a marchinhas de tradição
por maneco nascimento
O Carnaval
chegou ao Brasil, lá pelo século XVII, na esteira da influência das festas já manifestadas
na Europa. Só no século XIX, porém, é que começaria a surgir os blocos que
ficariam muito mais populares no século XX, o das grandes novidades e
expansões do mundo brasis em franca modernização.
O estourar
da maior festa popular brasileira se deu com a locomotiva da alegria que eram as
marchinhas carnavalescas. Humoradas, de + divertido a ouvir, cantar e
acompanhar nas rodas e bailes dos salões e nas ruas e logradouros por onde se
ouvia, ou se podia orquestrar essa música carnavalesca, genuinamente nacional,
que dava + calor coletivo e deixava a brincadeira muito + mais divertida.
Desde
Abre Alas, da musicista Chiquinha Gonzaga, até os grandes clássicos de João de
Barro et al, as marchinhas preenchiam a vida dos foliões e, como “recordar é
viver...” a memória do carnaval brasis passa por lembrar marchinhas do carnaval
nacional.
Bárbara
Santos aponta as oito melhores marchinhas de carnaval e suas histórias
peculiares In http://blog.sympla.com.br/as-8-melhores-marchinhas-de-carnaval-e-suas-historias/.
Em sua seleção, a primeira da lista é Abre Alas.
É a primeira marchinha
carnavalesca, no registro da história do carnaval de salões popularizada às ruas também. Composta em
1899, por Chiquinha Gonzaga que criou a canção em homenagem à Escola Rosas de
Ouro, do Rio de Janeiro, impulsionando assim sucesso à agremiação. Abre Alas tornou-se a + famosa
composição da maestrina e entre as + populares marchinhas do país
(a mulher acima de seu tempo/divulgação)
“Ó abre alas que eu quero passar/Ó abre alas
que eu quero passar/Eu sou da lira não posso negar/Eu sou da lira não posso
negar//Ó abre alas que eu quero passar/Ó abre alas que eu quero passar/Rosa de
ouro é que vai ganhar/Rosa de ouro é que vai ganhar” (Abre Alas/ Chiquinha Gonzaga)
Na sequência, vem a
segunda colocada, Mamãe eu quero.
A canção foi gravada, em 1937,
por Jararaca e Vicente Paiva. Mas sucesso mesmo ocorreu quando regravada pela
pequena notável Carmem Miranda, após quatro anos desde que lançada no mercado folião.
“Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero/Mamãe, eu
quero mamar/Dá a chupeta, dá a chupeta/Dá a chupeta pro bebê não chorar/Mamãe,
eu quero, mamãe, eu quero/Mamãe, eu quero mamar/Dá a chupeta, dá a chupeta/Dá a
chupeta pro bebê não chorar//Dorme, filhinho do meu coração/Pega a mamadeira e
vem entrar no meu cordão/Eu tenho uma irmã que se chama Ana/De piscar o olho já
ficou sem a pestana/Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero (...)” (Mamãe
eu quero/ Jararaca e V. Paiva)
[#VocêSabia?
Almirante, amigo dos autores, cantor e músico, conta no livro
“História do Carnaval Carioca” que “Na hora de gravar verificamos que ela era
pequena, não tinha a duração exigida para o disco. Seria impossível repetir uma
parte da música. Que fazer? Jararaca e eu completamos a música fazendo um
diálogo improvisado na hora, sem nenhum interesse. Durante a gravação, o
banjoísta errou um acorde, mas a música era considerada tão ruim que ninguém
pensou em refazer tudo. Pois bem, ’Mamãe eu quero’ foi um sucesso definitivo e
enorme. A música é ruim mesmo, o disco é péssimo, mas pegou [...]”. E não é que
pegou mesmo?] (http://blog.sympla.com.br/as-8-melhores-marchinhas-de-carnaval-e-suas-historias/por Bárbara
Santos, em 25 de fevereiro de 2014/acesso 10.02.2015, às 14h30)
A terceira da seleção é Aurora.
A marchinha foi composta, em
1941, numa quarta feira de cinzas, por Mário Lago. Logo virou sucesso e ganhou grande
popularidade no ano seguinte. Compostas de um ano para o outro e concorrentes de
concursos da melhor marchinha de carnaval, as canções ganhavam o povo, as
rádios e os tempos de festas ao Momo. Aurora é sempre lembrada nos eternos carnavais,
sejam de salões, ou ruas de todo o Brasil continental.
