por maneco nascimento
Na 31ª. Festa da Beleza Negra, desta sexta feira, 18 de novembro, no Espaço Cultural "Osório Jr.", do Bar do Club dos Diários, a noite será de festa, shows com artistas locais e uma atração vinda da Bahia, para cumprirem-se os ritos de comemorações à Semana que antecede o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro).
Mas a noite será, também, de entrega de um Prêmio Especial a personalidades da cidade de Teresina. O Troféu "Esperança Garcia".
O Troféu “Esperança Garcia” agraciará pessoas da cidade e do Piauí, com destaque àqueles e aquelas que acionam construção da identidade, representatividade sócio-cultural e étnica na sociedade. Um Troféu a quem pensa à reiteração da cultura afro-brasileira e desdobramentos da construção social brasileira.
O Troféu “Esperança Garcia” agraciará pessoas da cidade e do Piauí, com destaque àqueles e aquelas que acionam construção da identidade, representatividade sócio-cultural e étnica na sociedade. Um Troféu a quem pensa à reiteração da cultura afro-brasileira e desdobramentos da construção social brasileira.
Quem é Esperança Garcia?
É a mulher que no século XIII, da colonização brasileira, contextualizada no período da escravidão no país, teve a coragem e determinação em escrever uma Carta ao governador da Província.
Na condição de escrava, Garcia denunciou, em carta escrita de próprio punho, os maus tratos a que passavam ela, familiares e seus pares de mesma condição. O documento é um dos pioneiros em defesa dos direitos humanos no Brasil e tem papel de reflexão acerca dos trezentos anos em que o país viveu período de subjugo de um povo.
Esperança Garcia viveu na região de Oeiras, na fazenda Algodões, há mais de 300km de Nazaré, onde hoje está instalado o município Nazaré do Piauí. Embora tenha grande importância à história do Piauí, pouco se sabe sobre essa mulher.
Mas, ela destaca-se por ter sido corajosa ao escrever carta ao governador do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, em qual denunciava os maus tratos sofridos por ela, seus filhos e companheiras. A carta tem data de 06 de setembro de 1770. Afirma-se que a carta original estaria em Portugal e uma cópia foi descoberta no Arquivo Público do Piauí, pelo pesquisador e historiador baiano, Luiz Mott, em 1979.
“Outra minha importante descoberta arquivística foi um pequeno documento, uma única página escrita a mão, todo cheia de garranchos com muitos erros de português: trata-se de uma petição escrita em 1770, por uma escrava do Piauí, Esperança Garcia. Trata-se do documento mais antigo de reivindicação de uma escrava a uma autoridade. Documento insólito! Primeiro por vir assinado por uma mulher, já que mulher escrever antigamente era uma raridade. As mulheres eram vítimas da estratégia de seus pais, mantê-las distante das letras, a fim de evitar que elas escrevessem bilhetinhos para os seus namorados. Segundo, por se tratar de uma petição escrita por uma mulher negra.” (Mott). Fonte: (http://esperanca-garcia.blogspot.com.br/Coletivo Cultural Esperança Garcia)
Esse documento tem sido inspirador a diversas manifestações contemporâneas, como o Grupo de Mulheres que trabalha pela cidadania da mulher negra piauiense. O Grupo recebe o nome de Esperança Garcia. A maternidade de Nazaré do Piauí tmbém homenageia essa mulher piauiense. A data em que foi escrita a carta tornou-se o Dia Estadual da Consciência Negra no Piauí, desde 1999, cem anos após o fim oficial da escravidão no Brasil.
Em recorte, a carta original de Esperança Garcia, em versão traduzida e atualizada.
"Eu sou uma escrava de V.S.a administração de Capitão Antonio Vieira de Couto, casada. Desde que o Capitão lá foi administrar, que me tirou da Fazenda dos Algodões , aonde vivia com meu marido, para ser cozinheira de sua casa, onde nela passo tão mal. A primeira é que há grandes trovoadas de pancadas em um filho nem, sendo uma criança que lhe fez extrair sangue pela boca; em mim não poço explicar que sou um colchão de pancadas, tanto que caí uma vez do sobrado abaixo, peada, por misericórdia de Deus escapei. A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confessar a três anos. E uma criança minha e duas mais por batizar. Pelo que peço a V.S. pelo amor de Deus e do seu valimento, ponha aos olhos em mim, ordenando ao Procurador que mande para a fazenda aonde ele me tirou para eu viver com meu marido e batizar minha filha.
De V.Sa. sua escrava, Esperança Garcia" (Idem)
Serviço:
Serviço:
31ª. Festa da Beleza Negra
Show de Ana Mametto & Banda
Mais atrações locais.
18 de novembro
20 horas
No Espaço Cultural “Osório Jr.”/BCD
Entrada Franca.
Informações: 9.9987 8412 (Gilvano Quadros)/9.9516 8113 (Jorge Luis)
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