Jornalismo/comunicação-notícia/informação
por maneco nascimento
“Com a crescente
integração dos meios de comunicação na estrutura econômica mundial na sociedade
capitalista contemporânea, dominada por sistemas comerciais de mídia, torna-se
pertinente considerar a relevância da análise da Economia Política crítica,
interessada, essencialmente, no estudo das relações de poder que se expressam
no sistema econômico, na cultura e nas suas interações, buscando compreender o
papel dos meios de comunicação no processo de acumulação de capital, e a
relação entre produção material e produção intelectual.” (Andrade, Samária
Araújo de. Jornalismo em mutação: estudo
sobre a produção de conteúdo na fase do capitalismo avançado. Teresina: EDUFPI,
2015. 182 p.)
Com um trabalho de detalhada
pesquisa e estudo mergulhado no turbilhão da manifestada economia globalizada do
capitalismo avançado e, nos meandros que envolvem mercado, lucros, economia,
mercantilização, concentração de mercados e rendas direcionais às manifestações
de jornalismo, comunicação, notícia e informação, se vê construído um delicado
trabalho de tese de mestrado, feito livro à apreciação pública.
Olhar tensionado ao agressivo
teor de observação crítico reflexivo de ver o mundo e suas alterações sócio
econômicas, que se nos cercam, e o poder determinante das mudanças de
paradigmas de apresentação do neoliberalismo, vetor das transformações sociais,
a obra de profissional da comunicação social piauiense é um orgulho ao bom
leitor, apreciador de leituras instigantes.
A jornalista e autora Samária Andrade
apresenta uma radiografia espelhada no modelo da produção atual de conteúdos,
às vezes de comunicação social e jornalismo e detém um acurado olhar ao
fenômeno do novo papel que o jornalismo vem assumindo, ao longo das mudanças
sócio culturais e mercantis, quer sejam na aldeia global, quer na local que, por
vezes, segue o modelo padrão dos novos mercados das indústrias culturais de
mercados, ou mercados das indústrias culturais.
Esclarecedora leitura, onde se
pode conviver com as expressões pouco comuns, no cotidiano contumaz das
leituras mais abertas. O trabalho acadêmico, feito obra literária, abre
curiosidade e a cabeça para assunto de interesse não só de pesquisadores, estudantes,
graduandos, estudantes de comunicação social, jornalismo, publicidade, et al, mas a
qualquer leitor que queira uma fuga do senso comum e gerar pensamento, acerca
do mundo novo das novas técnicas de produção de conteúdos.
Assim o leitor acaba deslizando
para o caldeirão das informações que o aproxime de expressões e contextos
pragmáticos, como mão invisível do mercado; autorregulação do mercado; sistema
tecido ao redor do consumo e da informação; conteúdo ideologizado (empresa
produz consumidor antes do produto); acumulação de capital, globalização
americanizada; o não mercantil dentro do reino das imperfeições mercadológicas;
o não mercantil tornado ilegítimo, reduzido; “consumidor de informações” “consumidor
de notícias”; “consumidor de indústrias culturais”; “público consumidor dos
meios de comunicação".
O discurso teórico das discussões
acadêmicas e crítico construtivistas, a olhar diferenciado, com o viés de perceber
o mundo e mercados agressivos, ganha, no recorte da construção textual de “Jornalismo
em mutação: estudo sobre a
produção de conteúdo na fase do capitalismo avançado”, uma aproximação clara,
eficiente de trazer o leitor ao estudo dirigido.
Assim, torna-se mais palatável e de fácil entender o mundo
manifestado, diante de nosso nariz, quando se está envolvido na apresentação da
proposta de trabalho acadêmico, em que noções de cunho econômico ganham
caráter de simples, ao entendimento do material prospectado.
Noções de linguagem específica estas que estão em nosso redor, que determinam o
mundo capital e sua “cauda longa” (Anderson, 2008 In Andrade, Samária, pag. 94),
como a concentração de extensão horizontal, vertical,
diagonal e outros; a hiperconcentração; os mercados de nichos; a expansão e acumulação; interesses
de capital privado; fortalecimento dos conglomerados da comunicação; neoliberalismo
de tempos globalizados, com pólos dominantes e centros decisórios de empresas,
corporações e transnacionais a serviço do capitalismo avançado e, quiçá,
comunicacional.
A indústria de entretenimento e os meios de comunicação;
terreno neoliberal desregulamentado e justificado pela ideia de mercado;
público em geral; público consumidor; audiência; público audiência; público
anunciante; mercantilização do processo geral do jornalismo; mercantilização dos
conteúdos.
Para ler, refletir, se perceber dentro desse turbilhão
pragmático, do mercado e futuros sistemáticos dos capitalismo avançado, e o novo
papel do jornalismo ora visto, consumido e feito lugar de sobrevivência no
mundo capital.
Andrade acertou em cheio. É obra para servir de leitura
obrigatória nos bancos das escolas de comunicação social e jornalismo,
publicidade e afins, haja vista conter uma boa perspectiva de enxergar o mundo, que nos cerca, e entender o papel de consumidor a que está sujeito o cidadão,
nesse nicho, ou nichos produtores atuais de conteúdos no mercado das indústrias culturais.
Mas, mais ainda, a obra abre reflexão acerca do papel do
jornalista, ou que profissional o mercado tem preparado para lançar no mercado
dos mesmos, em que a fórmula capital DMD (dinheiro, mercadoria, dinheiro); mais
valor; mais valia; mundo do consumo e da informação; capital humano
interconectado; a lógica capitalista de produção tornem o profissional do
jornalismo um mero reprodutor de conteúdos de mercado capital.
Leitura recomendável. Foi adotada pelas universidades e
faculdades que produzem profissionais da comunicação social e jornalismo, no estado
? Pois
devia.
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