“Se você fosse
sincera/Ô ô ô ô Aurora/Veja só que bom que era/Ô ô ô ô Aurora//Se você fosse
sincera/Ô ô ô ô Aurora/Veja só que bom que era/
Ô ô ô ô Aurora//Um lindo apartamento/Com porteiro e elevador/E ar refrigerado/
Para os dias de calor/Madame antes do nome/Você teria agora/Ô ô ô ô Aurora” (Aurora/ Mário Lago – Roberto Roberti)
Ô ô ô ô Aurora//Um lindo apartamento/Com porteiro e elevador/E ar refrigerado/
Para os dias de calor/Madame antes do nome/Você teria agora/Ô ô ô ô Aurora” (Aurora/ Mário Lago – Roberto Roberti)
A canção Cachaça se instala na
quarta colocação e é entre divertida e, aos dias atuais, seria até "politicamente incorreta", pois de declarada apologia à aguardente. A música é
dedicada aos foliões que não dispensam uma dose a +, ou bebem além da tampa. A
canção de Mirabeau Pinheiro, Lúcio de Castro e Heber Lobato foi composta em
1953 e era dedicada aos bons e velhos apreciadores da cachaça.
“Você pensa que cachaça
é água/Cachaça não é água não/Cachaça vem do alambique/ E água vem do ribeirão//Pode
me faltar tudo na vida/Arroz feijão e pão/
Pode me faltar manteiga/E tudo mais não faz falta não/Pode me faltar o amor/ Há, há, há, há!/Isto até acho graça/Só não quero que me falte/A danada da cachaça” (Cachaça/ Mirabeau Pinheiro – Lúcio de Castro – Heber Lobato)
Pode me faltar manteiga/E tudo mais não faz falta não/Pode me faltar o amor/ Há, há, há, há!/Isto até acho graça/Só não quero que me falte/A danada da cachaça” (Cachaça/ Mirabeau Pinheiro – Lúcio de Castro – Heber Lobato)
A marchinha Turma
do Funil não deixa de também dedicar alegria foliã aos apreciadores de
destilados e é a quinta na galeria de oito melhores.
Aproveitando a
época de total abertura à bebedeira e porres até quarta feira, os compositores
Mirabeau, M. de Oliveira e Urgel de Castro criaram a divertida marchinha, em
1956, dedicada àqueles que metem bronca na bebida, chutam o balde e abastecem a
máquina foliã para não deixar ninguém dormir no ponto e nunca ficam tontos. Tom
Jobim e Miúcha regravaram a canção na década de 1980.
“Chegou a turma do funil/Todo mundo bebe, mas
ninguém dorme no ponto/Ai, ai ninguém dorme no ponto/Nós é que bebemos e eles
que ficam tontos//Chegou a turma do funil/Todo mundo bebe, mas ninguém dorme no
ponto/Ai, ai ninguém dorme no ponto/Nós é que bebemos e eles que ficam tontos//Eu
bebo sem compromisso/Com meu dinheiro, ninguém tem nada com isso/Aonde houver
garrafa, aonde houver barril/Presente está a turma do funil” (Turma do Funil/ Mirabeau Pinheiro – M. de Oliveira – Urgel de
Castro)
O sexto lugar
vai para Me dá um dinheiro ai.
A canção
marchinha não é só muito popular, mas também hino que não pode faltar nos
carnavais e tradicionais bailes society e da saudade. Composta, na década de
1950, o ano era 1959 e o sucesso rompe, também, ao ano de 1960. A trinca de compositores, Ivan, Homero e Glauco Ferreira. Moacir
Franco gravou a marchinha e deu grande força particular e carisma pessoal de
intérprete ao grande sucesso que já trazia marca de popularidade, desde o
nascimento da canção.
“Ei, você aí/Me dá um dinheiro aí/Me dá um
dinheiro aí!//Não vai dar?/
Não vai dar não?/Você vai ver a grande confusão/Que eu vou fazer bebendo até cair/Me dá, me dá, me dá, oi!/Me dá um dinheiro aí!//Ei, você aí/Me dá um dinheiro aí/Me dá um dinheiro aí!//Não vai dar?/Não vai dar não?/Você vai ver a grande confusão/Que eu vou fazer bebendo até cair/Me dá, me dá, me dá, oi!/Me dá um dinheiro aí!” (Me dá um dinheiro ai/ Ivan Ferreira – Homero Ferreira – Glauco Ferreira)
Não vai dar não?/Você vai ver a grande confusão/Que eu vou fazer bebendo até cair/Me dá, me dá, me dá, oi!/Me dá um dinheiro aí!//Ei, você aí/Me dá um dinheiro aí/Me dá um dinheiro aí!//Não vai dar?/Não vai dar não?/Você vai ver a grande confusão/Que eu vou fazer bebendo até cair/Me dá, me dá, me dá, oi!/Me dá um dinheiro aí!” (Me dá um dinheiro ai/ Ivan Ferreira – Homero Ferreira – Glauco Ferreira)
[#VocêSabia?
