quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Tradição reverberada

Tradição reverberada
por maneco nascimento

Na noite de abertura do Festival de Teatro Lusófono, dia 26 de agosto, no horário das 23, o Espaço Cultural Osório Jr. e o Bar do Clube dos Diários, abriram canal à tradição revisitada que reverberou sonoras melodias de memorial rural, vinda do além-mar.
(Eu tava à toa na vida vendo A Velha da Gaita passar/divulgação)

O grupo musical A Velha Gaiteira, de Castelo Branco – Portugal, demonstrou uma afinada performance de sons e fúria detalhada aos acordes de bombo, caixa e gaita de fole de cultura portuguesa genuína.
(A Velha Gaiteira ganhou o Piauí Brasil/divulgação)

A apresentação de A Velha Gaiteira contagiou o público frequente do FestLuso. Percutindo e revelando gaitas e bombo e caixa, o Grupo deu uma mostra de variações e influências de fronteiras musicais bebidas e curiosidades melódicas de proximidade com a identidade e as memórias sociais, que são investidas através da música de pesquisa e reinvenção da velha forma, sem abrir mão da essência que se instala na originalidade da arte traduzida para novidade da busca da raiz.

Manifestar a raiz portuguesa em resgate das velhas gaiteiras, identidade intrínseca de representação sociocultural para olhar curioso dos músicos, apaixonados pela arte que representam.

O que os artistas d’A Velha Gaiteira apontam como Trance Rural Orgânico para aproximar referência à passagem intersonora com a música eletrônica, de ritmos acelerados, aqui em Brasil geram proximidade com batidas de olodum, afroreggae, samba rock e pop swing dos tambores afrodescendentes. A diferença é que na composição de harmonias d’A Velha, há a introdução melódica de sonoridade suave e de extensões agudas e aveludadas que marcam a entrada da gaita de fole.
 
(Gaita de tradição/divulgação)

Sons da gaita que intermusicizam um confronto de linguagens, deslizadas na pauta musical e geram a contagiante sintonia casada dos instrumentos de percussão e sopro medieval. Revalida o bucólico, espalha prazer aos ouvidos que escutam a escrita dos sons trazidos da memória de originalidade rural e que ateste a história musical portuguesa.

Noite de prazer e encanto aos ouvidos curiosos de quem presenciou o mágico ritmo, tirado das gaitas de fole e bombo e caixa de tradição felicitada, através da identidade cultural de A Velha Gaiteira, vinda ao Piauí para trazer seu calor melódico e confraternizar com a festa da Semana da Lusofonia, em Teresina, no período de 26 a 31 de agosto, desse 2013.

As fronteiras do teatro sem tradução encontraram eco em mais uma fala da lusofonia aqui abraçada. Essa fala oraliza sons que dividem, no ar, melodias devotadas de competente execução e rara beleza de vibrações musicais.

Ela é Velha Gaiteira, mas está longe de perder posto, porque traduz energia expandida de melodias sentimentais no tradicional reverberado.

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