terça-feira, 15 de maio de 2018

das AbsoLUTAS

Dança-Teatro
por maneco nascimento

Um dos + representativos Grupos de Dança Contemporânea de Teresina completa 25 anos de carreira, mantendo o que sabe fazer melhor, Dançar. E, para comemorar as bodas de prata a Cia. de Dança de Teresina Dança.
Os festejos de 25 anos do Balé da Cidade de Teresina - BCT envolvem apresentações em Equipamentos culturais da cidade. Para essa feita, a Cia. abre temporada no palco do Theatro 4 de Setembro, nos dias 15 e 16 de maio, no horário das 19 horas. 

Na veia de corpos falantes do BCT, a linguagem de Dança Teatro Nova Dança Cena Vida Cênica, bastidores de vivência feitos arte de expiação pública. O espetáculo "AbsoLUTAS", com criação de Samuel Alvis, fica em cartaz por dois dias, na terça e quarta [15 e 16 maio].

Na apresentação do dia 15, o espetáculo vem na esteira do Projeto Terças da Casa - edição Terça Dança. 

O Terças da Casa é de iniciativa do Complexo Cultural Club dos Diários /Theatro 4 de Setembro e realização do Governo do Estado/SeCult e aplica-se a convidar um artista, grupo, companhia artística para se apresentar na Casa de espetáculos, sem ônus para o/a ocupante da pauta. 

São dispensadas aos artistas as taxas de ocupação do Theatro e o Bônus ao convidado/a da vez é o arrecadado da bilheteria. A parceria Artistas e Casa de espetáculos recai sobre a divisão de divulgação da pauta agendada.



O Terças da Casa se projeta para três linguagens artísticas, Teatro, Dança e Música às Edições de Terça Teatro, Terça Dança e Terça Música. Para essa pauta de 15 de maio o agendamento recaiu para a Terça Dança e o convidado da vez foi o Balé da Cidade de Teresina 25 Anos, com AbsoLUTAS.

***Quanto à apresentação do dia 16 de maio, a Cia. de Dança segue brilhante, em expansão da temporada de comemorações do Ato de Dança e reitera o papel que compõe na cidade, enquanto Dança.

O Corredor Cultural do centro da cidade nunca mais será o mesmo depois da passagem de "AbsoLUTAS" e só vai ter olhos para as Falas, Vozes, vezes Cênica de Dança, já que o Balé da Cidade de Teresina é todo falante em Corpos que Dançam a língua, linguagem da Dança!

"AbsoLUTAS", de criação de Samuel Alvis, chama a recepção a colocar o corpo e a dança na Luta pela urgência do momento que vivemos. O preconceito e o machismo têm ceifado muitas vidas. São, ainda, os maiores causadores de muita violência, numa grande parcela da população brasileira, principalmente a de Mulheres e Gays.

O Espetáculo-dança-protesto, gera um grito de todas vozes, para que seja ouvido e reflita o contexto social da violência, vetor de tragédia e declínio de sociedade.
Agende-se. Dance a Arte que Dança em Teresina.

Serviço:
"AbsoLUTAS" - Balé da Cidade de Teresina
**terça - 15 de maio
[no Terças da Casa - Terça Dança]

**quarta - 16 de maio
[em temporada continuada]
sempre às 19 horas
Theatro 4 de Setembro
*ingressos:
R$20,00[inteira] / R$10,00[meia]
*informações:
9.9907 7714//\\9.9531 4883[Francisca]

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Diário da Caverna

um tango Piazzola
por maneco nascimento

Quando os deuses percebem os pés de barro e passam a olhar mais para si mesmos, talvez, mas só talvez, passem a desviar o olhar dos mitos fugazes da caverna em que aprenderam a antever, como lugar de conforto, o que na verdade seria uma queda livre para poço imaginado como sem fundo.

Dos entulhos de outono, dos abarrotados das passagens de estações e dos tropeços sentidos para emergir das próprias sombras é que se faz a licença poética, em dialogismo com Música e textos-memórias confessionais, alinhavados à recuperação da razão, desviada, em febre terçã, "À Flor da Pele" - o espetáculo.

