segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Eu leio, sim.

Eu leio, sim.
por maneco nascimento
As campanhas de leitura ou recuperação das leituras “perdidas” sempre utilizaram motes que vão desde “mergulho” no mundo das palavras, ou ler faz muito bem para o mundo, não + o das perguntas, mas das respostas. Um certo Lobato, intelectual brasileiro apregoava que “um país se faz com homens e livros”.
(Casa de Marimbondos, de João do Norte./Monteiro Lobato & Cia. Editores/capa: J. Prado/www.iel.unicamp.br/cedae...)

E, talvez, sua literatura revolucionária e pioneira tenha sido responsável por alguns bons leitores Brasil a fora. Deixou uma herança que abriu caminhos às futuras e + rebuscadas e renovadas leituras. A um bom praticante de leitura o universo da Leitura é de ciência e magia interacional.
Para nação com ainda razoáveis índices de analfabetismo, quem consegue ler, além do funcional, é rei ou pelo menos andeja por meandros de língua, lingüística, falas, oralidades e um olhar que, mesmo caolho, desliza sobre as vagas do oceano do conhecimento exercitado. Assim, ler exige para alguns métodos, para outros maneirismos e estratégia para bem servir-se.
 Assunção de Maria, professora-mestre em Ciência da Literatura/Sub-área poética, pela UFRJ e efetiva do quadro da UESPI, concorre para uma leitura fluente em que vai tentando compreender a estrutura e as idéias chaves dos autores. “Em determinados textos parto da leitura global para depois construir os sentidos mais detalhados”, diz.
 Quanto ao momento e espaço à concentração de leitura, Assunção de Maria declara que “depende do seu objetivo de leitura, se de identificação de dados, obter a compreensão da estrutura e organização do texto, então carece mais de um momento e espaço tranqüilos” para ter o efeito desejado.
Ninguém sofre o dilema de “ler, ou não ler”. Todo mundo lê tudo e toda coisa a todo o tempo. Mesmo os tidos como fora dos padrões regulares de leitor têm sua forma de ler o mundo. A sabedoria popular que o diga. Então leitura torna-se ato natural de sobrevivência social e adequada à experiência e métodos de absorção ou troca de conteúdos e conhecimentos.
Para o professor de português e teatro, Roger Ribeiro, na hora de ler “quanto mais concorrência tiver pra mim, melhor, me abstraio no meio da concorrência. Na parada de ônibus, por exemplo, é melhor que no quarto fechado”, confessa. Segundo o artista “se tiver só eu e a leitura, não funciona, precisa eu, a leitura e a concorrência” para rolar o encontro com a ação de ler.
 Com maiores ou menores esforços ao mergulho em livros e leituras, a finalidade sempre será a mesma, ampliar conhecimento e determinar obrigações e integração na ação transversal de mensagens e contextos. Para o bom leitor, qualquer leitura selecionada vai surtir o efeito da escolha. E, com o advento das novas tecnologias, quem disse que ao leitor os livros eletrônicos são ameaça.
Cada um encara essa nova rede de informação à conveniência de suas perspectivas e necessidades. L. Magalhães acrescenta que as novas tecnologias certamente interferiram em seu processo de leitura. O sistema de busca do Google possibilita textos que ampliam as fontes quando quer ler a respeito de alguma temática.
Mas para o professor-doutor, “neste momento, não disponho de nenhum destes recursos que buscam substituir os livros. Não sou contra, apenas não disponho de nenhum agora”, finaliza.
Sem resistência às novas tecnologias, Ademilton Moreira acrescenta que quanto às leituras ainda prefere ficar com livros de papel. Às vezes imprime material para ler depois, “baixar um livro ou mesmo um artigo grande de uma revista, não gosto”, acentua.
Na internet, só se detém no jornal online, pega os tópicos, opiniões e lê rápido. Prefere leituras impressas “passar um ou cinco dias sem ler jornal impresso, sinto falta”, conclui.
A professora-mestre, Assunção de Maria, diz que as novas tecnologias não interferem de maneira alguma no seu processo de leitura, mas “gosto mais do texto no papel porque já criei o hábito e muitas vezes é mais prático e posso fazer em quaisquer circunstâncias” pontua o assunto.
E Roger Ribeiro concorda que, para ele, o canal das novas tecnologias às leituras não interfere, também “não reforça, me faz ler de novo o antigo, me estimula a voltar ao livro tradicional”, finaliza.
Das leituras, digamos primitivas, em que os admiradores dos sábios da época, fascinados e à luz de tochas percorriam as inscrições rupestres, rindo e identificando-se com a obra do artista, estudioso, “doutor” até as leituras à luz de vela, candeeiro, lampião a gás, filamentos incandescentes e as novidades a vapor e frias, leitura não faz mal a ninguém.
(Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato./ilustrações de Jean G. Vinlli, 1931/Lobato-Biblioteca/globo.com)
Faz com que nos inteiremos do mundo ao nosso cerco e, parafraseando o intelectual brasileiro, uma boa leitura se faz com bons autores, leitores (co-autores) e livros. Então leia-se sempre e sem demora. Mas, se com demora, sempre confronte-se com uma leitura, ali está a novidade. Eu leio, sim.

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