Madeira de lei
por maneco nascimento
por maneco nascimento
(Trio Madeira Brasil/acervo fmc)
“Ah! estas cordas de aço...” (Cartola)
Na noite do quinto dia do FEMITE, 08 de julho de 2011, no palco do Theatro 4 de Setembro, primeiro foi o sopro feito vida sonora, depois as cordas em dedos raros foram lei.
Como medalhões confirmados, a partir das 20 horas, Ademir Junior (sax); Moisés Alves (trompete) e Rafael Rocha (trombone) foram a + leve energia de fôlego a pulmões solicitados à canção solfejada. O “Trio Metaleira”, alcunha de Michel Leme, radicalizaram o metal e, em sopro de liberdades, cingiram toda melodia em artesanal linguística da música, brincadeira e raridade em concerto de sérios tons laborados. Os metais garantiram a simbiose vibrante entre homens e instrumentos.
Já no horário das 21 horas, o tom foi de madeira, feito lei de musicalidade, vindo de um instrumento presente em todas as culturas do mundo. A “cordofonia”, a partir de cordas esticadas do bom e velho amigo violão, encheu o ar de grande emoção.
O Trio Madeira Brasil deteve a atenção do público com o que melhor sabe fazer, deslizar leveza e segurança em cordas de um instrumento.
Do monocórdio, utilizado por Pitágoras (c. 570 a. C.) à descoberta de oito espaçamentos definidos, as derivações de frações de uma corda vibrante até chegar à lira de sete cordas, muita ciência da engenharia de instrumento foi especulada para que a cultura ocidental nos legasse o violão.
E, através de nossas heranças ibéricas, dedilhar um bom instrumento de cordas é prazer sinestésico. Os diversos tipos, tamanhos e formas de viola, o violão a ela aparentado e o cavaquinho e bandolim, com traço comum da madeira engenhada, possibilitam a ouvintes toda sorte de amor permitido aos aficionados pelas cordas.
Pois do Madeira Brasil, esse Trio com toque de Midas, o que se ouviu foi uma doce melodia pelas cordas de aço que reúne virtuose de José Paulo Becker, no violão; Marcelo Gonçalves, com seu violão de 7 cordas e Ronaldo do Bandolim, num vigoroso e concentrado bandolim.
Acariciando composições e revisitando nomes que repercutem o cancioneiro nacional ao espírito universal de tocar, José P. Becker, M. Gonçalves e Ronaldo do Bandolim reaprimoram, com prazer desvelado, a metalinguagem de Cartola e, num bojo perfeito e muito junto ao peito, estimulam que o pinho solte o tom de madeira e também os Jobins brasileiros.
No 1º. Festival de Música Instrumental de Teresina, o deleite foi que, em colcheias que grafam todo o compasso da música, na pauta cheia de vibrantes conjunções, se compartilhasse que esse Grupo é força legal. E que o talento dedilhado em musicalidade própria, não possa senão ser lei que o confirme como Trio Madeira Brasil.
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