Elétrica noite
por maneco nascimento
A noite do dia 24 de janeiro de 2013, a partir das 20 horas,
no palco do Teatro do Boi (Complexo Cultural do Matadouro), se se tivesse
desdobrado em duas, ainda seria pequena a energia em alegria contagiante na
defesa das concorrentes ao Prêmio do 2º. Concurso de Músicas Carnavalescas de
Teresina.
Cada cantor, compositor (também teve quem respondesse pela
própria canção), ou intérprete defendeu sua piaba brilhante, com a força
artística de quem bebeu água dos rios que lava a cidade e reúne talento
criativo, bem humorado e de picardia característica da Teresina musical.
Não deu pra quem quis. Sobrou a quem marcou toca, porque quem
veio, viu e venceu a expectativa da espera do resultado da premiação batalhada,
nota a nota musical. Público diverso e superior aos 176 lugares da Casa de
espetáculos que abrigou a 2ª. Edição do evento. Só show e alegria. E quem
melhor desempenhou a defesa, reforçou a boa qualidade da composição
apresentada.
Disputa acirrada, comissão julgadora concentrada e com currículo
invejável. George Mendes (publicitário, jornalista e compositor); Aurélio Melo
(músico, compositor, arranjador e regente da Orquestra Sinfônica de Teresina –
OST); maestro Antonio Carlos Rocha (regente, compositor e arranjador,
músico-militar integrante da Banda de Música da PMPI).
Completando o grupo dos cabeções musicais, Alexandre Rabelo –
Naka (baterista, compositor, Mestre de bateria e autor de sambas-enredos
premiados) e Iracema Telles, apaixonada por carnaval e que mantém carreira
profissional de 26 anos de trios elétricos, clubes e casas de shows. Quem
quiser duvidar, que duvide, mas essa comissão julgadora sabe o que fez.
“Elétrica Musa”, de Francy Monte, Osnir Veríssimo e Francisco
Magalhães, abriu alas à hora de segura, senão outro pega. Na defesa da canção,
Osnir Veríssimo e Dalmir Filho. Bela atuação em marchinha a ritmo atraente e
melodia caliente. “A Dilma me traiu”, de Dário de Paulo, dona de um humor, à
irreverência política, foi defendida pelo intérprete Marcelo Brasil.
A terceira
concorrente na trilha da boa folia foi “Se cochilar, o cachimbo cai”, de Abraão
Lincoln. Na defesa performática Roraima e o dono da composição. De ótima sacada
ao estilo em resgate da memória carnavalesca, desempenho exitoso na estética
composicional e ilustrativa do enredo. Ponto na cabeça.
Paulo Moura e Mike Soares brindaram a concorrência com “Chip
na cabeça”. Um dos últimos crooner, da nossa contemporaneidade, Francisco Luis,
o Chico Rato, reforçou a ótima vida de humor e picardia livre contidos na
inteligente composição.
“Saudade, Saudade”, do já desaparecido Raimundo Nonato
Freitas, foi composição apostada, no certame, por seu filho Manoel Freitas
Sobrinho, que também interpretou a canção. Bela homenagem à memória familiar e
de carnaval. J. C. Lopes (My Brother), compositor e intérprete de “Frevo, Suor
e Amor” não estava na hora da chamada e perdeu o bonde da folia.
No páreo, nove concorrentes. A nona entrada foi a uma das
melhores idéias de resgate de memória. Uma homenagem ao grande estilista
carnavalesco, o Agulha de Ouro de Teresina, nas décadas de 50, 60 e 70,
Bernardo Cruz.
(Conjunto Os Prateados/foto: divulgação)
A composição homônima, com assinatura de Antônio Carlos, Osnir
Veríssimo e Ézio Fernandes, foi defendida pela tradição do Conjunto Os
Prateados (Clemilton Silva, Antônio Carlos e Osnir Veríssimo). “Bernardo Cruz”
já se impunha como vencedora pela tradição e memória do carnaval.
A última música da noite foi “Corpo Tatuado”, de Abraão
Lincoln e Roraima, que trouxe de volta a interpretação criativa e irreverente
de Roraima. Não deu para passar despercebida. Trunfos da alegria.
Quem viveu a expectativa pode até ter se surpreendido com o
resultado, mas não poderia dizer, jamais, que fossem peixe fora d’água as
grandes vencedoras.
A cidade comparece, os artistas se manifestam e a Prefeitura
de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves,
confirma a reinvenção da tradição. Pode haver quem não defenda, mas a cidade
não pode mais prescindir do Concurso de Músicas Carnavalescas, ou em melhor
acepção de memória reanimada, Concurso de Marchinhas de Teresina.
A elétrica noite do dia 24 de janeiro de 2013, no Teatro do
Boi, não teve pra ninguém que perdeu a hora da alegria.
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