por maneco nascimento
“Dinheiro na mão é vendaval/É vendaval!/Na vida de um sonhador/De um sonhador!/Quanta gente ai se engana/E cai da cama/Com toda ilusão que sonhou/E a grandeza se desfaz/Quando a solidão é mais/Alguém já falou...) Mas é preciso viver/E viver/Não é brincadeira não/Quando o jeito é se virar/Cada um trata de si/Irmão desconhece irmão/E aí!/ Dinheiro na mão é vendaval/Dinheiro na mão é solução/E solidão! (...)” (Pecado Capital - Paulinho da Viola)
Essa música foi tema de um dos + emblemáticos folhetins da televisão brasileira. “Pecado Capital”, de Jante Clair, fez enorme sucesso em período da década de 1970 (nov. de 1975/jun. de 1976) e ganhou um remake, anos depois (out. de 98/maio de 99), numa homenagem à grande autora e à memória da teledramaturgia nacional. Mas em se tratando de pecados + reais e também capitais, caminhemos porque a humanidade sempre avança.
Um dos sete pecados capitais (instituídos pelo papa Gregório Magno, no século VI, como princípios que ferem a Deus, a você e ao próximo) é a Avareza, traduzida em cobiça de bens materiais e dinheiro. Essa falha humana passa pelo eixo da sede pelo dinheiro (poder) e o que se poderia fazer para ganhar, ou manter o quinhão financeiro. Usura, ambição, mesquinhez, apropriação do bem alheio, da exploração do trabalho de outrem, do engodo, da + valia corrompida e do exitoso lucro tratorando interesses coletivos e públicos. O privado assume papel exclusivo de benefício particularizado. Batata!
Recentemente uma tragédia, de proporções estarrecedoras, ganhou vida e estatística no noticiário e obituário nacionais. + de duzentas e quarenta pessoas morreram, em conseqüência de um incêndio ocorrido em boate da cidade de Santa Maria (RS). Uma casa de espetáculo recebia uma banda musical e um público de mil pessoas. Um incêndio provocado, a partir de rojão aceso por músico da banda, desencadeou dor e sofrimento aos familiares, morte a muitos e conseqüências ainda em andamento a quem sobreviveu ao primeiro impacto das chamas.
Os depoimentos de sobreviventes conseguem ser + conseqüentes que a tragédia (grave) que, aparentemente, não seria anunciada. Pessoas querendo sair do local e fugir das chamas e fumaça tóxica; sendo impedidas pelos seguranças que alegavam que ninguém sairia sem pagar a conta; pessoas mortas por sobre as outras dentro dos banheiros, local que viram com tábua de salvação e que acabou sendo a toca da morte. Único sinal luminoso a quem estava confuso com fogo e fumaça, o caminho à luz, levou ao banheiro, indicação de armadilha.
A pena capital, fortuita, morrer quando a agenda seria a diversão em local pop, na cidade de Santa Maria do Rio Grande do Sul. Essa foi uma de nossas tragédias + infames entre nossa diversidade de falhas da humanidade, falha não do público, mas da empresa do negócio, do capital inflamável que atraiu pessoas à ratoeira do lucro e da boa renda da cultura da diversão e entretenimentos oferecidos a qualquer preço. Paga a pena com o desaparecimento, por vezes, de + de três pessoas de uma mesma família.
“Dinheiro na mão é vendaval/É vendaval!/Na vida de um sonhador/De um sonhador!/Quanta gente ai se engana/E cai da cama/Com toda ilusão que sonhou/E a grandeza se desfaz/Quando a solidão é mais/Alguém já falou...) Mas é preciso viver/E viver/Não é brincadeira não/Quando o jeito é se virar/Cada um trata de si/Irmão desconhece irmão/E aí!/ Dinheiro na mão é vendaval/Dinheiro na mão é solução/E solidão! (...)” (Pecado Capital - Paulinho da Viola)
Essa música foi tema de um dos + emblemáticos folhetins da televisão brasileira. “Pecado Capital”, de Jante Clair, fez enorme sucesso em período da década de 1970 (nov. de 1975/jun. de 1976) e ganhou um remake, anos depois (out. de 98/maio de 99), numa homenagem à grande autora e à memória da teledramaturgia nacional. Mas em se tratando de pecados + reais e também capitais, caminhemos porque a humanidade sempre avança.
