Overdancem
por maneco nascimento
O dia 29 de abril, comemorativo à dança, foi uma overdança de
manifestações de academias, grupos e organizações agremiadas de corpos que
dançam.
Palco da festa ao Dia Internacional da Dança: Complexo Cultural do
Matadouro – Teatro do Boi, a partir das 18 horas. A linguística de corpos e
anatomias distendidas cumpriram bem a pauta da noite e deram seu sangue em arte
e cultura representada.
24 companhias de dança convidadas, 20 delas marcaram presença em seus
estilos, pesquisas, ousadia e determinação em manter-se escrevendo a história e
memória da dança da cidade. Expressaram sua arte significante e significada aos
corpos falantes. Para curiosos, amantes, iniciados e iniciantes, mestres e
professores, laureado(a)s e convidado(a)s, um sinal positivo abrilhantou a
festa. Uma overdança qualificável.
Do repertório de apresentações, o Balé da Cidade de Teresina trouxe uma
coreografia; a Escola de Dança do Piauí “Lenir Argento”, um número de criação
em suas fileiras de repertório escolar. Escola Balé de Teresina, duas
coreografias; o Balé da Comunidade apresentou três números. A APAE também se
representou muito bem. O Balé Jovem do Piauí, esse veio com gosto de gás e
viabilizou 11 trabalhos, distintamente de expressão e experimentação dos que
dançam porque vivem sua dança.
O Cordão Grupo de Dança, com seus meninos e meninas energéticos, se
representou em dois números e sabe porque sabe quando a hora é de dançar a
própria experiência em arte continuada. A Báttali Cia. de Dança esteve para
três momentos coreográficos, como também a companhia convidada, vinda de Lagoa
do Piauí, Corpo Dança Movimento. A Cia. Cynthia Layana, em toda sua
graciosidade e pesquisa da cultura popular brindou a festa em duas coreografias
bastante significantes.
As meninas da Casa de Zabelê também fizeram seu número e, em seguida,
foi a vez do Balé Popular do Piauí com uma pesquisa de arte e memória popular
dançada. A Organização Ponto de Equilíbrio – OPEQ trouxe dois números. Um, pelo
menos, merece comentário diferenciado. Para surpresa de alguns coreógrafos que
ladeavam comigo a assistência dos espetáculos, sofremos um impacto ao vermos a
organização apresentar coreografia do clássico. Crianças sem ponta, joelhos
duros, nenhuma clareza ou orientação eficientizada à linguagem de tradição.
Um constrangimento a quem vê e um equívoco a quem está convencida de
que pratica dança clássica. Que a OPEQ invista em linguagem do clássico, se
entende bem, porque livre arbítrio de facilitar a dança, embora fora de sua
tradição de moderno e contemporâneo aplicada, mas o resultado não era para
demonstração pública. Pareceu ser a única “peça” apresentada que
descaracterizaria o momento, mesmo outros resultados que parecessem elementar,
não estiveram perto daquela inadequação do clássico.
Na sequência, O Grupo La Danza, com um número; Le Ballet Studio de
Dança, com quatro coreografias; Só Homens Cia. de Dança, uma coreografia; a Academia de Balé Helly Batista, dividiu-se em dez números, se representou muito bem. A
Academia Passos a Dois, em sua inovidade de dança de salão, trouxe um passo do
que é seu; a All Street Songs, em sua fúria de dança em clip e corpos
sincronizados no tempo da música midiática. Desempenho jamais desprezável.
A noite encerrou-se com a Cia. Moviment Street, em dois números de virtuose para eixos e assimetrias de corpos em adequação ao palco “in ritm dance”. Bonito de ver a juventude em desempenho de sua crença à arte e cultura de identidade em coletivo.
A noite encerrou-se com a Cia. Moviment Street, em dois números de virtuose para eixos e assimetrias de corpos em adequação ao palco “in ritm dance”. Bonito de ver a juventude em desempenho de sua crença à arte e cultura de identidade em coletivo.
Dia Mundial da Dança, no palco do Teatro do Boi, 54 olhares
coreográficos demonstraram porque a cidade mantém uma tradição de dança a la
exportação. Nazilene Barbosa, Roberto Freitas, Weyla Carvalho, Sidh Ribeiro,
José Nascimento, Samuel Alvis, Marinalva Gamosa, Luzia Amélia, Irineuda Dias,
Geiza Pinheiro, Socorro Bernabé, Cynthia Layana, Kiara Lima, Frank Lauro, Valdemar
Santos, Kleo di Santis, Helly Jr., Marcio Felipe, Márcio Gomes.
Perderam a festa as companhias Edinalda Vieira, Studio de Dança Gisele
Sousa, Horus Cia. de Dança e Cia. Art Dança (Francisco Moreno). Mas estavam
presentes em movimento da cidade que dança porque precisa.
Aquela noite é que foi inesquecível, quer porque era um dia especial à
dança, quer porque a cidade veio prestigiar o evento. Pelo menos 300 pessoas
concorreram a um lugar na plateia do Teatro do Boi. Foi uma grande noite e o
público resistiu até o fim. Três horas e meia de dança revisitada.
(artistas em cena de dança/foto: fmc)
Realizado pela Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de
Cultura Monsenhor Chaves, o Dia Mundial da Dança teve a organização da
Coordenação de Dança da FMC (prof. Dedé, Marinalva Gamosa, Shirlyanne Oliveira) que cumpriu não só o “mètier”, como fez um
“trainning” para o FestDança 2013 que acontecerá em setembro.
(artistas em cena de dança/foto: fmc)
Overdancem, porque era Dia Mundial da Dança e todo o universo conspirou
a favor de quem vive a dança na cidade.
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