no meio do sebo...
por maneco nascimento
Dentre os que olham ao derredor, no meio do caminho tinha uma pedra de 13 milhões de analfabetos. Terra de grandes mestres escritores e, leitores, menos, em relação à Argentina, por exemplo, que tem para cada Livraria, o correspondente aqui no Brasil a uma farmácia.
Ou, como declaram as pesquisas, nosso é o país muito, mas muito + atrás da França, esta que lê muito e bem, seu rosário de exemplares e até elegeu um brasileiro, mago das escritas auto ajuda, como seu queridinho.
Quanto a mim, seria, eu, alguém que cava, também, a própria sepultura. Mas, enquanto inconclusa esta tarefa de (des)continuidade da vida, vou lendo um pouco aqui, algo + alí... "Alguma Poesia", se ninguém me impedir, e seria de todo ímpeto em não permitir tal ousadia. Mergulho no "Brejo das Almas" e que nunca me falte um "Sentimento do Mundo", porque não vislumbro maior jardim que não passe pelo que plantou "A Rosa do Povo".
Leio porque faz bem. Alguém já disse que quem lê tem menor chance de envelhecer solitário. E a ciência que mantém, a cada segundo, o mundo atento às novas (dez)cobertas e regências do mundo comtiano, nos assinala que ler exercita sinapses e corrobora para manter a mente viva. Leio porque existo. Leio, logo (re)penso. Leio para não esquecer.
E, como um razoável garimpeiro de sebos, sempre esbarro em pérolas deixadas aos outros. Fosse inventariar as peças preciosas... hum, daria... uma Esmeralda Bahia, aquela brasileira que os Estados Unidos é dona. Mas este não é o assunto. Desta feita, tinha que passar pelo sebo frequente e, entre alguns reais investidos, gastei bem, também, num Caminha no meio do sebo.
"Drummond A Lição do Poeta", de Edmílson Caminha caiu bem em minhas mãos. Em comum, entre eu e o intelectual, talvez só o Poeta itabirano, o meu grande amor da poesia brasileira. De mim, o admirador incondicional e leitor apaixonado. De Caminha, um privilégio muito maior, além de admirador, leitor arguto, pesquisador, comentador da Obra do Poeta, também amigo conquistado.
Como ia dizendo, um livro que ainda não havia passado pelo meu caminho. Uma edição comemorativa do centenário de Carlos Drummond de Andrade, editada pela Oficina da Palavra, já numa segunda edição, de 2006. Uma preciosidade para quem gosta demais de CDA. E eu morro e não nego, amo Drummond.
Entre as pepitas colhidas ao Livro, uma entrevista com o escritor (janeiro de 1984), direto, humorado, de ironia refinadíssima e de uma sinceridade peculiar. Crônicas, trechos doutras, poemas, seu jeito de ser humano, educado, discreto, sincero, mas sem meias palavras e toda poesia, seja nas entrevistas, comentários, posição política, posição humana de ser quem é Carlos Drummond de Andrade.
O diálogo do pesquisador ao autor se vai estreitando, de forma simples e rebuscada das memórias construídas entre o admirador e o Admirado. Dos recolhidos à feição de homenagem ao artista, "A Lição do Poeta", uma rica e inconteste Entrevista (Janeiro de 1984) e "O QUE FIZERAM COM O PORTUGUÊS?" (CDA).
+, ainda, "Em Torno de Drummond"; os títulos de artigos "Drummond em Latim"; "Ciao, Drummond"; "Diário de Bordo"; "Tempo, Vida e Poesia de Drummond"; "Itabira, Drummond, O Cometa etc."; "A Presença Viva de Drummond"; "Crispim, Barba Azul, Drummond"; "Lembrança de Drummond"; "Na Toca do Urso Polar"; "Brejo das Almas: Um Lugar na Poesia de Drummond"; "Gol de Drummond".
As cartas do Poeta em respostas ao admirador, "Remetente: Carlos Drummond de Andrade". É mesmo um privilegiado Caminha no caminho de Carlos Drummond de Andrade. Uma fortuna crítica de correspondência entre o cearense, admirador, e o mineiro de Itabira, o Poeta, em seus sucintos, delicados e atenciosos escritos em respostas a Caminha.
E, de Drummond, "Poema para Ana Carolina"; "Versos para Mariana"e, "Uma Pedra em Tupi" (tradução para tupi de Gerobal Guimarães) e "Poema de Carvalho" (Drummond Revisitado, de Francisco Carvalho para Edmílson Caminha) + "Testemunho de Placer" (A Propósito de CDA, de Xavier Placer para Edmílson Caminha).
Uma fortuna de memórias brasileiras da + pontual literatura revisitada e homenageada. Esse Poeta, o Drummond, com muita justiça incensado na justeza de "Drummond A Lição do Poeta", do organizador Edmílson Caminha.
fotos/imagem: (capa da primeira edição)
Um prazer de boa leitura!
sexta-feira, 16 de junho de 2017
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Pérola rara, ato dramático
Sobre “Raroquerer Haraquiri”
por maneco nascimento
por maneco nascimento
Uma Leitura Dramática, de texto do dramaturgo, poeta, artista plástico e escritor, o piauiense Roberto Muniz Dias, realizada
durante o DIGO - II Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero, que ocorreu em Goiânia, Goiás.
