por maneco nascimento
"Todo o artista precisa de espaço, materiais de trabalho e oportunidade para mostrar ao público esse trabalho. Num mundo em que a chamada indústria cultural pretende enformar o trabalhar artístico pelas regras dos mercado e consumismo das maiorias, lutar por um projecto cultural é uma batalha heróica que não pode ser vencida sem parceiros." [Ana Cordeiro, Diretora do CCP Mindelo entre 1987 e 2013 IN Branco, J. (Coordenação), Dez Anos de Teatro. Coleção 'Teatro'. Centro Cultural Português Praia - Mindelo, 2003 IN Palco 50 - Uma viagem pelo historial do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo em 50 peças. Camões - Centro Cultural Português do Mindelo. Coord. João Branco. Mindelo, 2014. 65p. {Catálogo da Exposição Retrospectiva Palco 50}]
(imagens reproduzidas do livro Palco 50/GTCCPM - Mindelo - Cabo Verde)
"Quando fui confrontado com o número que Diogo Bento me colocou - 'das cinquenta peças, só poderemos colocar metade em destaque, terás que escolher', vi-me confrontado com uma das mais complexas escolhas da minha carreira, até pela importância que se reveste o presente catálogo." (João Branco IN Palco 50 - Uma viagem pelo historial do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo em 50 peças. Camões - Centro Cultural Português do Mindelo. Coord. João Branco. Mindelo, 2014. 65p. {Catálogo da Exposição Retrospectiva Palco 50).
(Idem)
O livro catálogo que reúne um arsenal de resultados que festeja o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português de Mindelo - GTCCPM, ao longo de + de 20 anos, e 50 produções teatrais que conspiraram no palco da terra de Mindelo e conquistados de cena dos artistas que laboraram o fazer cultural e dramático daquele sítio e recepcionado por grande público local e alhures.
(Idem)
Feitiço de loas representativo e identitário do teatro de Mindelo muito me envaidece e orgulha ao devorar o histórico daquele Grupo e sua práxis da arte do fingimento. Essas gerações que conquistaram o teatro nas adversidades, mas com criativo poder de romper fronteiras e dizer sim ao teatro, gera orgulho de identidade cultural repercutido.
(Idem)
"Das cinquenta produções do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo teria que optar por dar destaque a vinte e cinco. Consegui, depois de duras negociações, que o número subisse para trinta. Mas ficou-me um amargo na boca. Um amargo do tamanho de vinte produções teatrais. Talvez por isso, para mim, as páginas mais importantes desta obra sejam mesmo as últimas, Todas as Peças e Todos os Nomes, onde num curto espaço e sem restrições se escrevem os nomes de todos quanto participaram, de forma direta, nos processos criativos das cinquenta peças até agora produzidas pela nossa companhia de teatro." (Idem)
(Idem)
Atores e diretores de teatro carregam consigo a dramaticidade que os impulsiona a criar e recriar a cena, a personagem, a marca dramatúrgica diferencial ao teatro, mesmo na releitura do fazer artístico da cena.
(Idem)
O drama, dilema, que João Branco sofreu ao ter uma função salomônica, de optar em número todo significante, é real e humano de contribuir para o justo, nunca em detrimento do histórico e memorial da cena do GTCCPM que pariu teatro e antropofagizou seu público, logo merecedor de destaque, mesmo quando só apareça nas últimas páginas, as + importantes ao selecionador, em que "num curto espaço e sem restrições se escrevem os nomes de todos quanto participaram" e, ninguém saiu ferido de morte, porque drama do teatro para soluções de deus Ex-machine.
(Idem)
O livro catálogo detém uma acuidade estética e plástica de o Teatro de Mindelo devolver ao seu público um material que orgulhe, documente e reserve a memória e história teatral de geografias transversadas na cena crioula.
(Idem)
Desde a coordenação (J. Branco e Diogo Bento), seleção (J. Branco), curadoria (Diogo Bento), Conceção e Design (koiástúdio www.koiastudio.com), impressão (Orgal Impressores) e edição de Camões - Centro Cultural Português de Mindelo, há um zelo em apresentar algo que vá agradar ao leitor curioso e registre prazer de manuseio do material visível ao invisível repercutido pelo intangível irmantado ao papel.
(Idem)
Palco 50 registra belos flagrantes fotográficos dos espetáculos apresentados a Livro Catálogo e decifra porque devorador da recepção, através de iconografias de representação do teatro em seus vieses de dramas experimentados.
As verdades da cena convencedora e as mentiras do fingimento persuasivo, em repaginação linguística e expressão local e adaptações do texto, da obra e das construções dramatúrgicas e das personagens que enfileiraram + de vinte anos de trabalhos, em 30 peças recortadas, das cinquenta constantes a registro de memória e história.
(capa de Palco 50/Mindelo - Cabo Verde)
"(...) Numa terra onde todas as iniciativas ligadas à cultura se têm mostrado de existência efémera ou então de actividades em tudo sazonais, é consolador ver um grupo sempre de juventude renovada crescendo em qualidade, rigor e perícia, usando com sabedoria esse viveiro de arte cénica que é o Mindelo." (Germano Almeida, Escritor IN Branco, J. (Coordenação), Dez Anos de Teatro. Coleção 'Teatro'. Centro Cultural Português Praia - Mindelo, 2003 IN Palco 50 - Uma viagem pelo historial do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo em 50 peças. Camões - Centro Cultural Português do Mindelo. Coord. João Branco. Mindelo, 2014. 65p. {Catálogo da Exposição Retrospectiva Palco 50)
Da verdade cénica que o GTCCPM tem exportado a outros sítios, tive o privilégio de ver representado no país, Brasil, em Teresina, Piauí, durante edições do Festival de Teatro Lusófono, criado e coordenado pelo Grupo Harém de Teatro, ótimas manifestações de fé no trabalho e ciência nos resultados experimentados ao palco.
