segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Walmor por Walmor


Walmor por Walmor
p/ maneco nascimento

Que mais vai me acontecer meu Deus, antes que eu te renegue.” (Texto dito por Walmor Chagas, na voz da personagem do filme ‘Valsa para Bruno Stein´, do diretor Bruno Stein, 2007)

Quando Walmor desapareceu de forma abrupta, o Brasil levou um susto seguido do choque. Depois vieram as especulações e versões investigativas policiais e, aos poucos foram sendo aclareadas as primeiras impressões que estarreceram seus fãs país afora.

Na noite de domingo, 24 de fevereiro de 2013, a partir das 20 horas, a EBC - TV Brasil e Intervídeo prestaram uma homenagem ao grande ator brasileiro Walmor Chagas, reproduzindo uma das últimas entrevistas do artista, de 2009, concedida ao programa Conexão Roberto D’ávila.

Uma franca conversa com um artista inquieto, mas sempre lúcido, polido, político e amante do teatro brasileiro de melhor valia e memória da cultura da cena. Disse, entre outras palavras acertadas, quando tratou do início da carreira queeu gostava de me exibir (...) o exibicionismo é primo do narcisismo. Narcisista eu nunca fui.”

E essa uma hora de entrevista ficou devendo muito mais, embora não se perdesse qualquer assunto em que foi provocado. Falou da experiência de teatro iniciado no Rio Grande do Sul (Porto Alegre), da vinda para São Paulo, embora o projeto fosse vir ao Rio de Janeiro e mudou de ideia, no Porto de Santos. A viagem fora feita de navio.

Lembrou da carreira no teatro TBC, com Cacilda Becker, sua mulher, com Adolfo Celi, Ziembinski e outros grandes artistas da companhia. Lembrou também da carreira de cinema e televisão. Sobre a televisão disse, “Na televisão não há prestígio artístico, há prestígio popular”. Acerca do teatro que praticou no TBC, patrocinado pela classe média, lembrou como tornou-se o primeiro ator da companhia e como casou com a primeira dama do teatro brasileiro, Cacilda.

Sobre sua experiência, na cena, com Cacilda Becker, disse que ela era muito intensa e se doava totalmente às personagens. Quando perguntado sobre atrizes brasileiras, emendou(...) mas não quero falar mal das minhas colegas, mas não há ninguém como a Cacilda.”. Ator que montou grandes clássicos estrangeiros e temas políticos, disse que hoje, no Brasil, não se tem mais um teatro político, crítico e reflexivo.

Que os temas hoje são pueris e comuns. “Não se faz mais teatro político no Brasil.” Falou sobre movimentos sociais, sobre o MST, a exemplo, e disse que queria ver uma montagem que se discutissem temas sociais “(...) uma peça em que os policiais tivessem que descobrir uma brecha para enquadrar pessoas do MST (...) esse diálogo é que eu queria ver.”

Uma entrevista imperdível! Não a vi quando originalmente exibida, mas tive a sorte de ver a homenagem prestada pela TV Brasil ao grande Walmor. Cresci vendo esse artista atuar em novelas que ele considerava cansativas, e que segundo ele não dava tempo de construir eficientemente a personagem, porque seria muita coisa para decorar e concentrar para lembrar-se da próxima cena do roteiro e desconcentrar daquela que estava sendo gravada no momento. Nem bem a uma, nem à outra. 

Ator de teatro, de composição e construção do método de atuar, se sentiu muito à vontade para defender o amor à cena estética e criticamente bem finalizadas.
Walmor de Souza Chagas (Alegrete[1], 28 de agosto de 1930  Guaratinguetá, 18 de janeiro de 2013) foi um ator, diretor teatral e produtor teatral brasileiroMudou-se para São Paulo no começo dos anos 50, buscando uma chance no cinema.[1] Cursou a Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo. Foi homem de teatro, com larga atuação, e era apontado como artista de indiscutíveis méritos e criador de personagens de grande impacto.” (www.wikipédia.com.br/acesso 25.02.2013, às 17h10m)
 Deixou a cena brasileira, aos 83 anos de idade, em casa, e através de uma escolha muito particular. Que se questionada, não merece julgamento de quem quer que seja, a não ser, creio eu, de Deus. A vida é feita de escolhas, sejam quais forem. O artista fez as suas próprias. 
(grande Walmor Chagas/foto colhida da: www.wikipedia.com.br)
Que possa também encontrar a paz almejada por qualquer mortal, sujeito às falhas trágicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário