Dobradinha Lusófona - Parte I
por maneco nascimento
Na noite do encerramento do
Festival de Teatro Lusófono, 31, no palco do Theatro 4 de Setembro, às 19h,
para um público considerável e atuante a primeiro e segundo pisos, só risos,
gargalhadas, histórias de memórias registradas, no livro de borderô do teatro
piauiense brasis, a todas as línguas irmãs de lusofonias sem tradução.
O Grupo
Harém de Teatro, realizador do FESTLUSO e anfitrião das nações lusófonas de África,
Portugal e Brasil brindou a cena brasileira com o espetáculo “Abrigo São Loucas”,
montagem no prelo do Harém.
(Maria Francisca, Maria Fernanda e Maria de Castro/acervo Harém)
Espetáculo de segunda entrada da
Trilogia hareniana , Dramaturgia e Política, “Abrigo São Loucas” reúne os
atores Francisco Pellé, Francisco de Castro, Fernando Freitas, Emanuel de
Andrade, sob a direção e texto de Arimatan Martins e, na viabilidade de serviços
técnicos, o encargo de Assai Campelo, Iluminação, e Mapa de Sonoplastia, de Márcio
Britho.
Para uma prospecção nos cinquenta
anos de política e manejos fisiologistas local, os intérpretes encaram três
ex-primeiras damas que regurgitam os tempos áureos em que a Lei de Responsabilidade
Fiscal, Ministério Público e Polícia Federal não interferiam em negócios de
família e política nos rincões do Brasil esquecido pelo deus da justiça
constitucional.
(Francisco de Castro, Francisco Pellé e Fernando Freitas/acervo Harém)
Maria Francisca Antônia Vieira,
Maria Francisca das Chagas de Castro e Maria Fernanda Jorge de Freitas, com
suas cargas de herança familiar hereditária, em descrição interminável de
nomes comuns que sobrenomeiam o domínio de territórios a quase feitio imperial,
sobrecarregam consigo a amargura melancólica de terem perdido toda sorte de benesses com a
morte do marido comum de todas, o prefeito Dé, e o confisco dos bens, rigorosamente, reunidos em cinquenta anos de poder.
Peça de cunho ao entretenimento e
crítica reflexiva ilustrada pela cena distanciada, no mote de linguagem da
comédia política do absurdo, se instala no inventário popular político piauiense,
em meio século de (des)mandos que o espectador identifica e intervê a identidade, imediatamente.
No desenredo das três Marias, Maria Francisca, Maria de Castro e Maria Fernanda, a revisão
acrítica das personagens à retenção crítica do público que absorve o rosário de prestação de contas públicas de mulheres, à sombra das administrações do(s) marido(s), chefe(s) do poder executivo local.
No desenredo das três Marias, Maria Francisca, Maria de Castro e Maria Fernanda, a revisão
acrítica das personagens à retenção crítica do público que absorve o rosário de prestação de contas públicas de mulheres, à sombra das administrações do(s) marido(s), chefe(s) do poder executivo local.
(Abrigo São Loucas/acervo harém)
O elenco, muito afinado,
transforma picardia distanciada em recurso de rir, porque preciso, mas com
estocada venal aos ditames de eixo familiar e dna político fincado nas contumazes
e viseiras práticas do fisiológico, nepótico e corrupto meandro dos gabinetes
domésticos da política secular brasis. Sem desnível de compreensão e integração
da mensagem de dramaturgia, Francisco Pellé, Francisco de Castro, Fernando
Freitas e Emanuel de Andrade deslizam com desmedido prazer e liberdade cênicos
para deleite da plateia.
Veneno de ponta de língua e de
articulação, que salta à frente da “cobrisse” premeditada. Deixa sabor de teatro
concentrado na arte de fingir, sob a tutela do discurso político, sem "ofender" a
tradição política local, nem nomes tradicionais familiares incluídos em esmera
coincidência.
O tempo das tiranias de humor ácido retém inteligência e ação de despejo do veneno, na hora e segundo dramático certos. Na veia, sem perder a comunicação do escalpo. É sangue bom em aquecimento das estratégias de pilhérias, picardias, histrionismo cáustico e direto que encontra, no corredor de passagem e chegada simultânea ao entendimento do público, o melhor eixo do riso através do quadrilátero de intenções e atenções de dramaturgia afiada dos atores em cena.
O tempo das tiranias de humor ácido retém inteligência e ação de despejo do veneno, na hora e segundo dramático certos. Na veia, sem perder a comunicação do escalpo. É sangue bom em aquecimento das estratégias de pilhérias, picardias, histrionismo cáustico e direto que encontra, no corredor de passagem e chegada simultânea ao entendimento do público, o melhor eixo do riso através do quadrilátero de intenções e atenções de dramaturgia afiada dos atores em cena.
(Deslumbres de ex-primeiras damas/acervo Harém)
“Abrigo São Loucas”, de lucidez
orgânica na cena construída e de loucuras permissíveis na dramaturgia hareniana
para arte e ciência dramáticas eficientizadas. Cinquenta e cinco minutos a refresco,
de fruta madura colhida do quintal latifundial e genético da política local, escarafunchada pela batuta da direção de geografia do humor hareniano.
Após a apresentação do Grupo Harém
e seu “Abrigo São Loucas”, uma pequena pausa para arregimentar ato lusófono de segunda
entrada. Às 21 horas, seria a hora do público da Semana da Lusofonia receber “Pão
com Ovo”. Espetáculo facilitado, à cena por César Boaes, através do deus Ex-Machine a mitos
contemporâneos revisitados, incorporado pelo Grupo de Teatro Santa Ignorância Cia. de Artes, de
São Luís Maranhão Brasil.
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