelo Complexo Cultural Clube dos Diários/Theatro 4 de Setembro e do Bar do Clube dos Diários, congraçam com operários, arquitetos, artífices, desenhadores da cena e  revisitam a memória do deus da dramaturgia universal, Baco. Festas que representam a alegria dos ditirambos contemporâneos e a voz da persona que há em cada artista das cênicas. 
Circo, teatro, música, dança, poesia,  humor, performance/transformismo e sonoridades elementais da cena viva compõem esse Dia Internacional do Teatro. Que é todo teatro da profissão para encantos e ritos e rituais às loas do espírito de convencer pelo lúdico e fantasia em ato e mímesis da alma humana.
Box:
Ainda abertas, até a última hora, as incrições ao FestCurtas - Festival Cênico – Cenas Curtas na Fundação Estadual de Cultura - Fundac, pela manhã até às 13h; no Theatro 4 de Setembro (administração), até às 18h e no Bar do Clube dos Diários, com horário diferenciado de inscrições, vai até às 00h, na véspera do evento e até às 18 horas, no dia de realização do FestCurtas. Só não se inscreve quem não quiser.
Os candidatos ao FestCurtas podem apresentar trabalhos com tempo de, no mínimo, 5 minutos e, no máximo 8 minutos. As categorias às inscrições podem ser circo, teatro, dança, performance, transformismo/dublagens e piada encenada.
Informações: 3222 7100/(86) 8817 2201/9405 0037

 (arte divulgação Dia Internacional do Teatro)

terça-feira, 25 de março de 2014

Memória da Ditadura

Para nunca esquecer
por maneco nascimento

Com a abertura dos porões da Ditadura Militar (forjada no golpe de 1964), se pode agora desvendar segredos, guardados sob  força e fogo, "daqueles dias de cobra da maior humilhação". 

As heranças nunca poderiam ser tão boas para quem sofreu violência e sobreviveu. Muitos sobreviveram bem, graças a Deus, outros nem tanto. Os que contaram a história vivida, ainda era pouco diante de tantas perdas, tantos desaparecidos e herdeiros que ainda esperam uma notícia, que seja, para poderem então enterrar velhas memórias e descansar o espírito de quem sofreu e de quem herdou essa infâmia violenta de "dias de céu de brigadeiros".

A Comissão da Verdade tem nos dado novas informações e aberto registros, documentos e provas de que os brasileiros, da época, estavam certos. Os  heróis da resistência compraram a briga, muitas vezes desigual, de combate aos dias de chumbo. 

Ao completar 50 anos, desde que a ditadura se instalou no Brasil, já apregoamos, nalgum momento, "tortura nunca mais", avançamos em direitos universais e continuaremos brigando para que seja posto, a descoberto, qualquer segredo encoberto pelo véu de um tempo que ninguém precisa esquecer. Especialmente, enquanto tudo não estiver às claras e tenha sido feita justiça a quem ainda aguarda notícias reais dos seus.

E para nunca esquecer é que reproduzo assunto de fevereiro de 2013. Um sobrevivente daqueles tempos obscuros, deixou esse tempo de sua hora e registrou à memória e à história brasileiras seu nome e vivência, mesmo que não + esteja entre o mundo das más lembranças e o que lhe havia sobrado da boa herança de seus pais.


DITADURA MILITAR 19/FEB/2013 ÀS 09:49



Carlos Alexandre Azevedo pôs fim a sua vida no sábado (16), aos 40 anos. Ele foi a vítima mais jovem a ser submetida à violência por parte dos agentes da ditadura militar. Tinha apenas um ano e oito meses quando foi arrancado de sua casa e torturado na sede do Dops paulista

O técnico de computadores Carlos Alexandre Azevedo morreu no sábado (16/2), após ingerir uma quantidade excessiva de medicamentos. Ele sofria de depressão e apresentava quadro crônico de fobia social. Era filho do jornalista e doutor em Ciências Políticas Dermi Azevedo, que foi, entre outras atividades, repórter da Folha de S. Paulo.

