segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Verdade tem pressa

Verdade tem pressa
 por maneco nascimento

Nascido em uma pequena cidade do interior baiano, Caetité, ele é considerado um dos maiores educadores brasileiros. É avaliado para quem seria, reunido com Paulo Freire (1921 – 1997) e Darcy Ribeiro (1922 – 1997), um dos grandes pilares em defesa da educação brasileira.

Anísio Teixeira (1900 – 1971) morreu em circunstâncias obscuras durante a ditadura militar. Em 11 de março de 1971, seu corpo foi encontrado no fosso do elevador do edifício onde morava o acadêmico Aurélio Buarque de Hollanda. O educador teria ido visitar o amigo. O corpo de Anísio Teixeira foi recolhido do fosso do elevador, sem qualquer realização, segundo consta, do levantamento cadavérico pelos peritos da polícia.

Anísio Teixeira enquanto atuou em cargos públicos na área da educação, conseguiu colocar na agenda política a questão da escola pública, universal e gratuita, como a principal das exigências nacionais.

Suas ideias foram retomadas com a colaboração de Darcy Ribeiro, na UnB, desde o início de seu funcionamento em 1962.

Abortada a renovação da universidade brasileira com o golpe de 64 e o desmonte da UnB em 1965, as ideias de Anísio voltam a ser debatidas.

Ele elaborou de modo rigoroso durante toda a sua vida a ideia de uma escola primária (equivalente aos quatro primeiros anos do atual ensino fundamental) do dia inteiro.
Na Bahia, instalou o Centro de Educação Popular Carneiro Ribeiro, em 1950.

Esse tipo de escola primária em dois turnos – segundo o professor João Augusto de Lima Rocha –, iria servir de base para o modelo educacional de Brasília, do Estado da Carolina do Norte, nos EUA, e do recém-criado Estado de Israel.

Toda a vida de Anísio Teixeira foi de uma dedicação total em prol da melhoria da educação brasileira.
Mesmo num país de escassa memória, ele não pode ser esquecido.
 (Vieira, Emanuel Medeiros. Morte de Anísio Teixeira deve ser investigada [Em memória do grande educador brasileiro.]/www.deolhonacapital.com.br/2012/11/14/anisio/ às 05h06)

(Anísio Teixeira/foto: o globo)

Em momento de devassa nos arquivos da ditadura, com a ação da Comissão Nacional da Verdade, Emanuel Medeiros defende, assim como qualquer brasileiro, que seja também posta à mesa de domínio público as reais circunstâncias em que ocorreu o “acidente” que jogou o educador no fosso de um elevador.

A Comissão de Memória e Verdade Anísio Teixeira, da Universidade Nacional de Brasília, instituição fundada pelo educador, com o apoio da Comissão Nacional da Verdade, nos deve o desanuviar desse véu que impede, há + de quarenta anos, que saibamos o porquê de um homem que vai visitar um amigo, acabe despencando no vazio do fosso de um elevador. 

Assim como quem erra a entrada e, desavisadamente, decai ao nada, o educador que em tempos de vigor paladino, incômodo aos interesses militares da sociedade cuidada a mãos de ferro, em dias de chumbo, sofreu uma baixa forçosa.

Crê-se que a família, a sociedade brasileira e + toda a gente que viveu os horrores no enfrentamento dos dias de armadilha oficial militar, merecemos também uma solução imediata ao caso Anísio Teixeira.

O protocolo de reabertura das investigações, assinado pelos membros das duas comissões, certamente trará clareza ao silêncio da inusitada morte de Anísio Teixeira. Reitor da UnB, Anísio Teixeira foi cassado pelo golpe de 1964.


Foi elaborado um memorial sobre as circunstâncias da morte, (...) pelo ex-deputado federal Haroldo Lima, sobrinho-neto de Anísio, pelo filho Carlos Antônio Teixeira, pelo genro Mário Celso Gama e pelo escritor João Augusto de Lima Rocha, autor de uma biografia sobre o educador.

Como lembra o jornalista Biaggio Talento, ‘eles sempre desconfiaram da versão oficial de que Anísio teria caído por acidente do poço do elevador, e suspeitam que ele foi, na verdade, assassinado por agentes do regime militar’.

O memorial contém depoimentos de pessoas próximas ao educador que afirmam que há fortes evidências de que Anísio foi torturado, sendo o corpo colocado no elevador.

Seu corpo foi recolhido do fosso do elevador, sem a realização do levantamento cadavérico pelos peritos da polícia.
No memorial, Haroldo Lima afirma que ‘o acadêmico Abgar Renault (amigo e colaborador de Anísio) soube pelo comandante do I Exército, que Anísio Teixeira estava detido na Aeronáutica’.

Luiz Vianna Filho, que governava a Bahia na época, também confirmou a prisão de Anísio.

A verdade aparecerá? É um débito que todo o Brasil tem em relação ao educador exemplar, que tanto fez pela sua Pátria
.” (Idem)

Pedido de desculpas, indenizações necessárias, restauração da memória livre de dúvidas e obscurantismos, recuperação da dignidade vilipendiada por poder violento e massacrante das liberdades e de desejos firmes de combate à exceção, tudo devem-nos os novos tempos de investigação para a verdade.

Aos heróis da resistência, em recuperação da honra maculada e manutenção do respeito de memória e história brasileiras, é que as Comissões de investigação da verdade nos vão restabelecer a clareza desse período, envolvendo, nesse caso específico, o grande educador Anísio Teixeira.

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