“Ditadura Gay”
por maneco nascimento
“Ditadura Gay”. Expressão cunhada,
entre aspas, para que não se reclame a autoria do que já tem defesa de paternidade. De que nos sirva a democracia,
sirva a apregoarmos a liberdade de expressar algo a alguém, ou a alguma coisa.
Expressar a uns e a umas, falas que não definam erroneamente, ou engessem comportamento.
Não nos sirva a democracia a discurso dirigido a outrem que amplie
preconceitos, em força pregoeira das divindades instituídas na Terra, deve estar
+ distante tal discurso de nossa contemporaneidade. Embora haja quem creia deter
propriedade de bem saber do que fala, de que estaria definindo o que é o “bem”
e o “mal” representativo das hostes religiosas incendiadas e incentivadas a
fundamentalismo, há sempre o perigo de exclusão e de algum desfecho fatal.
(Pastor deputado Marcos Feliciano/foto: Beto Barata Estadão)
As fatalidades, de obras humanas, vêm também através de ações
praticadas por pessoas determinadas e deterministas do que seja “c e r t o” e
errado; agressoras física e moralmente do próximo; que fazem morta quem
componha extratos na diferença. Queimam vivas algumas espécies, tornam excluídas,
outrens, de convívios + amplos e alijam quem não seja seu exemplo, nem do
mundinho perfeito dos perfeitos defensores dos “direitos” esquerdos. (De)Feitos,
obras assinadas, sob procuração paladina da justiça e moral dos “eleitos”, hoje
não só para paraísos divinos, como também para cargos eletivos, “reis” em
comissão representativa das urnas nossas de cada pleito.
No texto, Feliciano, um dos pastores evangélicos mais conhecidos do país,
explica os motivos que o levaram a ser considerado como racista e ainda mostra
sua posição sobre os projetos como a PL 122/2006 e a decisão do Supremo
Tribunal Federal sobre a união entre pessoas do mesmo sexo.
O hoje presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias
da Câmara Federal, o pastor deputado Marcos Feliciano, entre outras pérolas
lançadas aos incultos e ouvintes involuntários de seu púlpito, apontou que os
defensores de sua saída da comissão que preside seriam identificados como da “ditadura gay”. Abrir
precedente a homossexuais seria ter que também abrir a negros, índios, etc.,
etc.,.Que mal há?
(Marcos Feliciano/foto: Alexandra Martins agência câmara)
Do que se está falando então e em que língua. É grego, latim,
aramaico ou alemão. Comissão dos
Direitos humanos e minorias é prerrogativa de defesa de quem precisa de defesa,
seja de qual seguimento for. As falas assoberbadas de sentimento de potestades
parecem + disléxicas (usando de eufemismo) que o necessário e natural discurso
de convivências + inclusivas e coletivas. Então a nosotros resta o combate de
paz branca e liberdade de expressão e arbítrio de proporções + humanas e nunca
infamantes.
“(...) Concordo que o pastor Feliciano não deve ser deixado
em paz. É um poço de preconceitos. Seria incapaz de presidir com equilíbrio uma
Comissão destinada a zelar pelo respeito aos direitos humanos – em especial aos
das minorias. De resto, é um notável picareta. Porque somente um picareta
poderia condicionar a eventual cura divina à doação de dinheiro ou de bens.
Então que se combata o pastor sem deixar, porém, de conferir o devido destaque
a tudo o que corrompe o exercício do poder entre nós (...)” (Noblat, Ricardo:
Gratos ao pastor/ODIA, Últimas/ Teresina, Segunda, 1º. de abril 2013, pg. 5 [noblat@oglobo.com.br])
“(...) Aguinaldo Silva
contou em seu twitter que foi ameaçado de morte por fãs da cantora Joelma. O
autor criticou a declaração dada pela cantora ao colunista Bruno Astuto, da
revista ‘Época’, na qual comparava gays a ‘drogados’. Não é que a Joelma tem
fãs? (...) Aguinaldo usou o microblog para se manifestar sobre a polêmica
criada pela vocalista do grupo Calypso, republicando um trecho da declaração
dela e comentando. ‘Disse Joelma: uso aquelas roupas curtas e rebolo, mas,
quando falo de Deus, todo mundo entende’. Isso é que é usar o nome de Deus em
vão.” (Polêmica/Aguinaldo Silva disse que foi ameaçado por fãs de Joelma/Diário
do Povo, Sociedade/Teresina – PI, Terça Feira, 2 de abril de 2013, pg. 19)
Os discursos, os + diversos, entre o “céu” das celebridades e
a Terra de todos, em defesa e ataque das minorias dão uma ideia de que esse
assunto deve render muito e trazer maior clareza às convivências e relações
humanas + saudáveis. Artistas formam opinião, religião e comportamento viram
moeda de acento tônico no mundo de aceitação, ou negação da diversidade.
“(...) Em entrevista a cantora se explicou sobre o que disse.
‘Se eu fosse homofóbica, não teria amizade com gay. O que eles fazem é problema
deles, não tenho nada com isso. Não fiz nada para agredi-los e não tenho esse
direito. Mas sou contra o casamento gay. Seria o mesmo que eu concordasse que
meu filho gay se casasse. Uma mãe quando sonha coisas para o filho só sonha
coisas boas’.” (Polêmica/Aguinaldo Silva disse que foi ameaçado por fãs de
Joelma/Diário do Povo, Sociedade/Teresina – PI, Terça Feira, 2 de abril de
2013, pg. 19)
As liberdades de expressão podem abraçar qualquer causa e
seus direitos. Sejam às baleias, aos mares, ao planeta, aos nordestinos, aos
sem teto, aos sem terra, aos negros, ao aborto, às uniões civis homoafetivas,
entre tantas. As defesas de quaisquer direitos também devem seguir discursos
muito + expressivos a bem coletivo amplo.
Como recepção do discurso da vocalista da banda do Pará,
diria que homoafetividade não parece caracterizar coisas ruins. O melhor sonho
de um pai ou mãe seria fazer os filhos entenderem que existem diferenças e que
a diversidade é uma realidade nas vidas de qualquer sociedade. E não tem nada a
ver sobre o que fazem, ou deixam de fazer os homoafetivos, mas sobre como a
sociedade deve olhar para as minorias, sejam negras, pardas, índias, ricas,
pobres, especiais, homoafetivas, tresloucadas, ou até vocalistas de bandas de
forró.
A vida é feita de escolhas, as escolhas podem ser melhores
que as que se possam apresentar em nosso tempo e diminuir as relações humanas. Quem diz o que
pensa pode ouvir o que não quer. Quem pensa sobre o que fala, fala também o que
pensa, mas tem + chances de não formar opiniões inadequadas, especialmente
acerca de proteção a direitos livres e de premissa humanos, sejam de minorias
ou de maiorias melhor esclarecidas, ou não.
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