Made in Ceará/Brasília
por maneco nascimento
Fez chegada por Teresina o teatro do gargarejo “Luiza & Prazer – a comédia do poder” que se apresenta, no material de divulgação, como sucesso de público e crítica em Brasília – DF. No elenco, os atores Allice Bombom e Carlos Anchieta e na direção Augusto Piau Neto, nosso querido “Bobota”.
(Allice Bombom & Carlos Anchieta/"Luiza & Prazer"/acervo)
A temporada de 05 a 07 de agosto fez história no palco do Theatro 4 de Setembro, sempre às 20 horas. Montagem apresentada pela Caixa Econômica Federal – CEF, uma hora e meia de piadas, quase sketchs solos e uma descostura dialógica que mereceria melhor alinhavo de dramaturgia de palco. O texto comum, piadas de humor tímido e “timing” de ator melhor desenvolto em Carlos Anchieta.
O ator Allice Bombom, na personagem Luiza, pouco afeito às inflexões e ou traquejo para texto quer fora, ou dentro do tradicional vaudeville.
Talvez com uma melhor aplicação de entendimento da linguagem, se houvesse “feeling”, a proposta contemporânea de teatro ligeiro, à linha da improvisação e “stand-up”, ganharia efeito. Não convence. Não compromete a performance da doméstica Prazer. Também não se sustenta por si só à experiência de shows em casas noturnas.
O bordão “ela é louca” ou “mulher louca” não ganha vida teatral, pois um decoreba sem verdade para fingimento cênico. Melhor se assenta quando dubla, especialmente, Lady Zu à média de transformismo. De + a + serve de tapete vermelho à economia, no escracho, desempenhada por Carlos Anchieta.
À espera do início do espetáculo já se tem uma vaga noção de por onde andará o enredo. A música ambiente que recepciona o público vem de sucessos-cria da indústria cultural do forró sensual, exotizado por uma dessas bandas com nome de avião que povoa o círculo popular mass media.
O mapa dramático-literário reproduz um teatro forjado com sucesso pelos inteligentes cearenses. O humor escrachado do Ceará ganhou adeptos em toda parte e, em Brasília, também fez suas vezes. A caricatura, a maquiagem e o texto aparentemente despretensioso à voga de improviso se fortalece no teatro de sucesso reproduzido no DF.
Carlos Anchieta(doméstica Prazer) perpassa pelas piadas gastas, pela interação + eficiente com a platéia. O improviso se assemelhando com o perfil da Raimundinha(Paulo Diógenes), Skolástica(Antonio Fernandes), Rosssicléia, Adamastor Pitaco, Zé Modesto, Madame Mastrogilda, entre outro(a)s. Não faz feio.
(humoristas cearenses/acervo)
Tem uma qualidade de equilibrar o exagero dessa linha de humor. Amiúda a interpretação da caricatura e ganha em limpeza do exagero do escracho. Salvo os momentos, + engraçados, há também os em que a performance de “shows” e imitação de cantora de banda de forró se sobrepõe para o apelo do riso propriamente desejado. Diverte e ganha o público.
“Luiza & Prazer”, de Allice Bombom e Carlos Anchieta cumpre o papel do teatro da diversão, do riso e do entretenimento. E, especialmente, revela um bom ator brincando de “cover” do teatro cearense. Carlos Anchieta se consegue ser bom nessa linha de trabalho, o que não renderia numa melhor dramaturgia de texto e de cena.
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