por maneco nascimento
Toda boa sorte começa a ser construída por quem a almeja em pulsos constantes, ou por quem a retribui a outrem. Assim, corre a lenda que os franceses desejam boa sorte às estréias de espetáculos com a saudação, merde. A tradição correu mundo e, em nossos dias, não há quem, no meio contextual das cênicas, não tenha desejado boa sorte no uso da expressão francesa.
Teresina detém, ao longo de suas inquietações e dinâmicas para os dramas, dramaturgias e novas leituras teatrais, o desempenho dessa lavoura dos palcos e acumula celeiro de representações naturais e identitárias do fazer teatral local. Os ritos iniciáticos ganharam novos corpus e diversas gerações comtemporaneam o viés da tradição em olhares abertos.
Ganha-se em diversidade. Compõe-se uma verve cultural conspirando um velho ato de liberdades coletivas em que o espírito humano dá mostra do criativo, do lúdico, de cultura e arte sempre em forja de reelaboração.
Instituído pela UNESCO, órgão das Nações Unidas, responsável pela proteção das Liberdades Coletivas e da Cultura, o Dia Mundial do Teatro e do Circo, comemorado em 27 de março, aglutina festejos de um dos pilares da formação sociocultural da humanidade. A mímesis de rituais religiosos gerou o espetáculo de reprodução de cotidianos e de espírito de expansão do ato de vidas em cena.
Teresina também comemora sua práxis de ação teatral. O Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão – SATED /PI; a Federação de Teatro do Piauí; a Fundação Estadual de Cultura – FUNDAC; a Fundação Cultural Monsenhor Chaves; Grupos (Harém, Sinos de Teatro) e artistas das cidades de Teresina e Timon, no Maranhão, abraçaram a iniciativa da Organização Ponto de Equilíbrio – OPEQ ao “Festival Cenas Curtas” e à “Virada Cultural”. Ganhou-se a festa.
O “Cenas Curtas” ocorrido sábado, 26 de março de 2011, no Espaço aberto do Ponto de Cultura nos Trilhos do Teatro – Grupo Harém, reuniu público e manifestações cênicas aos + diversos prazeres. O homenageado da noite, Paulo de Tarso Batista Libório, agradeceu a escolha de seu nome à homenagem a um ator da terra e interpretou poema de sua autoria.
De densidade dramática e técnica invejável de ator, Libório foi emoção transformada. A homenagem recebida virou espetáculo em que a fala de um artista da cena não poderia ser fora dela. Já a “Virada Cultural” iniciada às 8 da manhã de 26, encerrou-se em mesmo horário do dia 27 de março, na data mundial do teatro e circo.
Na mesma esteira deusexmachiana, a Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, ofereceu à comunidade um dia 27 cheio de diálogos em cena. Às 10 da manhã, no palco do Teatro Municipal João Paulo II, a vez foi do público infantil que conferiu “O diário da Bruxa”, montagem do Grupo Proposta de Teatro, de Timon, no Maranhão.
O espetáculo do começo da tarde, às 17.30 horas, de linguagem para a rua, apropriada à Praça Aberta do Teatro Municipal João Paulo II, foi “Dona Flor e seu único futuro marido”, do Grupo Sinos de Teatro, também da cidade de Timon. Um doce deleite para o público diverso que formou a arena à cena.
A última encenação conferida pela assistência foi “Notas de um Poeta Santo ou Torto”, do Grupo Vetor de Teatro, de Teresina. No mágico e fantástico mundo do fingimento e em terra imolada ao deus Baco, tudo foi festa em noite ensaiada.
Cenas de intervenção, interação de identidades e linguagens distintas distribuíram ao público da região do Dirceu Arcoverde prazeres do lúdico e das fantasias encenadas. Aproximaram gentes da arte de interpretar de gentes da arte de se reconhecer e rir de si mesmo.
Para não esquecer a máxima atribuída a Aristóteles de que o homem é o único animal que ri de si mesmo, a arte do teatro vem trazer redenção ao dias de cão. Composta à reflexão, à autocríitica ou emoção de invisível revelado.
Através do teatro brinca-se de felicidade e abre-se a cada espetáculo novas fronteiras para o ato invejável de ser artista das cenas e da ciência das dramaturgias.
Para novos dias de encenação, merde!
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