Para sempre, amor.
por maneco nascimento
“Por que Deus permite/que as mães vão-se embora?/Mãe não tem limite,/é
tempo sem hora,/luz que não apaga/quando sopra o vento/e chuva desaba,/veludo
escondido/na pele enrugada,/água pura, ar puro,/puro pensamento.//Morrer
acontece/com o que é breve e passa/sem deixar vestígio./Mãe, na sua graça,/é
eternidade./Por que Deus se lembra/- mistério profundo -/de tirá-la um dia?/Fosse
eu Rei do Mundo,/baixava uma lei:/Mãe não morre nunca,/mãe ficará sempre/junto
de seu filho/e ele, velho embora,/será pequenino/feito grão de milho.” (Para
sempre/Carlos Drummond de Andrade)
Quando nascemos, começamos a morrer, diz a filosofia popular da ciência
do nascer e morrer. E quando rebentamos, há muito que as mães, úteros sagrados,
já têm contados dias de seu início de também morte. Nos gera, nos espera, nos
ama sempre, nos amamenta, nos cria, nos educa e morre, um pouco a cada momento,
se nos acidentamos, adoecemos e ou morremos, de verdade, mistério que rebenta
com o coração de mãe.
Crescemos com a referência da mãe que tivemos, já que não viemos de
chocadeira. Das + amáveis, rígidas, calorosas, estressadas, compreensivas,
relutantes, conciliadoras, chantagista emocionais, protetoras, amigas,
companheiras, saudosas, medrosas, temerosas, ardentes, preocupadas, atentas,
desconfiadas, vigilantes, bondosas. Mães!
“Meu pai montava a cavalo, ia para o campo./Minha mãe ficava
sentada cosendo./
Meu irmão pequeno dormia./(...) No meio-dia branco de luz/ uma voz que aprendeu/a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu/chamava para o café./Café preto que nem a preta velha/café gostoso/café bom.//Minha mãe ficava sentada cosendo/olhando para mim:/- Psiu... Não acorde o menino./Para o berço onde pousou um mosquito./E dava um suspiro... que fundo!/ (...)” (Infância/Carlos Drummond de Andrade)
Meu irmão pequeno dormia./(...) No meio-dia branco de luz/ uma voz que aprendeu/a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu/chamava para o café./Café preto que nem a preta velha/café gostoso/café bom.//Minha mãe ficava sentada cosendo/olhando para mim:/- Psiu... Não acorde o menino./Para o berço onde pousou um mosquito./E dava um suspiro... que fundo!/ (...)” (Infância/Carlos Drummond de Andrade)
Todas as mães morrem um dia. A licença poética se nos enternece,
não nos livra que elas se esvaiam, algum dia, feito água escorrendo por entre os
dedos. Nesse sábado, 23 de fevereiro, + um filho perdeu a mãe. Quisera, qualquer
filho, ir-se sempre primeiro que a mãe, já que menos experiente. Mas seria dever uma ferida
no coração de mãe. Então que a natureza mãe se encarregue da verdade, pois que não tem
coração de “madrasta”, só cumpre a ordem natural das coisas.
Uma informação nacional, que nos
chega, traz o “correio da má noticia” acerca da mãe do Gil.
“Dona Claudina Passos Gil Moreira, mãe do cantor Gilberto Gil e
de Gildina Gil, morreu neste sábado (23) em Salvador. A informação é da
empresária e mulher do cantor, Flora Gil. O velório será realizado a partir das
14h no cemitério Jardim da Saudade, onde o enterro acontecerá no domingo (24)
às 10h. Dona Claudina tinha 99 anos. Ela estava internada na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) do Hospital Português.”
(www.correio24horas.com.br/blogs/blog-do-marrom...)
(www.correio24horas.com.br/blogs/blog-do-marrom...)
Quisera Deus impedir que as mães morressem, mas ai a Terra não
comportaria todas elas e não haveria espaço às novas amigas do peito. Então,
para o céu ao qual vão todas as mães, espera-se que chegue Dona Claudina com a
mesma coragem e fortaleza, qualidade de toda mãe, e fique tranqüila, trocando
memórias de suas experiências com todas as outras mães que chegaram primeiro e a
aguardavam.
A paz conquistada e privilégio do descanso merecido de todas as
mães é também experiência necessária a Gilberto Gil e toda sua família. Luz e
harmonia aos que partem e aos que ficam também.
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