A Leitura, do texto-monólogo "Raroquerer Haraquiri", foi realizada pelo ator Rodrigo Unganelli. O ato cênico deu-se no Teatro Centro Cultural UFG.
A Leitura, do texto-monólogo "Raroquerer Haraquiri", foi realizada pelo ator Rodrigo Unganelli. O ato cênico deu-se no Teatro Centro Cultural UFG.
Do autor,
[A proposta é de apresentação de um monólogo intimista, mas que adentra
a magia do processo criativo de um escritor em busca de seu melhor texto. Para
isso, vai à sua infância, procurando pela parte mais ingênua e mais sincera.
Então, nesta simulação da sua própria vida, vestido de gueixa, Germano vai se
(...)]
(Publicado por Roberto Muniz
Dias, em 10 de jun de 2017, no you tube)
Da recepção de um ator,
[Pra começar, o trocadilho muito feliz Raroquerer Haraquiri é
uma sacada de aprendiz de feiticeiro, aquele que sempre vai superar o último
preceptor. Traz novidade desde o jogo das palavras, mais todo o universo que há
nas linhas em si, nas entrelinhas e para além delas em proposta criativa.
Quanto à dramaturgia de cena. Gosto desta terra do escritor,
em seus desmanchados de pisar e livros e consoles e vinho e bebidas e a taça de
drink e banco (cadeira de sala confessional/divã de casa) que se misturam e um
"rio" (MARCA DE TECIDO AZUL) recortando espaço de caminhar das
memórias do escritor, enleado pelo sentimento quente, navegado do coração rubro
(QUIMONO VERMELHO, segunda pele da personagem) que regurgita o tempo do pensamento
que revira as memórias.
Ao figurino: um quimono de kamikasi que desnuda o sujeito do
(sepulku/harakiri), na dialética do corte, ruptura, quebra do
paradigma, rompimento do interdito.
Kamikasi, porque leva consigo um coletivo a ser desprezado na "liberdade" de nova vida, novo tempo. A gueixa que escolhe o destino, desvia-se das marcas da tradição em nome da nova edição de novo viver.
Kamikasi, porque leva consigo um coletivo a ser desprezado na "liberdade" de nova vida, novo tempo. A gueixa que escolhe o destino, desvia-se das marcas da tradição em nome da nova edição de novo viver.
Quando a personagem se desnuda vejo um quase jovem deus pan e sua
música mágica, ou um sátiro que enleia melodias e distribui-as aos outros, através
da flauta presenteada (daí à dialética, ou semântica, que a flauta tome... seria
outra recepção).
O intérprete/leitor tem uma natureza imberbe, mas sem a força
da gueixa (silenciosa/pragmática/medida em métodos da tradição milenar da
cultura Japão), as idiossincrasias do ator, às vezes, (não sei se proposital),
sobrepõem a gueixa... mas, se um jovem deus pan aparecer fica na média entre os deuses
e os mortais, divinos e mitos e o inconsciente (arquétipos) incorporado às
falas do corpo que geram imagens mitológicas, em visitas a mortais.
Algum momento, a pedagogia da imagem da narrativa, fica
infantilizado. E, talvez, o neutro, melhor valorizaria ação de leitura textual,
mas noutros momentos as falas de corpo definem identidade com o textual.
O ato de vasculhar o "baú de ossinhos", em
paráfrase ao "baú de ossos" (O Terno e o Frango, do escritor paulista Joca Oeiras), é de imagem que ilustra bem, haja vista as coisas, os objetos e a mala
de memórias aberta e os recolhidos de dentro, as armas de prazer (flauta) e
dor/rompimento (punhal).
A morte brechtniana se instala bem e o desaparecimento da "mulher", de lábios pintados, que se esvai na luz em resistência ao black out revela a transição/passagem de sombras à Luz e luz às Sombras das memórias. No piscar ao escuro, um barulho ensurdecedor vai (na obra aberta) gerar a nova Luz já apontada no discurso.
A morte brechtniana se instala bem e o desaparecimento da "mulher", de lábios pintados, que se esvai na luz em resistência ao black out revela a transição/passagem de sombras à Luz e luz às Sombras das memórias. No piscar ao escuro, um barulho ensurdecedor vai (na obra aberta) gerar a nova Luz já apontada no discurso.
Mas, o essencial, na Leitura Dramática é o texto, é
indispensável. As imagens e cenas mais particulares devem ser de desenho mais
limpo e sempre coerentes ao discurso das falas do texto, não que haja, na Leitura, essa falha (trágica), mas o mais é o menos e o menos é sempre o mais,
na simplicidade.
Mais respostas, só na leitura do texto original, pois que observação a partir de um registro vídeo you tube da performance dramática.
Ah! a música (Hugo Santos, outro piauiense pancada) é linda e o diálogo com as novas tecnologias, áudio visual, das memórias alter ego, de super valor do si no outro do outro no si, revela bem ao conjunto dramático, abre costura e recompõe capas da cebola dissecada.
Ah! a música (Hugo Santos, outro piauiense pancada) é linda e o diálogo com as novas tecnologias, áudio visual, das memórias alter ego, de super valor do si no outro do outro no si, revela bem ao conjunto dramático, abre costura e recompõe capas da cebola dissecada.