No governo Juscelino
Kubitschek, em agosto de 1958, o Secretário de Estado dos EUA John Foster
Dulles, veio ao Brasil para uma importante missão americana: tratar da situação
do petróleo, referente a campanha nacionalista “O petróleo é nosso”. Nesses
tipos de reuniões era dado um tempo aos fotógrafos e cinegrafistas para o
registro dos fatos. Em um desses momentos, o fotógrafo do Jornal Brasil,
Antônio Andrade, fez uma foto polêmica que dá a impressão de que JK estende a
mão e suplica algo ao secretário norte-americano, que parece abrir a carteira
em busca de dinheiro. Não deu outra, o JB publicou a fotografia em sua primeira
página sob o título ‘Me dá um dinheiro aí’, em referência à marchinha de
carnaval que era sucesso da época.] (http://blog.sympla.com.br/as-8-melhores-marchinhas-de-carnaval-e-suas-historias/por Bárbara
Santos, em 25 de fevereiro de 2014/acesso 10.02.2015, às 14h30)
A canção Cabeleira
do Zezé levou o sétimo lugar na categoria de as melhores marchinhas
brasileiras.
“Olha a cabeleira
do Zezé/Será que ele é?/Será que ele é?//Olha a cabeleira do Zezé/Será que ele
é?/Será que ele é?//Será que ele é bossa nova?/Será que ele é Maomé?/Parece que
é transviado/Mas isso eu não sei se ele é//Corta o cabelo dele!/Corta o cabelo
dele!/Corta o cabelo dele!/Corta o cabelo dele!” (Cabeleira do Zezé/ João Roberto
Kelly – Roberto Faissal)
Criação de J. Roberto Kelly, enquanto estava numa mesa de bar. A década era 1960. O
compositor diz que tinha o hábito de ir a um bar, no Leme, encontrar amigos. O
garçom que os atendia era cabeludo e daí veio a homenagem que marcou o Zezé e
sua vasta cabeleira, na marchinha.
E a
oitava colocada na galeria das oito melhores marchinhas nacionais é a canção A pipa do Vovô.
A canção é de
uma das duplas + populares entre os compositores carnavalescos, Manoel Ferreira
e Ruth Amaral. A música recebeu um grande impulso de popularidade na voz de Sílvio
Santos, apresentador de tevê, nos anos 80.
“A pipa do vovô não
sobe mais/A pipa do vovô não sobe mais/Apesar de fazer muita força/O vovô foi
passado pra trás!//A pipa do vovô não sobe mais/A pipa do vovô não sobe mais/Apesar
de fazer muita força/O vovô foi passado pra trás!//Ele tentou mais uma
empinadinha/A pipa não deu nenhuma subidinha/Ele tentou mais uma empinadinha/A
pipa não deu nenhuma subidinha//A pipa do vovô não sobe mais/A pipa do vovô não
sobe mais/Apesar de fazer muita força/O vovô foi passado pra trás!//A pipa do
vovô não sobe mais/A pipa do vovô não sobe mais/Apesar de fazer muita força/O vovô foi passado pra trás!” (A pipa do Vovô/ Manoel Ferreira –
Ruth Amaral)
[#VocêSabia?
Não se sabe ao certo o porque da composição da canção. Silvio
Santos, apesar de não ser o autor da obra, conta diversas histórias e diz que a
origem pode ter algumas outras versões possíveis. E brinca que a verdadeira só
será revelada no último sorteio da Tele Sena da história. Quer saber qual é?
Está em dia com os carnês do baú? Quem sabe você não possa ser o felizardo?!] (http://blog.sympla.com.br/as-8-melhores-marchinhas-de-carnaval-e-suas-historias/por
Bárbara Santos, em 25 de fevereiro de 2014/acesso 10.02.2015, às 14h30)
Esse é um recorte da Memória do Carnaval brasis, no esteio das marchinhas carnavalescas que povoaram décadas e décadas de sucesso e popularidade e que, ainda hoje, nas voltas e revisitas à tradição de tantos carnavais, as canções ainda são os + populares motes para a festa da alegria, fantasia e tempo de folia do carnaval brasileiro.
Fontes
de pesquisa:
(http://blog.sympla.com.br/as-8-melhores-marchinhas-de-carnaval-e-suas-historias)
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