Um dos sete pecados capitais (instituídos pelo papa Gregório Magno, no século VI, como princípios que ferem a Deus, a você e ao próximo) é a Avareza, traduzida em cobiça de bens materiais e dinheiro. Essa falha humana passa pelo eixo da sede pelo dinheiro (poder) e o que se poderia fazer para ganhar, ou manter o quinhão financeiro. Usura, ambição, mesquinhez, apropriação do bem alheio, da exploração do trabalho de outrem, do engodo, da + valia corrompida e do exitoso lucro tratorando interesses coletivos e públicos. O privado assume papel exclusivo de benefício particularizado. Batata!
Recentemente uma tragédia, de proporções estarrecedoras, ganhou vida e estatística no noticiário e obituário nacionais. + de duzentas e quarenta pessoas morreram, em conseqüência de um incêndio ocorrido em boate da cidade de Santa Maria (RS). Uma casa de espetáculo recebia uma banda musical e um público de mil pessoas. Um incêndio provocado, a partir de rojão aceso por músico da banda, desencadeou dor e sofrimento aos familiares, morte a muitos e conseqüências ainda em andamento a quem sobreviveu ao primeiro impacto das chamas.
Os depoimentos de sobreviventes conseguem ser + conseqüentes que a tragédia (grave) que, aparentemente, não seria anunciada. Pessoas querendo sair do local e fugir das chamas e fumaça tóxica; sendo impedidas pelos seguranças que alegavam que ninguém sairia sem pagar a conta; pessoas mortas por sobre as outras dentro dos banheiros, local que viram com tábua de salvação e que acabou sendo a toca da morte. Único sinal luminoso a quem estava confuso com fogo e fumaça, o caminho à luz, levou ao banheiro, indicação de armadilha.
A pena capital, fortuita, morrer quando a agenda seria a diversão em local pop, na cidade de Santa Maria do Rio Grande do Sul. Essa foi uma de nossas tragédias + infames entre nossa diversidade de falhas da humanidade, falha não do público, mas da empresa do negócio, do capital inflamável que atraiu pessoas à ratoeira do lucro e da boa renda da cultura da diversão e entretenimentos oferecidos a qualquer preço. Paga a pena com o desaparecimento, por vezes, de + de três pessoas de uma mesma família.
(Boate Kiss, incendiada/foto: divulgação Polícia Civil RS)
“Na madrugada
do dia 27 de janeiro, centenas de jovens participavam de uma festa na boate
Kiss, no Centro de Santa Maria. O fogo começou durante a apresentação da banda
Gurizada Fandangueira. Por volta de 2h30m, um dos integrantes do grupo utilizou
um sinalizador luminoso, cujas fagulhas atingiram a espuma de isolamento
acústico da casa noturna, provocando o incêndio.
As vítimas buscaram rotas de fuga, no entanto, segundo relato de sobreviventes, um grupo de seguranças bloqueou a única saída da boate para evitar que os clientes saíssem sem pagar (....) A maioria dos mortos foi vítima de intoxicação pela fumaça. Os bombeiros encontraram dezenas de corpos empilhados nos banheiros, onde muitos ainda tentaram se proteger, e em frente à porta da boate.” (oglobo.globo.com/pais/socio-de-boate.../Publicado: 30/01/13 - 10h26 Atualizado: 30/01/13 - 10h34)
As imagens, em cadeia nacional, de pessoas estendidas na porta, na rua, no asfalto ribeirinho da boate, não deixaram qualquer dúvida da culpabilidade empresarial do lucro capital. Os desdobramentos das investigações policiais dão conta da insegurança que o negócio propiciava ao público. Extintores não funcionaram, não havia saídas de emergência; a única porta de entrada/saída estava trancada para evitar que o público saísse sem pagar; o isolamento térmico não seria o de recomendações técnicas para espaço às casas de espetáculos, etc.
Nada compensa qualquer morte. Nesse caso, descompensados estão os envolvidos na catarse dessa tragédia brasileira. Morrem + Brasil que o que se imagina. Há muito + desordem nos negócios do capital do lucro que possa prever nossa vaga ingenuidade. Quem observa a tragédia de longe, a partir de noticiários da tevê, não tem noção real do que foi e do que ainda está sendo, aos envolvidos, aquele infortúnio, “sabe lá o que seja impulso de ingênua compreensão”, lembrando Drummond.