Tá bom, ou fugi muito da recepção de observador do ato político e cênico de raras ações, ato dramático, feito "Raroquerer Haraquiri"?
fotos/imagem: (Roberto Muniz Dias)
fotos/imagem: (Roberto Muniz Dias)
terça-feira, 13 de junho de 2017
Éramos Seis...
Erasmo Seis&Meia
por maneco nascimento
Ele vem de um histórico de tocar em bandas juvenis, no começo de carreira, que reunia, no mesmo círculo de amizade musical, o grande Tim Maia, Roberto, Jorge Ben (só depois acrescentou o Jor), entre outros que marcaram os melhores dias de suas vidas às nossas melhores recepções e memórias inestimáveis.
fotos/imagem: (divulgação)
Amor ao rock, ninguém ficou impune a esse movimento pop mundi que atravessou, também, os mesmos mares, outrora navegados, e aqui aportou para influence jazz, rock, soul, blues, black spiritual, gospel-rock, pop, Jovem Guarda, iêiêiê...+ Bossa Nossa às guitarras selvagens e o matiz diverso da melhor, entre as melhores também, manifestação musical, a velha e doce MPB.
Se forjado um rei da MPB, então logo no calcanhar (falha de Aquiles), ou melhor ao lado, está o Príncipe Tremendão, esse tremendo barato que compôs de tudo e todo um pouco a românticos, ecológicos, rock'n tradição e reinvenção da variação sobre o mesmo tema, deu um Close n'Ela e permanece esse pop art music made in Brazil/Brasil de tantos brasis afora e adentro.
Nesta semana de 12 a 18, o tremendão Erasmo Carlos, em + de 70 bem vividos anos e, muitos deles à canção que avançou sobre os palcos brasileiros, pois à cepa nacional de grande estirpe, está em temporada de shows no Piauí.
fotos/imagem: (ascomSeCult)
12 de junho (Dia dos Namorados) foi brilho no Projeto Seis&Meia Teresina (Theatro 4 de Setembro); dia 13 de junho, marca presença luxuosa no Cine Teatro Oeiras, em Oeiras, ao sul do Piauí.
fotos/imagem: (divulgação)
E, em seguida, dia 14 de junho, é + música no Espaço Cultural Teatro "Maria Bonita", em Floriano, às margens do Velho Monge (o Parnaíba) que banha a Princesinha do Sul. É o Projeto Seis&Meia Interior, em franca expansão da canção brasileira de todas as estações estado adentro.
E, ainda dá as graças rock'n pop musicais, dia 16, no Festival de Inverno de Pedro II (que rola de 15 a 18 de junho), ao norte do estado.
Na cidade de Teresina, 12 de junho, às 18h30, no palco do Theatro 4 de Setembro cumpriu rito e rituais da profissão e repercutiu as memórias da canção e composições que lhe bem cabem. Um bom público, fãs de ontem e de hoje e uma repercussão que não tem faltado a nenhuma agenda do Seis&Meia.
fotos/imagem: (Carlos Anchieta)
Há quem diga que a voz estaria menor. Ninguém tem esse instrumento, natural, de ferro. É mesmo de carne, sangue, membrana, tecido e, envelhece como tudo, inclusive o mundo que, naturalmente, ganha ocaso. Também há os que dizem que foi tudo! Continua o mesmo, com os limites de quem tá pra lá de setenta. Mas um setentão da pesada. Um coroa da pesada pop rock. Morou broto?
Veio. Viu. Venceu + essa, às vezes de JCésar. Mas para que tudo acabasse bem, embora não tenha tão bem começado assim, contrapondo máxima de Shakespeare, houve algumas mudanças que concorrem também ao mundinho show biz.
Definido o artista Erasmo Carlos, depois da saída, pela tangente de Roberta Miranda, antes divulgada para junho, também se definiu a janela de atração local, Os Radiofônicos Broto, dentro, sempre, da linguagem que se aproximasse do artista, seria a Banda escolhida.
Mas houve uma exigência, segundo a coordenação de produção local, de que o artista preferia não ter ninguém tocando antes dele. Ora, pois, pois! Diria um velho e incrédulo português. Mas se o Projeto Seis&Meia, custeado com recursos públicos, seria à guisa de interesses do estado, que realiza as edições dos shows e convida os artistas.
Logo, se alguém tivesse que colocar "boneca", que fosse o estado, não o artista, haja vista poder haver sempre diálogos anteriores para esclarecimento da proposição do Projeto. O Seis&Meia, espelhado no exemplo do Projeto Pixinguinha, à medida que convida artista nacional, também e, especialmente, afirma que um/a local abre a noite, como forma de visibilizar, oportunizar, e vender a matéria nossa, o/a artista que dialoga com a atração nacional.
Sempre funcionou assim, ao longo de toda sua existência, então não se consolida ser diferente a caprichos de deuses, mudar a forma que sempre deu certo no Projeto Seis&Meia. Ruídos na comunicação.
Depois desse primeiro momento, a permanência de um show, antes do nacional, teria que ser solo. Os Radiofônicos fazendo um solo, seriam um radinho de pilha, sessentão que fosse, fora da realidade artística da Banda local.
Então, para minimizar diálogos insuspeitos, mudou-se a atração local e entrou a Diva voz nova geração da noite musical teresinense, Soraya Castelo Branco.
Ela, a bela da cidade, com histórico de sambas bossa nossa e incursões por pop música, pop orquestra e canções que se nos fazem ser feliz, deu seu recado em cumprimento do papel de bem cantar e encantar, quando se abre show do Príncipe Tremendão, sua majestade Erasmo Carlos.
Tudo lindo, lindo, lindo! + uma etapa vencida e os ruídos da comunicação, poeira ao vento, desaparecem qual efeméride mergulhada na lagoa de Narciso, ou se quiser + licença poética, e continuar nos mitos, sobram insignificantes "(...) grãos de poeira sob as unhas dos deuses." (relembrando texto de Ades, em "Fúria de Titãs"[Clash of the Titans 2010, o filme). Ficam às memórias dos mundos paralelos show business que nada infligem mudanças no tempo dos olímpicos.
Todo mundo volta feliz pra casa. O público, a imprensa, os fãs, os aficionados, os determinantes e os determinados, a produção local, a nacional, a coordenação da produção local e toda as gentes direta, ou indiretamente, envolvidas no evento que marca a cidade e traz muita felicidade, diga-se de passagem, e soletradamente, quase desenhada, para que todos compreendam e não sobrem ruídos na comunicação.
Voltem todos realizados, ao conforto dos ninhos de gatos siameses sem saber onde fica Sião, aos nichos de cobras que engolem o sapo alheio, por diminuta ascendência a Júlio César imperator, aos escritórios de organização das felicidades de que ninguém abriria mão, nem que o sudeste virasse nordeste.
Que lição tirar da lição de casa, quando o assunto é vender melhor a prata da casa e rebrilhar o ouro que não seja de tolo, para nunca esquecer o Profeta e Pai do rock nacional: os mitos envelhecem e, não se estarreçam, morrem também.
A melhor estratégia é sempre descobrir que há + verdade em ser simples mortal pois, segundo a arqueologia cultural, os deuses do Olimpo foram guerreiros/reis/heróis/sangue dominadores que, n'algum momento da epifania, se auto proclamaram deuses a olhar os pares de cima para baixo, mas no fim com as mesmas, ou + agravadas falhas da natureza humana e mortal.
Simples, mas complicado, é ser simples, ser deus é fácil, mas os pés continuam da velha matéria caulim. Barro corroível e feito poeira às vaidades em combustão, sem consequente renovação como no mito de Fênix.
O Projeto Seis&Meia não é SeisÉMeu, SeisÉMeio, SeisÉDeles. É +, é só Seis&Meia. É uma limpeza, em destemida atenção à memória brasis da canção brasileira de todas as estações. É Brasil, gente! E arte não é latifúndio, é refresco e liberdade humanos.
E, quanto ao Seis&Meia, edição junho, mês dos Namorados, não feriu a memória do Projeto, revalidou + ainda essa inciativa que ganha interesse do Governo do Estado e Secretaria de Estado de Cultura do Piauí, em manter chama acesa, feito o fogo de Prometeu apreendido pela humanidade.
Éramos Seis. Erasmo Carlos&Soraya Castelo Branco, éramos + de quinhentos em embalo do rock'n pop do Príncipe Tremendão e das canções da Bela da noite.
Evoé, Projeto Seis&Meia!
por maneco nascimento
Ele vem de um histórico de tocar em bandas juvenis, no começo de carreira, que reunia, no mesmo círculo de amizade musical, o grande Tim Maia, Roberto, Jorge Ben (só depois acrescentou o Jor), entre outros que marcaram os melhores dias de suas vidas às nossas melhores recepções e memórias inestimáveis.
fotos/imagem: (divulgação)
Amor ao rock, ninguém ficou impune a esse movimento pop mundi que atravessou, também, os mesmos mares, outrora navegados, e aqui aportou para influence jazz, rock, soul, blues, black spiritual, gospel-rock, pop, Jovem Guarda, iêiêiê...+ Bossa Nossa às guitarras selvagens e o matiz diverso da melhor, entre as melhores também, manifestação musical, a velha e doce MPB.
Se forjado um rei da MPB, então logo no calcanhar (falha de Aquiles), ou melhor ao lado, está o Príncipe Tremendão, esse tremendo barato que compôs de tudo e todo um pouco a românticos, ecológicos, rock'n tradição e reinvenção da variação sobre o mesmo tema, deu um Close n'Ela e permanece esse pop art music made in Brazil/Brasil de tantos brasis afora e adentro.
Nesta semana de 12 a 18, o tremendão Erasmo Carlos, em + de 70 bem vividos anos e, muitos deles à canção que avançou sobre os palcos brasileiros, pois à cepa nacional de grande estirpe, está em temporada de shows no Piauí.
fotos/imagem: (ascomSeCult)
12 de junho (Dia dos Namorados) foi brilho no Projeto Seis&Meia Teresina (Theatro 4 de Setembro); dia 13 de junho, marca presença luxuosa no Cine Teatro Oeiras, em Oeiras, ao sul do Piauí.
fotos/imagem: (divulgação)
E, em seguida, dia 14 de junho, é + música no Espaço Cultural Teatro "Maria Bonita", em Floriano, às margens do Velho Monge (o Parnaíba) que banha a Princesinha do Sul. É o Projeto Seis&Meia Interior, em franca expansão da canção brasileira de todas as estações estado adentro.