"Mulheres na Lajinha", com adaptação da obra de Germano Almeida a O mar de Lajinha, com Encenação, Direção artística e Cenografia de João Branco; "No Inferno", de Arménio Vieira, com Adaptação, Encenação, Direção artística e Cenografia de João Branco; "Os Amantes", adaptação da peça Quartet, de Heiner Muller, Encenação, Direção artística e Espaço Cénico de João Branco e "Teorema do Silêncio", de Caplan Neves, com Encenação, Direção artística e Cenografia de João Branco.
Sempre uma surpresa cénica e um fervor dramático dos atores e atrizes em cena. Curtem sua cena e devolvem ao público ação e reação crioula, lusófona, portuguesa e africana a atomização teatral presente na linguística geral do universo conspirado na cultura do palco. Nada detém a arte e os amadores da dramaturgia presente e Mindelo está muito presente, no teatro que por aqui representou nas incursões da cena lusófona de palcos piauienses, brasis e lusófonos.
Palco 50 que envolve a arte e o ofício de atores, diretores, adaptadores de textos, cenógrafos, iluminadores, contrarregras, cenógrafos, produtores, maquiadores, camareiros, a + "de duas centenas de nomes. É um sem fim de gente talentosa, uns mais conhecidos e consagrados, outros menos, de praticamente todas as áreas artísticas: arte cénica, artes plásticas, música, fotografia, audiovisual, poesia, dança (...) a este fantástico grupo de teatro e ao Centro Cultural Português da cidade do Mindelo, eles são de certa forma devedores, por ter sido este um terreno fértil onde foram desafiados enquanto artistas e por onde entraram através de largos portões para as entranhas do fantástico mundo do teatro." ("Cinquenta". João Branco em apresentação de Palco 50, pag. 8)
Fichas técnicas, cenas flagradas pelas lentes de profissionais da fotografia, resenhas dos espetáculos, comentários de intelectuais, críticos, autores e dramaturgos envolvidos, ou não, no teatro do Mindelo e um passeio pela dramaturgia universal e local representativas do fazer teatral do GTCCPM.
O olhar estético particular a dramaturgos como Camus, Gide,Wilde, António Aurélio Gonçalves, Victor Hugo, Lorca (A Casa de Nha Bernarda, Bodas de Sangue), Shakespeare (Romeu e Julieta, A Tempestade, Rei Lear, numa trilogia mindelana, Romeu e Julieta, Nhô Rei Ja Ba Kabesa, Tempêstad, respectivamente) Francisco Cruz, Alfonso Castelao, Germano Almeida (Os Dois Irmãos, Agravos de um Artista, Mulheres na Lajinha) Teatro Meridional, Molière (Médico à Força, Escola de Mulheres).
E + exercício do exercício a Beckett, Mário Lúcio Sousa, Tchekov, peça Mrozec e crônicas de Eugénio Tavares, Ariano Suassuna, Raul Brandão, Apocalipse Nau de Rui Zink, Menotti del Pichia, Arménio Vieira, Heiner Muller, José Sanchis Sinistierra, Caplan Neves, Rui Zink, José Mena Abrantes, Abraão Vicente e Ivan Cabral, todas as falas sociais de autores dramaturgos, ampliadas nas falas dramáticas de actores e directores da cena (re)visitada.
Palco 50 registra a cena mindelense em teatro nunca desprezável. Há força, energia insuspeita e coragem de insistir na arte do palco. Está no lucro e gera um Livro Catálogo que orgulha aos colegas de cena nas d+ lusofonias espalhadas mundo afora. Feliz em ter tido às mãos esse registro consignado ao tempo, memória e história do teatro de Mindelo.
E quanto ao Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, quem melhor o decifra e nos devora é mesmo João Branco, português, nascido em Paris e radicado na cidade de Mindelo por conta de ser e não ser, mas na questão sempre premente do teatro em suas formas e expressões conspiradas ao universo de Baco.
"O Grupo mudou os paradigmas do Teatro Cabo-Verdiano. A qualidade plástica das encenações. A ousadia experimental das montagens, a diversidade dramatúrgica na escolha das peças e a promoção do Teatro Cabo-Verdiano além fronteiras são apenas alguns dos aspectos que saliento. O GTCCPM conquistou um público novo e exigente para o Teatro Cabo-Verdiano e contribui para o aparecimento de novas Companhias." (João Branco, Diretor artístico do GTCCPM/assunto da contracapa do Palco 50)
O sentimento de J. Branco, assomado a Abraão Vicente, Diogo Bento, demais profissionais técnicos e toda a classe artística, envolvida em bem representar o teatro da cidade de Mindelo, repercute muito bem o que escolheram, estes, praticar e o fazem com muita dignidade no escolho do prazer, do labor e da expressão linguística expandida a sítios lusófonos et al.
Mindelo tem dito a que veio, nessas + de duas décadas de - em cena, ação! "O teatro, é preciso dizê-lo, tem que ser visto para que dele se possa falar. A sua natureza presencial e tridimensional a isso obriga. Tudo o resto são marcas que podem valer muito e trazer-nos no futuro preciosas pistas para quando o presente se transformar num passado longínquo. É o que este pequeno livro pretende: deixar uma marca, uma impressão digital de cinquenta linhas."(Cinquenta". João Branco em apresentação de Palco 50, pag. 8)
Que fique registrado, o Teatro do GTCCPM se garante. É recomendável, a menores e maiores curiosos em leitura e teatro, manter contato com Palco 50. Vale o custo e o conteúdo ali impresso e expresso. Macktub!
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