Ao 40 anos, Carlos Azevedo pôs fim a uma vida atormentada, dois meses após seu pai ter publicado um livro de memórias no qual relata sua participação na resistência contra a ditadura militar. ‘Travessias torturadas’ é o título do livro, e bem poderia ser também o título de um desses obituários em estilo literário que a Folha de S.Paulo costuma publicar.
Carlos Alexandre Azevedo foi torturado quando era bebê (Foto: Júlia Moraes / Istoé , 2010)

Carlos Alexandre Azevedo foi provavelmente a vítima mais jovem a ser submetida a violência por parte dos agentes da ditadura. Ele tinha apenas um ano e oito meses quando foi arrancado de sua casa e torturado na sede do Dops paulista. Foi submetido a choques elétricos e outros sofrimentos. Seus pais, Dermi e a pedagoga Darcy Andozia Azevedo, eram acusados de dar guarida a militantes de esquerda, principalmente aos integrantes da ala progressista da igreja católica.

Dermi já estava preso na madrugada do dia 14 de janeiro de 1974, quando a equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury chegou à casa onde Darcy estava abrigada, em São Bernardo do Campo, levando o bebê, que havia sido retirado da residência da família. Ela havia saído em busca de ajuda para libertar o marido. Os policiais derrubaram a porta e um deles, irritado com o choro do menino, que ainda não havia sido alimentado, atirou-o ao chão, provocando ferimentos em sua cabeça.

Com a prisão de Darcy, também o bebê foi levado ao Dops, onde chegou a ser torturado com pancadas e choques elétricos.

Depois de ganhar a liberdade, a família mudou várias vezes de cidade, em busca de um recomeço. Dermi e Darcy conseguiram retomar a vida e tiveram outros três filhos, mas Carlos Alexandre nunca se recuperou. Aos 37 anos, teve reconhecida sua condição de vítima da ditadura e recebeu uma indenização, mas nunca pôde trabalhar regularmente.

Aprendeu a lidar com computadores, mas vivia atormentado pelo trauma. Ainda menino, segundo relato da família, sofria alucinações nas quais ouvia o som dos trens que trafegavam na linha ferroviária atrás da sede do Dops.

Para não esquecer
O jornalista Dermi Azevedo poderia ser lembrado pelas redações dos jornais no meio das especulações sobre a renúncia do papa Bento 16. Ele é especialista em Relações Internacionais, autor de um estudo sobre a política externa do Vaticano, e doutor em Ciência Política com uma tese sobre igreja e democracia.

Poderia também ser uma fonte para a imprensa sobre a questão dos direitos humanos, à qual se dedicou durante quase toda sua vida, tendo atuado em entidades civis e organismos oficiais. Mas seu testemunho como vítima da violência do Estado autoritário é a história que precisa ser contada, principalmente quando a falta de memória da sociedade brasileira estimula um grupo de jovens a recriar a Arena, o arremedo de partido político com o qual a ditadura tentou se legitimar.

(Em 2010, em entrevista à revista IstoÉ, Carlos Azevedo relatou o drama vivido desde a tortura sofrida)

A morte de Carlos Alexandre é a coroa de espinhos numa vida de dores insuperáveis, e talvez a imposição de tortura a um bebê tenha sido o ponto mais degradante no histórico de crimes dos agentes do Dops.

A imprensa não costuma dar divulgação a casos de suicídio, por uma série controversa de motivos. No entanto, a morte de Carlos Alexandre Azevedo suplanta todos esses argumentos. Os amigos, conhecidos e ex-colegas de Dermi Azevedo foram informados da morte de seu filho pelas redes sociais, por meio de uma nota na qual o jornalista expressa como pode sua dor.

A imprensa poderia lhe fazer alguma justiça. Por exemplo, identificando os integrantes da equipe que na noite de 13 de janeiro de 1974 saiu à caça da família Azevedo. Contar que Dermi, Darcy e seu filho foram presos porque os agentes encontraram em sua casa um livro intitulado Educação moral e cívica e escalada fascista no Brasil, coordenado pela educadora Maria Nilde Mascellani. Era um estudo encomendado pelo Conselho Mundial de Igrejas.

Contando histórias como essa, a imprensa poderia oferecer um pouco de luz para os alienados que ainda usam as redes sociais para pedir a volta da ditadura.
Luciano Martins Costa, Observatório da Imprensa"

Fonte: (www.pragmatismopolítico.com.br)

Teatro Novo

"Anônimos" e suas falas
"Anônimos" é o nome do espetáculo que o Grupo Teatro Novo, de Fortaleza (CE), traz a Teresina e poderá ser conferido, nos dias 29 e 30 de março, às 19 horas, na Galeria do Clube dos Diários/Complexo Cultural Theatro 4 de Setembro.
 As apresentações, com Entrada Franca, fazem parte do Projeto Circula Anônimos – Nordeste, que percorre cidades brasileiras . A peça éum espetáculo para rir e se emocionar! Oito anos de sucesso, público e crítica!”, declara o Grupo Teatro Novo.
A montagem buscou fundamentos de dramaturgia a partir de pesquisas sobre fragilidades do corpus e corpos na terceira idade. Refletir a preciosidade que representam nossos idosos e desbancar o descaso que, por vezes, a sociedade atribui a quem envelheceu e é tratado como sem utilidade.  Para aprofundar mudanças socioculturais e manter a identidade do Teatro Novo é que, em 2006, o ator e diretor Sidney Malveira monta o espetáculo "Anônimos", ao comemorar dez anos de carreira.
O Prêmio Funarte de Teatro "Myriam Muniz", na Categoria Pesquisa - Montagem e patrocínio da Petrobrás, possibilitou ao diretor Sidney Malveira e Grupo Teatro Novo desenvolverem a pesquisa no Lar dos Idosos “Torres de Melo”, em Fortaleza, e finalizar a busca com a montagem "Anônimos".
Na montagem, o ator percorre as vias da comédia e drama para “reviver” cenas do cotidiano de três idosos e tendo o espectador como coadjuvante, como num “bate-papo” descontraído. A peça mostra um dia, como outro qualquer, num lar de idosos, onde os moradores esperam ansiosamente pela visita de seus familiares, parentes, amigos, ou qualquer pessoa que se disponibilize a ouvir suas histórias, suas alegrias, tristezas e sonhos que se renovam a cada amanhecer.
A Direção e Atuação, no espetáculo, é de Sidney Malveira, que detém ainda a dramaturgia do texto. A Supervisão de montagem é de Ricardo Guilherme; Assistência de Direção, Design e Vídeo, de Dryca Lima. A Fotografia, de Marcelo Brasileiro; Figurino de Thaís de Campos; Iluminação de Aldo Marcozzi e Cenário, Sonoplastia e Produção do Grupo Teatro Novo.
O Grupo Teatro Novo, criado em 1965 pelos atores Marcus Miranda (Praxedinho), Maria Luiza e Aderbal Freire Filho (radicado no Rio de Janeiro e um dos grandes diretores de teatro nacional), soma já + de quarenta anos e, dessa geração de artistas cearenses fundadaores, Marcus Miranda dedicou sua vida às artes cênicas como ator, diretor e cenógrafo, durante muitos anos, na cidade de Fortaleza.
Sidney Malveira assumiu a direção do Grupo Teatro Novo, em 2001, e confirmou a identidade da companhia cênica em memória de um de seus fundadores, Marcus Miranda. A continuidade de tradição e transmissão, geração a geração, das ideias geradoras do Grupo geraram fidelidade nos resultados das montagens realizadas. O segmento artístico se pauta na responsabilidade social e interage no campo econômico, político e cultural, em discussão do próprio papel na sociedade.
Sidney Malveira dirigiu os espetáculos, “Dorotéia vai à Guerra” (2001), nos 50 anos de carreira de Marcus Miranda; “Um Minuto de Silêncio” (2002), resgatando aos palcos a Dama do Teatro Cearense, Antonieta Noronha; “As Bestas” (2003), com Leuda Bandeira e Mazé Figueiredo; “Cena Contaminada” (2004), com dramaturgia experimental, a partir de obra de Caio Fernando Abreu.
Outras direções que Malveira responde, “Tempo de Espera”, de Aldo Leite, montagem de 2005. Em 2006 produziu “Anônimos” em que atua e dirige a encenação. O Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz para Pesquisa - Montagem rendeu uma leitura afinada à cena. Também produziu, em 2006, a montagem de teatro/dança “Eu Ando, Tu Andas, Eles... Observam”, de Dryca Lima.
Em 2008 e 2009  os espetáculos “Anônimos” e “Eu Ando, Tu Andas, Eles... Observam”, circulam por bairros de Fortaleza, através dos Prêmios II e III Edital de Incentivo às Artes da Fundação de Cultura, Esportes e Turismo de Fortaleza. 
(Sidney Malveira em "Anônimos"/divulgação)
Sidney Malveira também assina a direção de “Coisas – Palavras Canções”, com o veterano ator cearense Ary Sherlock, que completava 55 anos de carreira do artista. Em 2010, com o Prêmio Klauss Viana de Dança - Funarte, monta “Bianchi – História e Sonho de um Bailarino”, homenagem a Hugo Bianchi, mestre da dança cearense.
Realiza, em 2010, as comemorações dos 45 anos do Grupo Teatro Novo. Com o Prêmio Myriam Muniz - Funarte, lança o site do grupo, uma publicação, a Mostra de repertório e a estreia do espetáculo “Na Contramão do Tempo", já no ano de 2011, para temática do teatro gestual. Na estreia do espetáculo, Aderbal Freire Filho participou de um bate-papo teatral, em Fortaleza, sua terra natal.
Desde 2006 o Grupo Teatro Novo mantém, continuadamente em cartaz, uma das peças de seu repertório e tem percorrido palcos regionais e nacionais, sempre com uma excelente recepção para “Anônimos”.
A temporada da montagem, em Teresina,  ocorre nos dias 29 e 30 de março de 2014, sempre às 19 horas, na Galeria do Clube dos Diários. A Entrada é Franca.
Informações: (86) 3222 7100.