E, ainda dá as graças rock'n pop musicais, dia 16, no Festival de Inverno de Pedro II (que rola de 15 a 18 de junho), ao norte do estado.
Na cidade de Teresina, 12 de junho, às 18h30, no palco do Theatro 4 de Setembro cumpriu rito e rituais da profissão e repercutiu as memórias da canção e composições que lhe bem cabem. Um bom público, fãs de ontem e de hoje e uma repercussão que não tem faltado a nenhuma agenda do Seis&Meia.
fotos/imagem: (Carlos Anchieta)
Há quem diga que a voz estaria menor. Ninguém tem esse instrumento, natural, de ferro. É mesmo de carne, sangue, membrana, tecido e, envelhece como tudo, inclusive o mundo que, naturalmente, ganha ocaso. Também há os que dizem que foi tudo! Continua o mesmo, com os limites de quem tá pra lá de setenta. Mas um setentão da pesada. Um coroa da pesada pop rock. Morou broto?
Veio. Viu. Venceu + essa, às vezes de JCésar. Mas para que tudo acabasse bem, embora não tenha tão bem começado assim, contrapondo máxima de Shakespeare, houve algumas mudanças que concorrem também ao mundinho show biz.
Definido o artista Erasmo Carlos, depois da saída, pela tangente de Roberta Miranda, antes divulgada para junho, também se definiu a janela de atração local, Os Radiofônicos Broto, dentro, sempre, da linguagem que se aproximasse do artista, seria a Banda escolhida.
Mas houve uma exigência, segundo a coordenação de produção local, de que o artista preferia não ter ninguém tocando antes dele. Ora, pois, pois! Diria um velho e incrédulo português. Mas se o Projeto Seis&Meia, custeado com recursos públicos, seria à guisa de interesses do estado, que realiza as edições dos shows e convida os artistas.
Logo, se alguém tivesse que colocar "boneca", que fosse o estado, não o artista, haja vista poder haver sempre diálogos anteriores para esclarecimento da proposição do Projeto. O Seis&Meia, espelhado no exemplo do Projeto Pixinguinha, à medida que convida artista nacional, também e, especialmente, afirma que um/a local abre a noite, como forma de visibilizar, oportunizar, e vender a matéria nossa, o/a artista que dialoga com a atração nacional.
Sempre funcionou assim, ao longo de toda sua existência, então não se consolida ser diferente a caprichos de deuses, mudar a forma que sempre deu certo no Projeto Seis&Meia. Ruídos na comunicação.
Depois desse primeiro momento, a permanência de um show, antes do nacional, teria que ser solo. Os Radiofônicos fazendo um solo, seriam um radinho de pilha, sessentão que fosse, fora da realidade artística da Banda local.
Então, para minimizar diálogos insuspeitos, mudou-se a atração local e entrou a Diva voz nova geração da noite musical teresinense, Soraya Castelo Branco.
Ela, a bela da cidade, com histórico de sambas bossa nossa e incursões por pop música, pop orquestra e canções que se nos fazem ser feliz, deu seu recado em cumprimento do papel de bem cantar e encantar, quando se abre show do Príncipe Tremendão, sua majestade Erasmo Carlos.
Tudo lindo, lindo, lindo! + uma etapa vencida e os ruídos da comunicação, poeira ao vento, desaparecem qual efeméride mergulhada na lagoa de Narciso, ou se quiser + licença poética, e continuar nos mitos, sobram insignificantes "(...) grãos de poeira sob as unhas dos deuses." (relembrando texto de Ades, em "Fúria de Titãs"[Clash of the Titans 2010, o filme). Ficam às memórias dos mundos paralelos show business que nada infligem mudanças no tempo dos olímpicos.
Todo mundo volta feliz pra casa. O público, a imprensa, os fãs, os aficionados, os determinantes e os determinados, a produção local, a nacional, a coordenação da produção local e toda as gentes direta, ou indiretamente, envolvidas no evento que marca a cidade e traz muita felicidade, diga-se de passagem, e soletradamente, quase desenhada, para que todos compreendam e não sobrem ruídos na comunicação.
Voltem todos realizados, ao conforto dos ninhos de gatos siameses sem saber onde fica Sião, aos nichos de cobras que engolem o sapo alheio, por diminuta ascendência a Júlio César imperator, aos escritórios de organização das felicidades de que ninguém abriria mão, nem que o sudeste virasse nordeste.
Que lição tirar da lição de casa, quando o assunto é vender melhor a prata da casa e rebrilhar o ouro que não seja de tolo, para nunca esquecer o Profeta e Pai do rock nacional: os mitos envelhecem e, não se estarreçam, morrem também.
A melhor estratégia é sempre descobrir que há + verdade em ser simples mortal pois, segundo a arqueologia cultural, os deuses do Olimpo foram guerreiros/reis/heróis/sangue dominadores que, n'algum momento da epifania, se auto proclamaram deuses a olhar os pares de cima para baixo, mas no fim com as mesmas, ou + agravadas falhas da natureza humana e mortal.
