olhar poético
por maneco nascimento
O Ciclo de Leituras Dramáticas (Projeto Sesc Dramaturgia Leituras em Cena) abriu seu pontapé de
jogos dramáticos à expiação pública, na noite do dia 06 de outubro de 2014, a
partir das 18h, na Casa da Cultura de Teresina.
O evento deu-se no Pátio aberto da CCT, no primeiro momento,
com direção de Jean Pessoa e apoio de assistência de Alinie do Carmo, em Leitura
expandida e performatizada pelo Grupo Cabeça de Sol. E, na sequência, o exercício de
leitor de Alex Reis, através do Grupo Metamorfoses de Teatro.
Oficinas de Leituras Dramáticas (Dramaturgia Leituras em
Cena), assinadas, para este contexto, por Rafael Lorran. Os resultados cumpriram
ritual para epifanias e também aproximação apaixonada pelo texto e seus vieses
dramáticos e detiveram interesse do público que ali acorreu para a primeira
noite do Ciclo de memórias e reativação de dramaturgias textuais de autores
nacionais.
Jean Pessoa escolheu “Reino do Mar Sem Fim”, de Francisco
Pereira da Silva, e optou pela síntese e imagético de valorização da cena
dramatizada, sem perder a essência do discurso do autor.
Os ritos, rituais, crenças, sincretismo e denúncia das vidas
simples à margem da própria sorte e miséria, religião de fé professada e os
meandros de amores, desejos inconfessos, perdas e determinismo dos filhos do
mar, nas personagens chicopereireanas, estiveram lá, em corpos e místico
dramático, sem descompromisso com o texto original.
Imagens sempre dizem + que palavras e nunca precisam ser
justificadas, mas sentidas e apreendidas caso o livre arbítrio deseje. A Leitura
Dramática de Jean Pessoa & Alinie do Carmo e Grupo Cabeça do Sol, que compôs olhar
a obra de Chico Pereira da Silva, conseguiu limar a monocordia de leituras de
pouca compreensão e de exacerbo de ator/diretor que confunde leitura de
tradição, focada no texto bem flexionado, com montagem de cena que contraponha a
diretiva do Projeto.
De parabéns o Grupo que tornou “Reino do Mar Sem Fim” uma
agradável reorientação do gênero, com a qualificada apresentação de respeito e
ética dramática ao autor. Em poucas imagens, feito macro texto, e intervenções
textuais do autor precisas e econômicas, a Leitura a Chico Pereira foi 10!
(arte divulgação da práxis d'arte e cultura)
A segunda projeção de Leitura, à noite de 6 de outubro,
ocorreu no Palco Aberto do quintal da CCT. “O Castigo do Santo”, de Aldo Leite,
dramaturgo maranhense, autor de “Chá das Quintas” e diretor do grande sucesso “Aves
de Arribação”, entre outros incursos cênicos promissores, teve exercício do
Grupo Metamorfoses de Teatro.
A demonstração não teve melhor sorte. Havia uma
desconcentrada linha de atuação, com raros sinais particulares de acertos, que desequilibrou
a leitura e abriu uma perspectiva de apresentar movimentação e deslocamentos
dramáticos estabanados.
Talvez por optarem em usar o Palco Aberto à noite, em que o
ambiente de iluminação comum não propiciou melhor integração ao texto e visão
de apreender, o que estava sendo exigido à leitura, deu efeito negativo ao que
propunham os atores e o Grupo da Leitura de obra de Aldo Leite.
Métodos e práticas nem sempre conseguem aliança plena. O
ideal seria acertar +, mas vive-se o real e o real é humano e falho.
O Grupo Metamorfoses de Teatro,
dirigido por Alex Régis, que se deteve em Aldo Leite, poderá, no futuro,
melhorar a performance e maturar a Leitura para consórcio da própria prática e
de aplicação ao público que gera expectativa de afinizar recepção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário