por maneco nascimento
(Ithamara Koorax/foto: acervo fmc)
O 1º. Festival de Música Instrumental de Teresina se espraia à alegria e prazer atestados do público presente, até aqui, nessa rica semana de melodias e sonoros da práxis musical. O Quarteto Tamoio, com Sérgio Matos, violino; Josué Costa, violão; Bruno Moreno, percussão e Ivan Silva, acordeon, não poderia ser melhor. Eita quartetinho poderoso!
Com seu repertório requintado, tranqüilo, mas caliente, parecia transcender música pelos poros de todas as maneiras que há de saber se dar a um bom e velho instrumentado azeitado.
Ao molde das grandes orquestras e com uma qualificável particularidade de ser som e tons tutelados, o Quarteto Tamoio desempenha poderes, não de heróis de quadrinho, mas de músicos que constroem a Teresina feita de música e mestres de saberes expandidos. Essa juventude musical amplia as fronteiras e plagas da nossa usina instrumental.
No segundo momento da agenda, no 4 de Setembro, havia uma pedra no meio da trilha sonoro-instrumental. Mas não seria uma pedra qualquer, mesmo que nascida dos cascalhos simples era uma pedra preciosa, daquelas com brilho expressionista e de lapidada natureza, concentrada em ser voz.
Ithamara Koorax, já carrega consigo preciosismo no nome que assina. Para lingüística normativa, na morfosintática, itamar seria substantivo próprio masculino, logo, Itamara, na lógica comum, seria o próprio feminino? Quem sabe, mas Ithamara está + além de padrões do léxico.
(Ithamara Koorax/foto: acervo fmc)
Salvo as licenças poéticas de assinatura e lingüísticas naturais, uma pedra cor de rosa encheu nossos ouvidos e preencheu de regozijo toda alma brasileira presente na platéia do quarto dia do FEMITE.
Palavra de origem tupi, ita significa pedra e, marati representa matiz de cor rosa. Mas Ithamara, com a licença de verve artística variável entre uma pedra de cor sutil, difunde brilho próprio a preciosismo nada desprezável.
Uma voz de mulher cantando assim, numa forma assaz e além do comum sem desprezar raízes iniciáticas do bom cantar. Sutilezas vocais, timbres de sangue e carne corporificados, em melódicas expressões, incentivos à voz seu melhor instrumento.
Com “my favorite things”, do filme A Noviça Rebelde, essa cantora brasileira nos cantou as coisas favoritas do compositor e também as dela própria, pois como confessou nos bastidores, antes de entrar em cena, àquela noite ela faria o maior show de sua vida.
Requintada, natural e simples de ser e cantar bem, uma das maiores cantoras brasileiras ao mundo nos deu o ar de sua graça vocal e deixou a todo o público apaixonado e extravasado de felicidade.
Feliz por ter sido convidada ao 1º. Festival de Música Instrumental de Teresina, Ithamara Koorax brindou a cidade com “Um homme et une femme”, do traduzido filme para o Brasil “Um homem e uma mulher”, de Claude Lelouch. Também lembrou uma das suas primeiras canções gravadas, “Iluminada”.
A música, aos de memória menos fresca, foi tema da minissérie “Riacho Doce”, da Rede Globo. Sua carreira profissional começa em 1990, na casa noturna Vou vivendo, em São Paulo, ao lado de Paulo Cesar Pinheiro e Guinga. A Divina Elizeth Cardoso, na platéia, deu uma “canja”.
Ainda nesse mesmo ano, a dama da canção brasileira fez de Ithamara sua afilhada, quando a menina de brilho participou do projeto “Vozes dos anos 90”, no Rio Jazz Clube. Com a Divina, Ithamara gravou “Inquietação”, no disco “Ary Amoroso”.
Em palco de cidade, na noite do dia 07 de julho, o privilégio foi do Festival de Música Instrumental de Teresina que recebeu a voz revelada, essa mulher e a canção brasileira partilhada ainda entre “Mas que nada”, de BenJor.
Com “Disritmia”, do Martinho da Vila, encerrou o show com seu maior instrumento, sua voz, em dose de ouro lapidado. Ithamara, essa canção brasileira, chegou por aqui como sol a qualquer estação.
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