Simples, mas complicado, é ser simples, ser deus é fácil, mas os pés continuam da velha matéria caulim. Barro corroível e feito poeira às vaidades em combustão, sem consequente renovação como no mito de Fênix.
E, quanto ao Seis&Meia, edição junho, mês dos Namorados, não feriu a memória do Projeto, revalidou + ainda essa inciativa que ganha interesse do Governo do Estado e Secretaria de Estado de Cultura do Piauí, em manter chama acesa, feito o fogo de Prometeu apreendido pela humanidade.
Éramos Seis. Erasmo Carlos&Soraya Castelo Branco, éramos + de quinhentos em embalo do rock'n pop do Príncipe Tremendão e das canções da Bela da noite.
Evoé, Projeto Seis&Meia!
segunda-feira, 12 de junho de 2017
Parabéns pra Você!
Nossa Senhora do Amparo - 190 anos!
[ - 1827 - 2017 - ]
por maneco nascimento
Neste 13 de junho, comemora-se o Dia de Santo Antônio de Lisboa, santo padroeiro dos noivos e noivas e patrono dos casamentos, tradição da ibéria portuguesa que chegou ao Brasil pelas caravelas que acharam o Brasil.
Também neste 13, se abrem as comemorações dos 190 anos da instalação da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, na Galeria de Arte do Club dos Diários "Nonato Oliveira", com música e Exposição Fotográfica.
E, às 19 horas, Abertura Solene da Exposição Fotográfica às Comemorações dos quase duzentos anos da Instalação da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo.
A freguesia da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, instalada há 190 Anos representa, entre outros movimentos geopolíticos, sinais do início da construção social piauiense.
A posteriori, veio fincar residência à nova capital, às margens dos rios que fizeram a mesopotâmia nordestina onde, definiu-se o começo das instituições ao futuro, àquele século 19, que seria enfim consolidada a capital da Província do Piauí, Teresina, plantada, em definitivo, no ano de 1852.
A instalação da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo data de 1827 e, para este 2017 completam 190 anos de efetivada. Em seu eixo de contemporaneidade a Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, através de uma Comissão de História e Pesquisa, realiza as comemorações dos quase duzentos anos de instalação da Paróquia e a cidade é a convidada de honra nessa hora dos festejos.
A Recepção Musical da Orquestra Jovem Música Para Todos (icsrita/Projeto Música Para Todos), acontece na entrada do Club dos Diários e a Abertura Solene da Exposição Fotográfica "190 Anos Instalação da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo", às 19 horas, ocorre já dentro da Galeria de Artes "Nonato Oliveira".
Na Exposição, Memórias da cidade em flagrantes de paroquianos de Teresina e fiéis da Igreja Matriz e as imagens dos contextos que viram nascer e se definir a Paróquia que enleva o nome da Matriz testemunha do surgimento da cidade verde.
O evento promovido pela Paróquia reúne o Padre José de Pinho e a Comissão de História e Pesquisa. Entre os membros da Comissão o professor e ator de teatro Paulo de Tarso Libório e a professora Cecília Mendes, ambos do quadro de aposentados da UFPI.
Serviço:
13 de junho
Galaria de Arte "Nonato Oliveira"
***às 18 horas
Recepção musical com Orquestra Jovem Música Para Todos
***às 19 horas
Lançamento Exposição Fotográfica 190 Anos Instalação da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo.
Entrada Franca.
fotos/imagem: (disp. móvel)
sábado, 10 de junho de 2017
Bem vestido
de Leitura rara.
por maneco nascimento
fotos/imagem: (cidadeverde.com)
O prato principal do menu, Leitura. O enredo, memórias e histórias que intangem segredos do passado presentificado como Obra de arte e literária à feição de material de muito boa monta. Livro, arte, palavra escrita, memória descrita, tempo de lembrar e, jamais esquecer. "O Terno e o Frango...", de Joca Oeiras.
Uma escrita recheada de sinceros sentimentos e pessoais. Textos concisos, capítulos enxutamente aplicados à boa técnica do escriba da pessoa escritor que se nos dispõe de dividir suas memórias e "baú de ossos". Das delicadezas em aplicação literárias e as (in)delicadezas e (in)confidências reveladas, sem qualquer remorso, ou reserva, pois que nada que possa indevidar o objeto que ganha sabor de muito bom exercício de leitura.
Do pai, [(...) Meu pai, aparentemente o mais sensível de todos, desenvolveu uma relação de absoluto (e um tanto absurdo) respeito pela mulheres. Mas se conto uma série de fatos que desabonam a imagem dele perante a minha própria pessoa, é justamente porque, no atacado, suas atitudes eram, como minha mãe sempre procurava ressaltar, fundamentalmente boas e justas. E eu gostava (e ainda gosto) muito dele e, na realidade, só lamento que ele nunca tenha podido, como faço agora, ajustar contas com o seu 'baú de ossos' (...)] (Oeiras. Joca. O Terno e o Frango... e outras lembranças recorrentes. Oeiras. Fundação Nogueira Tapety, 2017. 260 p.)
Da família de educação sentimental, determinante, e, política, de expressão social do contexto de construção das cidades invisíveis e das visíveis no eixo São Paulo e a história social brasileira que marca governos, manifestação política, sociedade e recorte das melhores lembranças no limiar da história oral, que perpasse por Analle, e repercuta escafandrar a própria história e (re)contar história da construção memorial de Joca.
