por maneco nascimento
O Grupo Harém de Teatro cumpriu tabela de parceria com a Mostra CulturaThe, no último dia 18 de setembro, às 20 horas, no Espaço Cultural “Osório Jr.”/Bar do Clube dos Diários.
Na pauta, a apresentação do espetáculo “Abrigo São Loucas”, montagem com texto e dramaturgia de cena, assinadas por Arimatan Martins.
Impensável o Projeto sem a inclusão de “Abrigo São Loucas”. O Mostra CulturaThe consegue, nestas três semanas de ação cultural, reunir grupos e artistas que detêm informação cultural e práxis artística para ninguém botar defeito. O Grupo Harém de Teatro é um desses exemplos que compôs interação com o CulturaThe e com o público contumaz ao espetáculo.
O Mostra CulturaThe que tem patrocínio do Armazém Paraíba, através da Lei de Incentivo Estadual à Cultura – SIEC/Governo do Estado do Piauí, e começou sua bateria de atividades no dia 13 de setembro, chegou ao dia 18 com a atenção voltada ao espetáculo e Grupo Harém de Teatro.
“Abrigo São Loucas”, um doce deleite que aglutina humor refinado, picardia ácida, ação cênica crítico reflexiva e um corolário de riso e entretenimento que valoriza a estética dramática hareniana e o talento comprovado do elenco que está à frente do espetáculo.
Emanuel Andrade (Dé, Né, Zé); Fernando Freitas (Maria Fernanda), Francisco de Castro (Maria de Castro) e Francisco Pellé (Maria Francisca) revalorizam a cena proposta, com o texto inteligente e venal, de discurso político, através das nuances, particularidades e maturidade individual de cada ator que revigora as personagens que lhes são apresentadas.
(as ex-primeiras damas revivem memórias/fts. C. Moreyra)
Na noite do dia 18 de setembro, + uma vez “Abrigo São Loucas” reiterou o porquê do espetáculo, que discute política nepótica e despótica, imbricada em meandros de corrupção e desmandos de recursos públicos. E conseguiu atrair tanto interesse a quem já tenha tido, ou não, oportunidade de ver a peça.
Cada ator, uma surpresa. Cada fala social, transformada em estética dramática, uma boa surpresa e aproximação de identidade crítica de quem interage no objeto da ação cênica discutida, no cumprimento da estratégia dramatúrgica posta à exploração dos intérpretes e à recepção do público.
Um riso de si mesmo, como aponta Aristóteles, e uma válvula do só riso enquanto mexe com política e cultura useira e viseira de prevaricação e desvio de recurso público, tão comum na cultura da política de capitanias hereditárias e os desdobramentos sócio políticos na terra brasis.
Francisco de Castro, uma ex-primeira dama, entre o escatológico e a loucura cênica concentrada e em conluio do teatro de expressão e vinho em franca maturação.
Fernando Freitas, não deixa de reafinar sua natural e competente construção da personagem, endossada pelo tempo e hora de compleição da arte do fingimento. Marca inflexão com silêncios planejados e preenchidos com falas determinantes de finalização e reforço da piada, ou de efeito dramático.
(KK, Emanuel, Pellé e Fefê São é Loucas/ fotos C. Moreira)
Francisco Pellé, com sua natureza histriônica e tempo de dizer seu texto, completa o triângulo das três ex-primeiras damas, que expiam a má sorte, em cadeia, que as empurrou para a vida de desapego das benesses e do hábito de apropriação indébita do dinheiro e finalidades do recurso público. Sabe sua hora e seu tempo de revelar e confirmar as falas da personagem que lhe cabem.
Emanuel Andrade realiza o partner das ex- primeiras damas, ilustra os devaneios trazidos à tona pelas senhoras. Como representação, em flashbeck, das personagens dos maridos delas, contribui para interagir propositadamente ao reforço de entendimento da narrativa dramática. O Dé, Né e Zé, com que brinca Andrade, corroboram, de forma eficaz, ao redondo do riso.
“Abrigo São Loucas”, visto na Mostra CulturaThe, dia 18 de setembro, no Espaço Cultural “Osório Jr.”/Bar do Clube dos Diários, a partir das 20 horas, dirimiu toda resistência de conter riso e deu à assistência uma boa dose de felicidade, na práxis do exercício do convencimento.
Não há quem não tenha se envolvido com + uma faceta do Harém que desloca o homem brasileiro ao centro da cena e distribui um refresco, sem perder o norte da ação teatral. Faz o teatro vivo que brinca, de forma séria, de fingir e convencer.
(+ uma pauta cumprida do "Abrigo..."/fotos C. Moreyra)
“Abrigo São Loucas”, na Mostra CulturaThe, foi 10 e o Harém tem à mão uma pérola prospectada da pesquisa e insistência em projeto de cena e manifestada ao outro, na pessoa do um coletivizado.
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