Felicidade (in)festa
por maneco nascimento
Um triângulo, amoroso, de
calcinhas e cuecas, investido de carinho possessivo, humor leve, breve e outras
vezes cáustico ao caos nietzscheano. Exercício do ator e método, aparentemente despretensioso,
para assegurar pretensão e ousadia cênicas que nunca descuidam da geografia dramática
para dramas e comédias redundantes de propósitos da arte do fingimento, com
práxis de convencimento inquestionável.
(triângulo das emoções/fotos divulgação)
Dois atores e uma atriz
revezam e revelam as personagens da mãe, filha, pai, amante, namorado, filho,
bebês e toda sorte de entrecruzamento linguístico para corpos que falam, riem,
choram, dançam e reinventam a partitura corporal, sem desmerecer a linguagem da
dança contemporânea, aplicada as verves dos corpos dos intérpretes.
Felipe Rocha assina o texto
denso e fluido, num intrincável brinquedo de liberdades experimentadas às vozes,
das personagens, inflexionadas para recepções que parecem convergir ao improviso
textual e cênico.
Inteligente carpintaria,
atraente e antropofágica da assistência dominada pelo canto das nereidas contemporâneas
paridas das bocas de marinas, cecílias, anas, margareths, ou de nereus que
contrapõem a polifonia feminina representada no enredo quente e apaixonante de “Ninguém
falou que seria fácil”. Esse mesmo Felipe andeja graciosa e brechtniana pela
cena em contributo de ótimo ator e co-diretor da festa para brinquedo delicado.
A Direção em dramaturgia de
cena, de Alex Cassal, é instigante, dinâmica, atraentemente apreendida pelo
público envolvido na trama. Não deve fogo à forja de Baco. Renato Linhares e
Stella Rabello, numa aliança feliz com Felipe Rocha, travam uma “guerra de
titãs” para livres, solidários, integrativos de felicidades divididas com a
plateia, sem nunca perderem-se da segurança de encenar aos prazeres declarados
à cena e ao cerne do fazer teatral para ciência e sensível ato de fingir.
(Felipe e Renato em Ninguém falou que seria fácil/fotos divulgação)
Está tudo lá para que não
haja contestação de que Ninguém falou que seria fácil. A Iluminação, de Tomás Ribas;
o Cenário, de Aurora dos Campos, a Direção Musical, de Rodrigo Marçal, os
Figurinos, de Antônio Medeiros; a Assistência de Direção, de Ignacio Aldunate e
a Direção de Movimento, facilitada por Alice Ripoll, se investem, se impõem em
produto inteiro e redondo aos exercícios do bem fazer teatro.
Entre o neutro de abertura
do espetáculo para uma discussão do casal sobre a perda da filha de três anos, o
teatro se instala num calor indisfarçável de cena equilibrada e devotada à arte
do ator. Índio, guerreiro shaolin, menina voluntariosa, mulher possessiva, pai
superprotetor, filho dislexo, jovem moderninha, mulher liberada, bombeiro
hidráulico safadão, entre outras incursões pelas personagens, preenchem as
horas de doce e deleite de reinvenção, da atuação em mímesis, de cotidianos
experimentados na pele dos intérpretes à franca imaginação carpintada.
(amores, cobranças, liberdades consentidas/fotos divulgação)
Stella, Felipe, Renato. Felipe,
Renato, Stella. Renato, Stella, Felipe. Uma troca de personagens e os truques
de convencimento que só a natureza do teatro propicia às respostas do bom
teatro. Ninguém falou que seria fácil reverbera linguísticas, emoções para brinquedos,
perigosamente indispensáveis, ao fluxo da comunicação quente retroalimentada
pela força da atuação do triângulo, em vértices de dificuldades relacionais e
discussão humorada das vezes e vozes de amor incondicional pela natureza das
coisas e das causas humanas.
Ninguém falou que seria
fácil. E não é mesmo. É arte insistida e regurgitada com precisão de obreiros
da profissão de ser artista das cenas. Tá de bem, tá de sorte na bola sete. Ninguém
falou que seria fácil é fato, inspiração livre, leve e solta e teatro a toda
prova à cena nacional. Goool!
Expediente:
Ninguém falou que seria fácil
Identidade: Teatro - Grupo Foguetes Maravilha
Naturalidade: carioca do Rio de Janeiro - RJ
Estreia da peça: 2011 no Teatro Municipal Maria Clara Machado
Apresentação em Teresina: Teatro do Boi - Matadouro, às 20h
Temporada: 27, 28 e 29 de janeiro de 2014
Circulação: Programa Petrobrás Distribuidora de Cultura (PPDC)
Participação local: público excelente
Expediente:
Ninguém falou que seria fácil
Identidade: Teatro - Grupo Foguetes Maravilha
Naturalidade: carioca do Rio de Janeiro - RJ
Estreia da peça: 2011 no Teatro Municipal Maria Clara Machado
Apresentação em Teresina: Teatro do Boi - Matadouro, às 20h
Temporada: 27, 28 e 29 de janeiro de 2014
Circulação: Programa Petrobrás Distribuidora de Cultura (PPDC)
Participação local: público excelente
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