por maneco nascimento
Teatro é assim, criado para encantar a assistência e fazer com que se leve para casa alguma informação, formação aberta em arte representada e cultura que se aproxime, de alguma forma, de nossas experiências, memórias afetivas e identidades sociais.
Não é à toa que as representações e imitações da vida têm, ao longo das eras, manifestações diversas e contextualizadas a cada território, mapas que variam do oriente ao ocidente com seus milhares de anos conquistados. O teatro, a arte do ator, fascina a quem faz, mas especialmente contagia a quem vê uma boa representação.
Dia 11 de outubro, às 18 horas, na esteira da programação da Semana da Criança no Teatro Municipal João Paulo II, o público de infantes e pais delirou com a montagem do Grupo As Petúnias de Teatro, para texto de Tatiana Belink. O espetáculo, “O Macaco Malandro”, com Direção de Marina Marques.
(O Macaco Malandro, do Petúnias de Teatro/foto: divulgação)
Numa concentrada e limpa geografia à cena, Marina Marques realiza uma dramaturgia para público infantil com acuidade de detalhes que vão se assomando para o todo. Um conjunto de atores, com bom desempenho, traqueja a espacialidade de cena com humor, respostas corporais e, especialmente, sem apelo para engodo da criança, sempre atenta ao enredo.
A estratégia da direção é funcional e tem toda uma linguagem definida e clara como a água para chocolate que adoça a recepção infantil.
A Cenografia e Caracterização de Adereços de cena, construídos por Lorena Campelo, são esteticamente bem aplicados e plasticamente muito eficientes.
Vê-se uma floresta, de cipós, que avança sobre a cena para compor o tribunal de “O Macaco Malandro”, máscaras que se mimetizam aos figurinos das personagens e + objetos que fundem-se de forma delicada e compõem-se em ambientação para não faltar mais nada. Completa-se à história elementos práticos como uma balança, um tronco(cadeira do juiz) e uma árvore que anda e interage muito graciosamente em todo o espetáculo.
Os Figurinos, assinados por Marina Marques, sóbrios e representativamente eficazes, não só à identidade dos animais, a Raposa, o Lobo, o Macaco, como também valorativos do ambiente da floresta e personagens outras, a Árvore. Tudo está muito próximo e equilibrado, cenário, figurinos, adereços e dramaturgia para encanto infantil.
(O Macaco Malandro, do Petúnias de Teatro/foto: divulgação)
A Iluminação, uma busca de Lorena Campelo e Marina Marques, também é coeficiente de aplicação matemática que lúdica fecha-se na aritmética teatral. A Pesquisa musical, de L. Campelo, para preenchimento de enredo da fábula moderna é emblemática para o público fim e mantém contornos de linguagens e sonoridades que fecham o ciclo do teatro feito e pensado para a criança.
O Texto da grande Tatiana Belink encontra, na dramaturgia de cena e respostas dos atores, toda a magia, encanto e crítica social que devem existir na dramaturgia literária criada ao melhor efeito dramático.
Um Macaco, às vezes de um Pedro Malasarte, aplica a esperteza da própria justiça e abre um canal de reflexão acerca dos contextos atuais brasileiros. O Texto não perde a mensagem original na dramaturgia encenada.
O Elenco afinado com a direção consegue resultado muito bom. Eliziane Pedro(o Lobo), Cristina Pillar(a Raposa), Juremil Rios(o Macaco) e Ari Veras(a Árvore), cada um a seu tempo detém a dramaturgia do ator com o prazer de quem está construindo o seu melhor. Convencem, criam empatia e brincam de fingimento sem truques fora da técnica estudada. Dão-se bem.
Têm corpos e inflexões textuais com lingüísticas próprias e representativas das personagens e compõem eixo norteador do lúdico feito para enlear e ativar sorrisos e fantasias da criança existente no público de qualquer idade. “O Macaco Malandro” tem um conjunto afinado e uma montagem que guarda vontade de quero +.
(O Macaco Malandro, do Petúnias de Teatro/foto: divulgação)
Eis um projeto que confirma que teatro é assim, bem realizado, porque tem pesquisa e sensibilidade.
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