Da avó Bebeia, [(...) Nos últimos anos de vida, apresentava arteriosclerose. Suas alucinações, no entanto, nada tinham de depressivas. Era muito divertido vê-la surtando. Num balão de oxigênio vestido com um pano azul, viu, certa vez, uma mulher estranha olhando para ela.
- Qu'est-cette femme? Elle me regarde, disse para mim, baixinho, em francês, naturalmente, para que a tal mulher não entendesse (...)] (Idem. pag. 51)
As personagens da vida e da história, do universo em derredor da família de Joca, marcam espaço ao tempo de Getúlio Vargas, o Partido Comunista Brasileiro, Luiz Carlos Prestes et al, e a militância política de esquerda familiar, entre outros dados ímpares, desse enredo recortado por Oeiras.
Da inconfidência de tabu familiar, a história da avó paterna e "adultera", [(...) Já disse em algum outro lugar que só fiquei sabendo por ela de Otávia, minha avó adúltera - Beatriz falava, eufemisticamente, "acusada de adultério" - depois da morte de Papí (1903 - 1964) (...) Logo depois da morte do meu pai, isto é, depois de tomar ciência da história da vovó Otávia, ainda era, talvez, factível, buscar notícias do paradeiro dela... soube que o amante dela era um padre e houve quem dissesse que eles tinham se mudando para a África...] (Idem. pag. 46)
Da educação materna de avó, entre outras pérolas, [ Eu devia ter uns dez anos quando entrei em uma briga com um vizinho. Era maior que ele e bati mais do que apanhei (...) A mãe, vendo o filho lesionado, bateu lá em casa para reclamar de mim para a minha avó. Depois que a mulher foi embora, minha avó me chamou, perguntando:
- Por que você brigou?
- Ele me chamou de veado!
- Não precisava brigar por isso - disse ela - chamasse ele de urso ou de tigre...
Comovente ingenuidade!] (Idem. 52)
Da polícia política da ditadura sessentona, [(...) Num segundo depoimento, foi-lhe perguntado acerca do envolvimento do meu irmão, Antônio Mendes de Almeida Júnior, nas atividades subversivas do PC. Ao negar este fato, meu pai foi surpreendido por uma foto do meu irmão num curso de formação política ministrado pelo conhecido físico Mário Schenberg. Queriam que meu pai levasse meu irmão para depor. Meu pai e minha mãe resolveram que não haveria essa "levada" para o Dops (...) o médico poços-caldense Dr. Geraldo de Paiva, casado com a Ana Maria, irmã caçula de Beatriz, acolheu e, mesmo, escondeu o Paxá em Poços (...)] (Idem. 162)
Sobre escrever o livro, o autor revela [A grande motivação que me fez pôr mãos à obra que você poderá ler nas próximas páginas foi, sem dúvida alguma, a descoberta que fiz da relação homoafetiva vivida por Beatriz, minha mãe, e sua companheira Mariúcha nos últimos 25 anos da vida dela. Então, não consigo ver sentido em manter qualquer suspense em relação a isso. Esse resgate emocional me é muito caro e o amor das duas amigas, cada vez me convenço mais, pode e deve figurar nas mais belas páginas da literatura romântica, exageros de filho e autor, obviamente, incluídos (..,)] (Idem. 20)
"O Terno e o Frango... e outras lembranças recorrentes", de Joca Oeiras, um deleite de leitura eficaz para escrito definidor e imperativo de todo exercício de práxis criativa, com coesão e coerência, à eficiência de recepção, e com uma dose delicada de humor infactível. Leitura recomendável para quem exercita memórias e histórias da construção social brasileira.
Um doce deleite e um raro momento de imergir na pessoa das pessoas de Joca Oeiras e no delicioso devorar do menu - a la brasileira literária - que o autor nos apresenta.
por maneco nascimento
[Na sobrecapa do livro O sol e o peixe, de Virginia Woolf, lemos em boa reflexão que não traz assinatura, escrita, provavelmente, pelo tradutor Tomaz Tadeu: E as nossas memórias? Como se formam? São realidade ou ficção? Retratos ou borrões? Um rosto refletido num espelho cristalino ou cacos coloridos num caleidoscópio? Que tem o lembrado a ver com o visto, ouvido e sentido? Que ruídos e interferências, mutilações e próteses, perdas e deformações desfazem o frágil elo entre o vivido e o lembrado? Não é sempre invenção o que chamamos de lembrança?(...) Lembremo-nos de que, segundo Ferreira Gullar, "a arte existe porque a vida não basta" (...)] ('Joca Oeiras e a Construção da Memória'. Brasília, dezembro de 2016 IN apresentação de "O Terno e o Frango... e outras lembranças recorrentes", pags. 13 a 17, por Edmilson Caminha)
fotos/imagem: (cidadeverde.com)
O prato principal do menu, Leitura. O enredo, memórias e histórias que intangem segredos do passado presentificado como Obra de arte e literária à feição de material de muito boa monta. Livro, arte, palavra escrita, memória descrita, tempo de lembrar e, jamais esquecer. "O Terno e o Frango...", de Joca Oeiras.