segunda-feira, 24 de março de 2014

O Palhaço, o que é?

É dono da alegria
por maneco nascimento

O Grupo Pirilampo, de Brasília – DF, esteve em Teresina, de 21 a 23 de março de 2014, para uma ação cultural que envolveu Workshop Intensivo – Oficina de Palhaçaria e apresentação do espetáculo "Pra subir na Vida", exercício de ator para ato circense, dedilhado pelo Palhaço Pipino.

As apresentações do espetáculo aconteceram no Teatro do Boi (Matadouro), no horário das 17 horas, no sábado, 22, e domingo, 23, e quem não viu, não riu. 

Perdeu uma boa oportunidade de se desarmar, ganhar uma dose de felicidade e deixar fluir a criança, quase sempre esquecida, que há dentro do bicho homem chamado adulto

As crianças, com certeza, foram sucesso garantido ao bom riso e cumplicidade conquistada pelo desempenho do Palhaço Pipino.

O ator Guilherme Carvalho, com seu bom Palhaço, vem se achegando como quem parece não querer nada e, aos poucos, numa determinada interação natural, em competente campanha declarada de envolver e criar o consentimento da plateia, ganha o público, adulto e crianças, e demonstra o que o Palhaço é, um conquistador de risos e liberdades anunciadas de só rir.

Guilherme alia as piadas do circo, ações clownescas universais, o riso elaborado, para roubar o sorriso preso na câmara escura da plateia conquistada. Vai enredando a assistência, com as gagues histriônicas, sketches harmônicas, despejadas na simplicidade da memória afetiva do fazedor de rir. O dono do riso de picadeiros, da rua, da praça, da casa afinada, o Palhaço Pipino, devora a todos.
(Palhaço Pipino/fotos Camila Motikovsk)

O número de entrada, a apresentação da personagem da comédia das artes da alegria, o Palhaço e suas manobras para convencer e entreter sem perder o tempo da piada. Consegue prender a atenção e solidificar um feedback eficaz. 

Os ícones do riso vão sendo apresentados até compor a personagem dramática da gargalhada econômica e do entretenimento. O seu cão adestrado, sua mala de surpresas e caixa de magias e lúdico, são dados que permitem o fingimento convincente.