A cantora Zizi Possi, senão uma das + poderosas intérpretes da MPB e temas latinos de radical familiar romanos, é também das veias de atriz. É o que se fez provar no espetáculo, em que dialoga numa imersão da própria experiência de despressurizar velhos deuses e motes perdidos de paraísos fatais e reivindicar saúde, quando reinventa-se na fuga da experiência de depressão, tema expiado na narrativa poética do espetáculo dirigido pelo irmão José Possi.

Num tecido peculiar dramático, sutil e, inteligentemente, bem afinado, a direção de arte de cena de Possi, deixa a irmã e cantora bem à vontade para contar sua história e cantar, com uma singularidade só sua, a volta a seu repertório brilhante, feito papel original à escrita da Canção Brasileira e trazer com muita acuidade artística a novo pano de fundo, o Teatro, os compositores que tão bem a fizeram cantar um Poeta.

Desfilam, na narrativa-canção confessional, dando mais liga na emenda e revalorizando o soneto, os/as Poetas Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Rita Lee, Chico César, Gonzaguinha, entre outros + das vias de compor a partitura de desmorte e redenção da nereida de "À Flor da Pele" - o espetáculo, este que a onda da emoção e memória, como mito do eterno retorno a coração despedaçado, traz por duas versões obra do Chico Buarque que nomeia o espetáculo.

A Flor da Pele, a canção de Chico, sanduicha o espetáculo e, ao final, numa versão tango Piazzola, marca o quente coração selvagem da Poeta-cantora, que viveu o inferno de Dante na caverna do próprio demônio interior. Final quente orquestrado por um acordeon e um cordas de aço, na mimesis musical de um Astor argentino por natureza latina, retira de vez a personagem dramática do escuro das memórias de solidão da mente deprimida e a alça, anjo decaído, à redenção das Luzes.

A direção musical que se ampara no vértice instrumental de um piano, um acordeon Piazzola e um cordas de aço dão o ponto no doce. A trilha original ao vivo aquece a cena e amplia o tete-a-tete da energia maior contida entre a ação, o ato, a palavra, a música, a canção, os músicos, instrumentos, os Poetas, os músicos, a Intérprete.

Numa cenografia que varia entre visagismos da linguagem tecno das novas tecnologias direcionadas, definem pano de fundo para realçar e interagir no diálogo direto da personagem de si mesma, vivida e saltada da realidade para o lúdico, por Zizi Possi. Na espacialização + direta de contrarregra cenográfico um sofá/ostra de Afrodite e um praticável em que descansa e conta sua tragédia interior.

Seja no descanso da deusa vencida[sofáOstra], ou no visagismo de um caminho de luz cortando o céu[Apolo em sua carruagem de fogo definindo o dia e a noite], as narrativas imagéticas e sígnicas dialogam com deuses mortos, misto de mitos naturais do inconsciente coletivo, arquétipos representativos no véu de memórias reproduzidas na cenografia do espetáculo.

O figurino da atriz-Cantora, simples, em luxuoso de apresentação de deusa, arrastando vestígios de poeira das energias de que se fazem mortais e que, naturalmente, despendem ao mover-se, seja em terreno seguro, seja em margens pantanosas das memórias regurgitadas. Vestuário quase vestal que abriga aproximação em [ir]real, ou efígie metafísica representada na suspensão do enredo.

A iluminação, metamorfoseada com o visagismo das imagens projetadas, amplia o olhar da recepção e expia a parede descascada da memória; o entulho de outono no amontoado de folhas secas de eternas estações[+ cenografia definida]; uma talvez lua sem São Jorge e enviesada, ou portal de observação, espelho opaco por onde passam as imagens de si mesma, feito desvios, ou reenvio de mensagens em expansão do universo a ser descoberto. A luz reinventa as imagens e reitera o discurso da alma partida, Estrela em locomoção rumo ao primordial do sol do interior.

Por +, o texto de memórias da casa faxinada, pelo simples de contar a própria história sem recurso de querer ser Pessoa, ou Drummond, nem Graciliano, mas só Poeta das próprias dores, cumpre bem o seu papel. A direção do espetáculo usa da sagaz inteligência dramática para "impor" Zizi nas vezes de atriz e, no pulo da Gata, caliente em teto de zinco de Teatro, a faz valorizar o que + a faz tão bem, que é cantar.

E cantar Possi faz muito bem, obrigado. Dos solilóquios aos atos de grandes Canções sentidas e paridas ao sabor dramático de convergir memórias, dramas, histórias da vida como ela é e sem querer negá-las, Zizi fica tão grande feito Dulcina, Bibi, Fernanda, Pêra, Laura, et al, enquanto canta, sua melhor e maior arma de conhecimento ao "decifra-me ou devoro-te".

Em "À Flor da Pele", o espetáculo e também na Canção Buarquiana, sem desmerecer todas as outras interpretadas por Zizi[como nereida domando marinheiros], a artista encantou toda a assistência e não houve quem não quisesse mergulhar no mar desenhado pela dramaturgia construída pelos irmãos Possi.

O que se vê, ouve e sente durante uma hora e vinte de espetáculo, é um ato de fé ao drama da Canção e licenças poéticas acertadas, uma epifania aeda trazida à tona, vinda do fundo do lago escuro da memória de recuperação da Estrela que sobe e se assegura ao campo de proteção que Deus, para quem acredita, pode permitir alcançar.

O entulho de ossos revirados, a alma partida e reajuntada feito o milagre de Prometeu, dá a garantia de novo fígado à personagem e o amargo da boca é expelido na voz, no canto, no corpo da personagem, na pele e suor que dado aos mortais, no viver "À Flor da Pele" e poder contar a história com distanciamento e feitura épica de reinventar-se + outra vez pela arte.

Parabéns, irmãos Possi. Ficamos todos À Flor da Pele.

fotos/imagem: (marcelo cavalcanti de medeiros)

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Alma e Canções

para temas latinos
por maneco nascimento

Uma alma de emoções ladina é fato de que ninguém é caliente impunemente. Sangue, língua, Alma, voz e falas de poético musical ardente contido, comum ibérico para latinos, gregos, troianos e à cor trigueira do lado de baixo da linha do equador.

De dois pra lá, dois pra cá e variações + da doce e velha MPB para fossas, bossas e boleros deslizantes no âmago de espírito vertiginosamente latino-américa, o Projeto Seis&Meia - edição maio, trouxe Tânia Alves em seus desdobrados da Canção e Emoção a dramáticos leves e serenos densos, severos musicais da[s] melodia[a] sentimental[ais].

Na práxis do diálogo musical Eles e Nós, artista convidado/a + atração local, às 18h30 subiu ao palco do 4 de Setembro a cantora Gabi Carvalho e seus afiados e agudos tons em dom de cantar MPB bossa nossa.

Cantou, cantou, cantou, jamais cantou tão ela assim, só sei que os ais e és a aplaudiram de pé, a concordar por fim com sua força da canção. Seu canto de nereida encantou um mar de assistência, de público Seis&Meia que a amou do palco aos bastidores melódicos que incluíram, entre os Mais, o Poeta Chico Buarque.

O elevador, que alça Estrelas ao céu-show de espetáculos, aconteceu no seguido às vezes de Tânia Alves.

Livre, leve e solta, liberou todas as canções brasileiras de todas as estações e, em bondes felizes chamou desejos cancioneiros, amores, dores, cores, as memórias bossas outras da partitura diversa de sóis, lás, sis, rés e dós sustenidos da música popular brasileira que canta, porque os instantes existem para Cecília e outros Poetas.

Um público fiel e detido ao show-biz intimista aplicado à pecha de memórias embutidas, embaladas no emaranhado da emoção. Foi um, em dois, Projeto-Show que fez sorrir, vir, ver e, voltar quando nova atração marcar o calendário a junho, próxima agenda do Seis&Meia.

Para a noite do Projeto Seis&Meia, de ontem 08 de maio, em Teresina/Theatro 4 de Setembro, a plateia deu-se por vencida pelos apurados cantos e epifanias dramáticas de herdeiras de nereu.

Tânia Alves ainda encanta Piripiri[Teatro Auditório "João Cláudio Moreno", nesta quarta feira, 09 de maio, e fecha temporada em solo piauiense à Canção na cidade de Parnaíba[Teatro "Saraiva"], na noite de quinta feira do dia 10 de maio.

Aos amantes da boa e perolada MPB, eis que maio brindou outras notas partidas ao inteiro da Canção, que Brasileira, revela Estações a Todas as audições e ouvidos que geram interativos de recepção.

Salve, Ela. 
Viva Elas! 
Tânia e Gabi!

Evoé, Seis&Meia! 

fotos/imagem: (divulgação)