Uma escrita recheada de sinceros sentimentos e pessoais. Textos concisos, capítulos enxutamente aplicados à boa técnica do escriba da pessoa escritor que se nos dispõe de dividir suas memórias e "baú de ossos". Das delicadezas em aplicação literárias e as (in)delicadezas e (in)confidências reveladas, sem qualquer remorso, ou reserva, pois que nada que possa indevidar o objeto que ganha sabor de muito bom exercício de leitura.
Do pai, [(...) Meu pai, aparentemente o mais sensível de todos, desenvolveu uma relação de absoluto (e um tanto absurdo) respeito pela mulheres. Mas se conto uma série de fatos que desabonam a imagem dele perante a minha própria pessoa, é justamente porque, no atacado, suas atitudes eram, como minha mãe sempre procurava ressaltar, fundamentalmente boas e justas. E eu gostava (e ainda gosto) muito dele e, na realidade, só lamento que ele nunca tenha podido, como faço agora, ajustar contas com o seu 'baú de ossos' (...)] (Oeiras. Joca. O Terno e o Frango... e outras lembranças recorrentes. Oeiras. Fundação Nogueira Tapety, 2017. 260 p.)
Da família de educação sentimental, determinante, e, política, de expressão social do contexto de construção das cidades invisíveis e das visíveis no eixo São Paulo e a história social brasileira que marca governos, manifestação política, sociedade e recorte das melhores lembranças no limiar da história oral, que perpasse por Analle, e repercuta escafandrar a própria história e (re)contar história da construção memorial de Joca.
Da avó Bebeia, [(...) Nos últimos anos de vida, apresentava arteriosclerose. Suas alucinações, no entanto, nada tinham de depressivas. Era muito divertido vê-la surtando. Num balão de oxigênio vestido com um pano azul, viu, certa vez, uma mulher estranha olhando para ela.
- Qu'est-cette femme? Elle me regarde, disse para mim, baixinho, em francês, naturalmente, para que a tal mulher não entendesse (...)] (Idem. pag. 51)
As personagens da vida e da história, do universo em derredor da família de Joca, marcam espaço ao tempo de Getúlio Vargas, o Partido Comunista Brasileiro, Luiz Carlos Prestes et al, e a militância política de esquerda familiar, entre outros dados ímpares, desse enredo recortado por Oeiras.
Da inconfidência de tabu familiar, a história da avó paterna e "adultera", [(...) Já disse em algum outro lugar que só fiquei sabendo por ela de Otávia, minha avó adúltera - Beatriz falava, eufemisticamente, "acusada de adultério" - depois da morte de Papí (1903 - 1964) (...) Logo depois da morte do meu pai, isto é, depois de tomar ciência da história da vovó Otávia, ainda era, talvez, factível, buscar notícias do paradeiro dela... soube que o amante dela era um padre e houve quem dissesse que eles tinham se mudando para a África...] (Idem. pag. 46)
Da educação materna de avó, entre outras pérolas, [ Eu devia ter uns dez anos quando entrei em uma briga com um vizinho. Era maior que ele e bati mais do que apanhei (...) A mãe, vendo o filho lesionado, bateu lá em casa para reclamar de mim para a minha avó. Depois que a mulher foi embora, minha avó me chamou, perguntando:
- Por que você brigou?
- Ele me chamou de veado!
- Não precisava brigar por isso - disse ela - chamasse ele de urso ou de tigre...
Comovente ingenuidade!] (Idem. 52)
Da polícia política da ditadura sessentona, [(...) Num segundo depoimento, foi-lhe perguntado acerca do envolvimento do meu irmão, Antônio Mendes de Almeida Júnior, nas atividades subversivas do PC. Ao negar este fato, meu pai foi surpreendido por uma foto do meu irmão num curso de formação política ministrado pelo conhecido físico Mário Schenberg. Queriam que meu pai levasse meu irmão para depor. Meu pai e minha mãe resolveram que não haveria essa "levada" para o Dops (...) o médico poços-caldense Dr. Geraldo de Paiva, casado com a Ana Maria, irmã caçula de Beatriz, acolheu e, mesmo, escondeu o Paxá em Poços (...)] (Idem. 162)
Sobre escrever o livro, o autor revela [A grande motivação que me fez pôr mãos à obra que você poderá ler nas próximas páginas foi, sem dúvida alguma, a descoberta que fiz da relação homoafetiva vivida por Beatriz, minha mãe, e sua companheira Mariúcha nos últimos 25 anos da vida dela. Então, não consigo ver sentido em manter qualquer suspense em relação a isso. Esse resgate emocional me é muito caro e o amor das duas amigas, cada vez me convenço mais, pode e deve figurar nas mais belas páginas da literatura romântica, exageros de filho e autor, obviamente, incluídos (..,)] (Idem. 20)
"O Terno e o Frango... e outras lembranças recorrentes", de Joca Oeiras, um deleite de leitura eficaz para escrito definidor e imperativo de todo exercício de práxis criativa, com coesão e coerência, à eficiência de recepção, e com uma dose delicada de humor infactível. Leitura recomendável para quem exercita memórias e histórias da construção social brasileira.
Um doce deleite e um raro momento de imergir na pessoa das pessoas de Joca Oeiras e no delicioso devorar do menu - a la brasileira literária - que o autor nos apresenta.