Fofoca!
por maneco nascimento
O que você diria de uma cena
de trânsito interrompido pela fofoca de duas mulheres que, da sacada de seus
prédios, distribuem sua ação de comunicação popular e viseira? (Pavel
Cosntantin – Focsani – Romênia). Um diabinho pulando da prisão da boca de
alguém para o ouvido livre de outrem (“Fofoca maléfica”, Tim Cordell, Londres –
Inglaterra); um laboratório de bichos conservados em vidros: aranha, escorpião,
cobra, língua (Carlos Augusto R. Nascimento – Belém – Pa); o tricô de duas
senhoras constroem e destroem famílias com suas agulhas afiadas...(Derek Bruno
Lopes Teixeira – Teresina – Pi).
A iniciativa
de uma empresa de saúde da cidade de Teresina possibilitou a 5ª. Edição do
Salão medplan de Humor. A fofoca está no ar e a criatividade demonstra a
natureza escorpiã do homem (genérico), não só na representação da cultura
popular do fuxico, mexericos, fofocas, cobrisses, “maldades” e maledicências,
reproduzidas através da arte, como também o multiverso da apreensão dessa
cultura ao artístico, estético e apresentação do disse-me-disse, boca a boca,
ou boca a ouvido.
A Exposição,
5º. Salão medplan de Humor! 2013, continua à apreciação pública no Varadão da
Casa da Cultura de Teresina, Praça Saraiva, centro. Para quem aprecia uma boa
expressão artística e inteligência manifestada, através dos pincéis e ato criador
crítico reflexivo, é a melhor pedida antes que expire o prazo de visitação.
Você ri, se refestela com as perspicazes sacadas dos artistas, concorrentes e
premiados, e confere o antenado efeito da arte de representação social que
reflete as sociedades e suas falhas tragicômicas. Um deleite!
Trabalhos do
Brasil e do mundo se encontram no melhor estilo. A ironia refinada em arte vinda do leste europeu, por exemplo, é dosada de economia estética e discurso mordaz. As criações reverberam memórias
afetivas tradicionais da fofoca e também redimensionam novas incisões, em
aproveitamento das novas tecnologias e seus signos e suportes de fluxos
comunicacionais e notícias da rádio ouvido.
Pritt Koppel, por exemplo, da Estônia criou obra em que senhoras têm
língua de chip, de entrada e saída de conteúdo de informação.
As Menções
Honrosas definem bem quem honrou o próprio ato criativo aos olhos da Comissão
de Premiação. Geraldo Magela da Conceição – Ribeirão das Neves – MG (“Recarregando
as Baterias”, mulher recarrega a língua); Ivan Cabral – Natal – RN, levou duas
Menções (“Sem Título”, a língua bifurcada da madre superiora marca a página da
bíblia, enquanto o olho da freira corrige tudo ao redor e “Sem Título”, mulher
fofoca da própria sombra ao ouvido de outra mulher); Pavel Constantin – Focsani
– Romênia (“Sem Título”, a conversa é uma bomba relógio); João Carlos Matias do
Nascimento – Rio de Janeiro – RJ (“Bicho fofoqueiro”, papagaio expulso da Arca
de Noé).
O Oriente
Médio também levou uma Menção Honrosa. Massoud ziaei zardkhashoel – Isfahan –
Iran, com “Sem Título”, a ponta do balão de quadrinhos sendo afiada na pedra de
amolar). Também honrosos, Izânio B. Façanha – Teresina – Pi (“Sem Título”,
mulher espia a rua com binóculo[Janela Indiscreta], enquanto o marido “pega” a
empregada); Huseyin Carmak – Nicosia – Chipre (”Sem Título”, um homem com
megafone recebe a fofoca de alguém que, por trás, sopra em seu ouvido); Jônatas
Almeida de Araújo – Teresina – Pi (“Língua Bomba”, policial ameaça jogar língua
bomba salivada na manifestação)e Serdar Kiciklar – Stambul – Turquia (“Sem
Título).
(Sem Título - Primeiro Lugar/divulgação)
Os Prêmios
principais ficaram com Francisco Irani de Alencar – São Paulo – SP (“Sem Título”,
homem cravado de pontas, afiadas, de balões de quadrinhos às costas, enquanto
carrega nas mãos um tablete) levou o 1º. LUGAR. O 2º. LUGAR ficou com Agim
Sulaj – Rimini – Itália (“Fofoca”, a sombra da moça projetada na parede, gera
uma gravidez na ilusão de ótica e fofoca dos populares. Ela carrega um tarol,
junto ao corpo). O Prêmio INTERNET contemplou Bruno Ortiz Monllor – Porto Alegre
– RS (“Como Música”, na rua, calçada e janelas das casas, pessoas são entretidas
com a música do homem tocando violino. A corda é a própria língua.)
(Fofoca - Segundo Lugar/divulgação)
(Como música - Prêmio Internet/divulgação)
Outros risos
podem ser encontrados em, “Acupuntura”, em que Bruno Coelho Aziz Lima (Salvador
– Ba) aponta um tratamento de agulhas na língua de paciente; “Fofoca do diabo”,
de João Bosco Jacó de Azevedo (Belém – Pa), entre o céu e o inferno, as fofocas
dos anjos queimam a orelha do Lúcifer; “Campeonato de línguas”, o 1º. Lugar
tem a língua maior que as Ozz e Einstein e pertence a uma mulher, arte de
Moisés de Macedo Coutinho (Mogi Guaçu – SP).
Ainda, “Sem
Título”, de U Han Kyl – Yangon – Myanmar (mulher sai do banheiro numa
falastrice sem fim para ouvido do marido. No ícone da porta do banheiro
feminino, a representação é também de uma mulher em expansão de falastrice);
Silvano Mello, de Jaboticatubas – SP, com o tema “Penintência” (no
confessionário o padre dá o ultimato ao fiel, cortar a língua com tesoura); “Sorriso”
(na dentadura, espaço preenchidos por dentes escorpiões), de Bruno Coelho Aziz
Lima, de Salvador – Ba.
Um mamulengo
de mão discursa pelo político, obra sem título de Masoud ziaei zardkhashoel
(Isfahan – Irã); Mohsen Naseri, de Semnan – Irã, criou “Sem Título” (Pinóquio
sai de clínica de cirurgia plástica. A boca está “consturada” com duas tabuinhas
em forma de xis); “Sem Título”, de Lukyachenko, vindo de Kiev – Ucrania, (as
informações de duas mulheres são passadas de uma mente à outra, através de fita
de gravador de rolo). A Danie Kondo, de Cotia – SP, apresenta “Castigo de
fofoqueiro” (língua na guilhotina).
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