por maneco nascimento
(imagem edson cordeiro/last.fm)
No país em que músico tem sobrenome de instrumento, a memória musical não tem para ninguém, que não tenha aprendido o caminho das cifras musicadas. Jacob do Bandolim, Jackson do Padeiro, Nelson do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Vando do Trombone, Noquinha do Acordeon, João do Pife, sem esquecer os que levam nomes de licença poética.Aí vêm na ponte estrelada o caro Cartola, numa nota de argumento; Pixinguinha, uma rosa preciosa; Adoniran Barbosa, uma peça rara da crítica dos costumes; Toquinho, um naco bem distinto; Bituca, voz e poesia como doce acordar nas montanhas; Noel, o poeta do morro com sobrenome de rosa; Vadico, seu parceiro de boêmia e música, entre tantos outros que não cabem no tempo desse texto e povoam o mundo do diverso memorial da MPB.
E como música não tem fronteiras, toda ela é raro despertar da primavera. O município de Pedro II, nesse 2011, realiza o VIII Festival de Inverno de Pedro II, para os palcos, em praça, “Morro do Gritador”(shows locais)e “Opala”(para os nacionais). Às 18.30 horas do dia 23 de junho, abertos os festejos do evento, o palco alternativo, na praça Domingos Mourão, da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, recebeu os artistas de Teresina e PII.
O Grupo “Os Olivêra”, dos irmãos Saquá e Doguinha et all, um toque de beleza e novidades nas composições e releituras de Torquato e outros artistas. Ganharam o público pelo talento e toda criatividade na reinvenção das nossas melhores tradições contemporaneizadas.
O Grupo “Vagner Ribeiro e Valor de PI” transpira música e cultura popular intertextualizadas, através do próprio Vagner, Caitano, Vânia, Beto, Zaqueu e Marcelo, com uma sinceridade artística de revisitar a própria história e memória invejável. Todas as idades fecharam identidade com “Os Olivêra” e “Vagner Ribeiro e Valor de PI”.
Ainda se ouviu a banda rock pop "Rota 69" na estrada da conquista de seu público. Banda de Pedro II, registrou ponto na programação do palco alternativo e cantou suas loas, sem esconder vestígio da própria identidade.Danilo Rudah, encantou com seu estilo bom rapaz, principalmente as mocinhas ativadas e sinceras, no palco principal, após Edson Cordeiro.
No palco principal, abrindo a noite nacional, a “Orquestra Tamoio” foi um luxo em música instrumental, sons quentes e memórias de baile. Os mágicos sonoros preencheram a cena musical e deram voz competente aos instrumentos de Sérgio, Josué, Paulo, Wilker, Ivan, Marcel, Bruno, Gilson e Fagão. Os crooner Sara e Danilo ilustraram momentos de romântico oralizado.
Da atração nacional, quem perdeu ficou com ouvidos + interditados. O grande pequeno Edson rompeu os céus, terras e ouvidos do público com uma fúria musical de herói olímpico. Agradeceu o convite à vinda, sentindo-se muito honrado por sair da Alemanha para a “Suíça”, ao se referir a Pedro II.
Refinado, tranqüilo e, especialmente, de talento e virtuose a perder de vista, Edson Cordeiro iniciou seu grande show falando das histórias, memórias e homenagens que apresentaria àquela noite.
Gentil Cordeiro(seu pai), depois vieram Dalva de Oliveira, Zuzu Angel e Chico Buarque, não faltou Bizet e Mozart, Edith Piaf, Billy Holiday, Abba e as mães e mulheres que não se cansam nunca.
As homenagens começaram lembrando Gentil Cordeiro(seu pai), depois vieram Dalva de Oliveira, Zuzu Angel e Chico Buarque, não faltou Bizet e Mozart, Edith Piaf, Billy Holiday, Abba e as mães e mulheres que não se cansam nunca.
Desde a apresentação da “Orquestra Tamoio”, já havia problemas no som. Quando Edson Cordeiro começou a cantar, ou melhor, quando começou a brilhar sua voz, teve alguns encontrões com a falha de som. Microfonia, falta de retorno, falha de microfone. Passou + tempo dirigindo o som e sugerindo ajuda para não perder o melhor tempo preparado ao Piauí.
Sem perder a calma, pois rico de alma, certo momento deixou seu excelente pianista, Antonio Paes Leme, em cena para um show à parte, e foi ter uma conversa reservada com os operadores de som do evento.
Na sua volta, a mesma alegria, respeito ao público, carisma e espetacularmente sua voz privilegiada. Uma invejável performance dada ao público, fazendo jus ao tributo cidadão aplicado para projeto em praça pública.
Edson Cordeiro, em depoimento, disse que o próprio nome fora homenagem do pai ao jogador Pelé(Edson Arantes do Nascimento). Confessou que o desejo de seu Gentil Cordeiro em ter salva a casa por um filho jogador, haja vista ter o menino nascido entre três mulheres, reverberou outras vozes tão significantes quanto uma partida de futebol.
Para homenagear o pai, Edson lembrou canções que G. Cordeiro adorava. Entre elas, “Saudade da minha terra”, de tradição sertaneja de raiz. Deleite em voz assentada para tocar todas as gentes, fossem da antiga Matões, Itamarati(ita para pedra e marati para preciosa), ou da atual Pedro II e Teresina, bem presentes.
Edson Cordeiro, sua voz, sua vida, seu segredo e sua revelação, deixaram as memórias e as cidades + belas e cheias de graça musical com seu furacão vocal. Evoé, Edson!