Walmor por Walmor
“Que mais vai me acontecer meu
Deus, antes que eu te renegue.” (Texto dito por Walmor Chagas, na voz da personagem
do filme ‘Valsa para Bruno Stein´, do diretor Bruno Stein, 2007)
Quando Walmor desapareceu de
forma abrupta, o Brasil levou um susto seguido do choque. Depois vieram as
especulações e versões investigativas policiais e, aos poucos foram sendo
aclareadas as primeiras impressões que estarreceram seus fãs país afora.
Na noite de domingo, 24 de
fevereiro de 2013, a partir das 20 horas, a EBC - TV Brasil e Intervídeo
prestaram uma homenagem ao grande ator brasileiro Walmor Chagas, reproduzindo
uma das últimas entrevistas do artista, de 2009, concedida ao programa Conexão
Roberto D’ávila.
Uma franca conversa com um
artista inquieto, mas sempre lúcido, polido, político e amante do teatro
brasileiro de melhor valia e memória da cultura da cena. Disse, entre outras
palavras acertadas, quando tratou do início da carreira que “eu gostava de me
exibir (...) o exibicionismo é primo do narcisismo. Narcisista eu nunca fui.”
E essa uma hora de entrevista ficou devendo muito mais, embora não se perdesse qualquer assunto em que foi provocado. Falou da experiência de teatro iniciado no Rio Grande do Sul (Porto Alegre), da vinda para São Paulo, embora o projeto fosse vir ao Rio de Janeiro e mudou de ideia, no Porto de Santos. A viagem fora feita de navio.
E essa uma hora de entrevista ficou devendo muito mais, embora não se perdesse qualquer assunto em que foi provocado. Falou da experiência de teatro iniciado no Rio Grande do Sul (Porto Alegre), da vinda para São Paulo, embora o projeto fosse vir ao Rio de Janeiro e mudou de ideia, no Porto de Santos. A viagem fora feita de navio.
Lembrou da carreira no teatro TBC,
com Cacilda Becker, sua mulher, com Adolfo Celi, Ziembinski e outros grandes
artistas da companhia. Lembrou também da carreira de cinema e televisão. Sobre a
televisão disse, “Na televisão não há prestígio artístico, há prestígio popular”.
Acerca do teatro que praticou no TBC, patrocinado pela classe média, lembrou
como tornou-se o primeiro ator da companhia e como casou com a primeira dama do
teatro brasileiro, Cacilda.
Sobre sua experiência, na cena,
com Cacilda Becker, disse que ela era muito intensa e se doava totalmente às
personagens. Quando perguntado sobre atrizes brasileiras, emendou “(...) mas
não quero falar mal das minhas colegas, mas não há ninguém como a Cacilda.”.
Ator que montou grandes clássicos estrangeiros e temas políticos, disse que
hoje, no Brasil, não se tem mais um teatro político, crítico e reflexivo.
Que os temas hoje são pueris e
comuns. “Não se faz mais teatro político no Brasil.” Falou sobre movimentos
sociais, sobre o MST, a exemplo, e disse que queria ver uma montagem que se
discutissem temas sociais “(...) uma peça em que os policiais tivessem que
descobrir uma brecha para enquadrar pessoas do MST (...) esse diálogo é que eu
queria ver.”
Uma entrevista imperdível! Não a
vi quando originalmente exibida, mas tive a sorte de ver a homenagem prestada
pela TV Brasil ao grande Walmor. Cresci vendo esse artista atuar em novelas que
ele considerava cansativas, e que segundo ele não dava tempo de construir
eficientemente a personagem, porque seria muita coisa para decorar e concentrar
para lembrar-se da próxima cena do roteiro e desconcentrar daquela que estava sendo
gravada no momento. Nem bem a uma, nem à outra.
Ator de teatro, de composição e
construção do método de atuar, se sentiu muito à vontade para defender o amor à
cena estética e criticamente bem finalizadas.
“Walmor
de Souza Chagas (Alegrete[1], 28 de agosto de 1930 — Guaratinguetá, 18 de janeiro de 2013) foi um ator, diretor teatral e produtor teatral brasileiro. Mudou-se
para São Paulo no começo dos anos 50, buscando uma
chance no cinema.[1] Cursou a Faculdade de Filosofia da Universidade
de São Paulo. Foi homem de teatro, com larga atuação, e era apontado como
artista de indiscutíveis méritos e criador de personagens de grande impacto.” (www.wikipédia.com.br/acesso
25.02.2013, às 17h10m)
Deixou a cena brasileira, aos 83
anos de idade, em casa, e através de uma escolha muito particular. Que se
questionada, não merece julgamento de quem quer que seja, a não ser, creio eu,
de Deus. A vida é feita de escolhas, sejam quais forem. O artista fez as suas
próprias.
(grande Walmor Chagas/foto colhida da: www.wikipedia.com.br)
Que possa também encontrar a paz almejada por qualquer mortal,
sujeito às falhas trágicas.
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