O vendedor de escadas e demonstrador do esconde e mostra, ponto muito divertido do espetáculo, como técnica de mímica bem aplicada ao histrionismo da magia revelada, sem a dispensa do ludismo, forjado para mover público em cumplicidade da velha interação na palhaçaria, contida na ação integrada de ator-personagem-público.

A mulher, que persegue Pipino, com um cassetete, é de uma feliz concorrência de atrair o público para si. A aliança das palhaçadas e ações envolvendo o mamulengo em brincadeira dinâmica do ator (manipulador) e boneco (manipulado) aciona alegria esperta de confluir linguagens cênicas do ato dramático, com inteligência e humor que xipofagizam a fantasia e demonstram inteireza e domínio técnico para não perder o fio tênue entre o real e o fantástico mundo mágico do teatro de homens e títeres.

O mágico; o contador de histórias em tramas que envolvem a participação ativa de alguém da plateia, ou todo o público presente na ação enredada; o número tradicional da pulga amestrada e a música que encerra o ato do espetáculo, em que a interrelação cobra novamente plateia e personagem juntos, tudo é todo um roteiro em que os gracejos exigem envolvimento incondicional de cada um na plateia da hora.

O Palhaço Pipino, de Guilherme Carvalho, consegue gerar uma energia envolvente e nunca descartável e mantém a assistência ligada, na lavagem da alma condicionada a rir sim, sem medo de ser feliz. 

Não há como não se contagiar com a esperta e tranquila estratégia de Guilherme em fundir o público, como aliado, e dividir as conquistas que o enredo vai formando ao longo da brincadeira, das provocações de cena solicitadas.

"Pra subir na Vida" que começa com um pregoeiro, vendedor/demonstrador de equipamentos de deslocamentos (escadas rolantes, espirais, esteiras de academia, elevadores, etc.) acaba discretamente compondo a ascensão do espetáculo, quer seja no assomo de interesse da plateia ao sugerido, quer seja no crescente que a atrama enredada consegue até fechar o ciclo da história contada.


Aos dias em que o mundo das tecnologias requer aliança de sobrevivência, as ações de teatro na forma tradicional de encantar e enlevar espíritos à alegria ainda surtem bom efeito. Os + de quarenta minutos de, "Pra subir na Vida", conseguem deter interesse e realizarem ao final do enredado, uma felicidade que integra crianças e adultos na tarefa fim da proposta, fazer rir e o faz bem.

domingo, 23 de março de 2014

Ternura pura

Ela tem de sobra
por maneco nascimento

Velhas tardes de domingos foram relembradas no último dia 21 de março, sexta feira, quando se viu em toda forma, força de se fazer cantora e toda à prova de fogo, posta a xeque, porque há pessoas que juntam trabalho, profissão, lucros naturais do próprio esforço profissional e felicidade consentida. E ninguém se assina Wanderléa impunemente e muito menos alguém apelidada de Ternurinha.
 (Ternurinha em Teresina/foto celular Jorge Carlo)

Um furacão de luz, alegria, vigor em manter-se na ativa e felicidade em, como confessou, estar pessoalmente cantando tão próxima do público. Wanderléa começou seu ótimo show lá pelas oito da noite. Antes, Iracema Teles soltou a voz e se fez entender na entrega de cantar, outro vulcão que aqueceu a noite e ouvidos, com um repertório afinado e talento assentado em caminhos da canção.

Wandeca começou com seu calor peculiar e carregou consigo uma plateia ansiosa por ouvir seus tradicionais sucessos. Chegou, se enturmou com facilidade solidária, lembrou memórias envolvendo um piauiense amigo, cantou de improviso da própria memória, sem auxílio da dália, uma canção fora do repertório planejado e voltou, de novo, ao roteiro muito aberto, haja vista ter atendido a todos os pedidos.

Os velhos e queridos sucessos da Jovem Guarda, os rocks e outros sons melódicos emblematizados na sua voz e que a tornaram uma das primeiras estrelas rockeiras do Brasil. Lembrou, em homenagem pontual, Celly Campello e o clássico Banho de Lua.
(O público da Ternurinha/foto celular Francisco de Castro)

A Banda parecia reunir todo o tempo de canção e palcos amaciados no livro tombo de história da Ternurinha. Canções de Erasmo e Roberto. As românticas e inesquecíveis em sua voz e seu maneirismo suave, afinado e aveludado vocal de cantar o amor e os enredos amorosos e da paixão da Bela das tardes em Jovem Guarda e o tempo melódico, que manteve consigo, depois que a carreira sempre pop chamou-a a continuar sendo a sempre Wanderléa.
(Banda, Wandeca e público atento/foto celular Francisco de Castro)

Canções como Ternura; Te Amo; Prova de Fogo; Pare o Casamento e tantas outras relembradas, carinhosamente, em respeito ao público que a deixou muito feliz, satisfeita e integrou em seu show com intimidade de quem voltou para rever velhos amigos. Deixou as pessoas cantarem, entoaram Wanderléa que também embalou a todos. Todo mundo ficou satisfeito, foi interatividade prazerosa.

Justificou a presença de seu técnico de som para garantir que nada maculasse o que trouxe para a cidade de Teresina. Apresentou a Banda que a acompanhava, e riu, brincou, fez um quatro, equilibrado em todo humor, para rocks e pops e outras estripulias que confirmaram sua toda energia e vitalidade que só a profissão escolhida, para efeitos de felicidade, poderia lhe ter assegurado.

Alguém com muito + de cinquenta anos de carreira e régua e compasso que a idade jamais interrompeu. Uma gata selvagem em teto de silício e leoa que lambe a cria e ronrona com juba de grande tigresa de unhas afiadas e íris com de mel, parafraseando o poeta e sua licença em canção.

Ouviu seu público com toda a atenção, atendeu aos pedidos, tirou fotos com tietes, sentiu de perto o calor de gerações que acorreram em ficar juntinho da Ternurinha que toda ternura, respeito, carisma e muita felicidade dedicou a Teresina e a toda a gente que se apertou na Galeria do Clube dos Diários e não se arrependeu da escolha em agenda na cidade.

Pode-se ver gerações que a antecedem, que fazem parte de sua idade, que poderiam ser seus filhos e netos e um público muito, mas muito interessado em ouvi-la cantar. Show inesquecível, quem tem memória resguardada sabe bem o que foi ver, ouvir e estar presentemente envolvido com a música da Wandeca, cantora feito furacão da jovem e sempre nova guarda da canção brasileira.

Num piscar de olhos, daqueles ouvidos atentos na noite de sexta feira, 21, o show de Wanderléa & Banda chegou ao fim. Era + uma edição do Projeto Seis & Meia e não fez feio, manteve a mesma linha que detém o evento sempre vivo. Reunir nomes da MPB, revigorar a memória e a história da música popular brasileira, quebrar os novos paradigmas de penetração das indústrias culturais que regem o mercado atual e manter acesa a canção nacional.

Wanderléa finalizou, com toda a ternura de música, em música, de mulher, mãe e artista desse país da diversidade. Falou de paz, amor, solidariedade, família e respeito ao outro. Bem humorada, feliz, tranquila, despojada, amiga de seu público, linda e num corpicho invejável daquela que mãe, avó, cantora pop e a nossa inesquecível Ternurinha.

Se morrer não é o fim, viver com a memória de ver energia e luz dedicadas à carreira assentada é sono tranquilo para quem participou da noite de Wanderléa & Banda no Projeto Seis & Meia.

Linda e aquele público pareceu se sentir enfeitiçado, qual menino de alma bonita por só olhar e viver todo o momento que a Bela dedicou a ele. Foi só olhar, cantar suas canções, reverberando como o coro ardente das memórias musicais revisitadas e, depois, ir embora extasiado com tanta ternura dada àquela noite pela verve de Wanderléa.


Ternura pura, Wanderléa foi só Ternurinha em grande estilo e coração de quem sempre soube como é bom ter afinidade entre instrumentos de arte e artistas, dividindo cena, sonoridades, tons e melodias que a fazem tão bem e fazem da MPB local de bem viver.