“Morremos nós, ficamos sós.” E quem sabe haja qualquer justiça ao descuido praticado, à ambição incontrolada, ao jeitinho de engodar as exigências legais de proteção a acidentes fatais, à prática de deslizar da legalidade por força da impunidade parecer sempre receber celebração. Morremos todos, um pouco a cada dia desse nosso Brasil tão desigual, de ações fora das políticas humanistas e de proteção à vida.
Na fábula da teledramaturgia, morre o anti-herói (Carlão). A pena capital é aplicada por apropriar-se do dinheiro alheio. Que penalidade poderia ser aplicada ao usufruto do crime capital, inflamável e infamante que detém a (des)ordem de aplicar a pena capital sobre a ingenuidade alheia, sobre a confiança de quem precisa também se divertir, pois não é máquina.
A negligência, a ingerência a políticas público-privadas de proteção ao outro, as estratégias de sobrevivência ao custo benefício de descompensar o outro, ganhar sobre o outro, parecem lugar comum nesse mundinho brasis. E, fora do círculo romântico do folhetim, dinheiro na mão empresarial pode até ser vendaval sobre as costas desprotegidas dos + fracos. Não é sonhador, é investidor, empreendedor e altamente lucrativo. É sempre solução. E irmão nem sempre reconhece no outro o irmão.
A solidão é do perdedor, não do capital aplicado ao lucro imediato e, por vezes, inflamável. Luz aos confusos na morte desenfreada da tragédia de Santa Maria (RS).
As vítimas buscaram rotas de fuga, no entanto, segundo relato de sobreviventes, um grupo de seguranças bloqueou a única saída da boate para evitar que os clientes saíssem sem pagar (....) A maioria dos mortos foi vítima de intoxicação pela fumaça. Os bombeiros encontraram dezenas de corpos empilhados nos banheiros, onde muitos ainda tentaram se proteger, e em frente à porta da boate.” (oglobo.globo.com/pais/socio-de-boate.../Publicado: 30/01/13 - 10h26 Atualizado: 30/01/13 - 10h34)
As imagens, em cadeia nacional, de pessoas estendidas na porta, na rua, no asfalto ribeirinho da boate, não deixaram qualquer dúvida da culpabilidade empresarial do lucro capital. Os desdobramentos das investigações policiais dão conta da insegurança que o negócio propiciava ao público. Extintores não funcionaram, não havia saídas de emergência; a única porta de entrada/saída estava trancada para evitar que o público saísse sem pagar; o isolamento térmico não seria o de recomendações técnicas para espaço às casas de espetáculos, etc.
Nada compensa qualquer morte. Nesse caso, descompensados estão os envolvidos na catarse dessa tragédia brasileira. Morrem + Brasil que o que se imagina. Há muito + desordem nos negócios do capital do lucro que possa prever nossa vaga ingenuidade. Quem observa a tragédia de longe, a partir de noticiários da tevê, não tem noção real do que foi e do que ainda está sendo, aos envolvidos, aquele infortúnio, “sabe lá o que seja impulso de ingênua compreensão”, lembrando Drummond.
“Morremos nós, ficamos sós.” E quem sabe haja qualquer justiça ao descuido praticado, à ambição incontrolada, ao jeitinho de engodar as exigências legais de proteção a acidentes fatais, à prática de deslizar da legalidade por força da impunidade parecer sempre receber celebração. Morremos todos, um pouco a cada dia desse nosso Brasil tão desigual, de ações fora das políticas humanistas e de proteção à vida.
Na fábula da teledramaturgia, morre o anti-herói (Carlão). A pena capital é aplicada por apropriar-se do dinheiro alheio. Que penalidade poderia ser aplicada ao usufruto do crime capital, inflamável e infamante que detém a (des)ordem de aplicar a pena capital sobre a ingenuidade alheia, sobre a confiança de quem precisa também se divertir, pois não é máquina.
A negligência, a ingerência a políticas público-privadas de proteção ao outro, as estratégias de sobrevivência ao custo benefício de descompensar o outro, ganhar sobre o outro, parecem lugar comum nesse mundinho brasis. E, fora do círculo romântico do folhetim, dinheiro na mão empresarial pode até ser vendaval sobre as costas desprotegidas dos + fracos. Não é sonhador, é investidor, empreendedor e altamente lucrativo. É sempre solução. E irmão nem sempre reconhece no outro o irmão.
A solidão é do perdedor, não do capital aplicado ao lucro imediato e, por vezes, inflamável. Luz aos confusos na morte desenfreada da tragédia de Santa Maria (RS).
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